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Opinião
Quarta - 09 de Abril de 2014 às 09:50
Por: Alfredo da Mota Menezes

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Nos últimos dias intensificou a pressão para que Blairo Maggi aceite ser candidato ao governo. São pesquisas montadas nessa direção, também as falas de políticos e empresários seguem a mesma toada.

O grupo no poder sente que pode, depois de doze anos, perder o controle do estado. Quando se fala em grupo no poder não se refere somente à classe política, entram aí empresários, empreiteiros ou todo o aparato montado para ganhar dinheiro com governos.

Se ganhar um novo grupo, vai alterar essa relação empresarial com o poder. Novos interesses assumiriam esse espaço. Daí o ‘volta Blairo’, é o único do grupo que pode impedir uma suposta vitória da oposição.

A pressão será tanta que o Blairo, mesmo a contragosto, pode aceitar a candidatura. É arriscado esse passo por alguns motivos.

Blairo fez bom governo. Será que num novo cenário superaria o anterior? Não esquecer que, em mais de um século, não se teve um crescimento econômico mundial como aquele entre 2003 e 2008. Em pleno governo Maggi. O quadro mundial atual e no médio prazo vai repetir aquilo?

O estado aumentou sua dívida de cinco bilhões de reais para nove bilhões. O Maggi foi um dos senadores que pediram a presença do Secretário do Tesouro Nacional, Arno Agustin, naquela casa para explicar a facilidade que estavam dando para os estados tomarem empréstimos. Os fatos sugerem que ele estava de olho no caso de MT.

Qual seria a capacidade de endividamento de MT nos próximos anos? Blairo aumentaria a dívida também? Seria mais um governo em que não sobram recursos do orçamento para investir e se toma mais empréstimos? Até quando o estado suportaria isso?

E tem mais essa estória de dividir o Fethab com os municípios ou que este fundo é a garantia junto ao BNDES do empréstimo para o MT-Integrado. Menos dinheiro para investir ainda. Maggi vai ficar no governo sem capacidade de investir apenas pagando salários? Desgastaria sua imagem de empreendedor no plano público e privado?

"O cobertor é curto, o estado tem poucos votos e pouca presença no cenário nacional. É fácil virar as costas para a gente"

Você acredita que Brasília vai ajudar MT num governo Maggi? Agora se promete tudo, depois da eleição é outra estória. O cobertor é curto, o estado tem poucos votos e pouca presença no cenário nacional. É fácil virar as costas para a gente.

A folha de pagamento dos funcionários do estado é quase impagável. Foi no governo Maggi que se criou o monstro devorador do orçamento: o INPC automático para aumento dos salários dos funcionários.

Se essa fera não for enfrentada, não tem dinheiro que dê para pagar salários. Blairo vai acabar com o INPC automático, uma cria dele mesmo? Vai enfrentar uma borrasca com os funcionários?

Na eleição, como é natural, vão atirar nele na questão dos maquinários, precatórios e pagamento para uma empreiteira de uma dívida que vinha desde o governo Bezerra. Isso poderia atingir a imagem da empresa da família dele que está em ascensão, inclusive internacional?



Autor

Alfredo da Mota Menezes

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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