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Opinião
Sexta - 11 de Abril de 2014 às 10:21
Por: Lourembergue Alves

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O partido político é uma associação, e, como tal, tem um fim: a conquista do poder e/ou o usufruir dos benefícios que do poder emanam. Os interesses, portanto, o fazem movimentar-se, além de atrair para si simpatizantes e integrantes, dos quais uma porção é embalada pela melodia e não pelo que esta lhe diz. Isto é justificado.

Pois, nem sempre, o dizer está em consonância com suas práticas cotidianas. Ainda que a ética, transparência e a moralidade pudessem ser bandeiras de criações das agremiações partidárias. Mas, vale perguntar, onde estão as ditas bandeiras se o partido recorre ao STF para impedir que as denúncias contra a Petrobras sejam investigadas?

Tentativa de impedimento por meio de um mandado de segurança, sustentado pela ‘ausência de um fato determinado’. O que impediria a instalação da CPI da Petrobras.

Tal proeza, que escapa qualquer ideia de impessoalidade, chega a ser tragicômica, para evitar outra afirmação, até para não perder o tom da piada petista e governista. Mesmo que esta seja de mau gosto. E nada é de tamanho mau gosto do que a tentativa de esconder o que já se acha escancarado. Quase na mesma proporção dos estragos causados à empresa, cujas consequências vão além da notícia de que a presidente, à época ministra-chefe da Casa Civil, foi ‘enganada’ por um documento incompleto sobre a venda da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA.

O ‘doce’ engano gerou alto prejuízo aos cofres da empresa, assim como igualmente provocou o ‘cano’ que a Venezuela deu com a construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Prejuízos que se somam a outros, talvez menos avultados, mas de iguais importâncias, a exemplo de benefícios distribuídos aos parentes de ministros e a gente que nunca tivera relação comercial alguma com a Petrobrás.

"E esta teia, embora formada por vários agentes e a partir de meia dúzia de pontos, com cada um deles no seu próprio tempo, não perdem o entrelaçamento dos fios no tear, e, consequentemente, na trama"

Estas denúncias relacionam entre si, formando uma única teia. E esta teia, embora formada por vários agentes e a partir de meia dúzia de pontos, com cada um deles no seu próprio tempo, não perdem o entrelaçamento dos fios no tear, e, consequentemente, na trama. Eis, então, o ‘fato determinado’ ou o objeto da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Assim, qualquer tentativa de impedir o seu funcionamento, ainda que seja sob a artimanha de concentrá-la também nas denúncias sobre o metrô de São Paulo, é fazer malabarismo com as palavras. Malabarismo que deixa os fatos para um plano sem relevância, com o fim de seduzir a opinião pública, a exemplo do que tentou fazer recentemente o presidente de honra do PT, ao defender ofensivas para debater as denúncias sobre a Petrobrás ‘com muita força’ (...) ‘Não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo’.

Há, aqui, uma tentativa clara de ‘transformar’ os interesses particulares em interesses de toda a coletividade. O que leva, neste caso, de roldão a transparência e a moralidade e a impessoalidade, enquanto as verdades dos fatos são ‘vendidas’ como mentiras. E isso é péssimo.



Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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