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Opinião
Segunda - 25 de Janeiro de 2010 às 11:34
Por: Onofre Ribeiro

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No último artigo publicado neste espaço, recordei como os Estados Unidos resolveram a equação econômica com a educacional, quando as mães do país entraram definitivamente no mercado de trabalho depois da segunda guerra mundial. Com escola em tempo integral eles conseguiram educar as crianças, a juventude e dar ao país uma personalidade social. Esse é o fato. No Brasil, durante o “milagre econômico”, na década de 70, as mães também foram para o nascente mercado de trabalho. Invadiram as universidades, saindo da tradicional família patriarcal. Com a extraordinária competência feminina, elas conquistaram o mercado, competiram e desbancaram os homens num monte de atividades. O jornalismo, por exemplo, hoje é uma profissão marcadamente feminina, sem falar em outras como a engenharia, a veterinária, a medicina, a operação de máquinas etc.

A escola pública até então dominante no país, era excelente e piorou, porque a família é quem educava o filho em casa e a escola só o lustrava. A criança chegava à escola trazendo noção de valores e aquela educação básica social, do tipo limpar o nariz, escovar os dentes, limpar os sapatos, arrumar a gola da camisa, não falar palavrão, respeitar as meninas, estas a se portar com delicadeza, e coisas simples assim, mas importantes para a vida individual e social.

Sem isso, a escola não consegue educar. Alfabetiza e solta para os níveis superiores da educação crianças de classe pobre, média e alta, deseducadas para o convívio social. Dito assim, parece que são monstros. Não é isso. São meninos e meninas egoístas, mal-acostumados e sem noção de limites. Os de classe pobre, chegam à escola cheios de aspirações que ela não responde, porque suas perspectivas de vida deveriam vir de casa. Mas a família não tem tempo e nem condições pra fazer isso. Quem faz, então? Idem para a classe média e alta, todos reféns da televisão, da internet, do computador, das redes de relacionamento e, por fim, do grupo de amigos. Esse conjunto cria um estilo de educação do qual a família faz parte mínima. Exceto pela infraestrutura de roupa, comida, etc.

Quando se vê um jovem fazendo do carro uma arma, é porque ele desconhece o carro no seu papel social e de elemento de apoio para a locomoção. Realmente, os jovens estão chegando à adolescência quase completamente desprovidos dos valores mínimos da solidariedade, da generosidade, da responsabilidade pessoal e coletiva e do comprometimento. Isso é uma lástima. O noticiário policial está povoado de jovens com menos de 30 anos cometendo crimes, usando drogas, e agindo com extrema violência. Por quê? Por desconhecimento dos limites sociais. Os de classe média cometem um outro tipo de violência consigo mesmo, com a família e com a sociedade, absolutamente ignorantes do seu papel na coletividade.

Está parecendo que a culpa é dos jovens. Não é. É da família que não consegue educá-los para a vida real fora dos shopping centers e dos computadores. É da escola em horário parcial que não os educa para viver.

A conclusão é lamentável. A falta da educação em tempo integral com programas de cidadania e vida social, além da função de ensinar as técnicas culturais, é o ponto principal. Mas a escola não educará um aluno que chega na escola sem educação básica como respeitar os espaços coletivos. Nas faculdades de medicina, eles desrespeitam os cadáveres, e mais coisas assim que não vêm do berço. Embora o assunto vá continuar, parece-me que está faltando berço à infância e juventude brasileiras.


Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@terra.com.br




Autor

Onofre Ribeiro
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É jornalista em Cuiabá.

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