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Opinião
Quarta - 23 de Julho de 2014 às 17:45
Por: Alfredo da Mota Menezes

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É de doer, mas apenas 36% das escolas públicas brasileiras tem sistema de esgoto encanado. E, para piorar, metade desses 36% só tem uma fossa.

A pesquisa está no Censo Escolar de 2013 elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

Nas escolas particulares se tem 83% de sistema de esgoto.

O aluno de escola pública e o pai não reclamam de um melhor serviço sanitário porque, no geral, não os tem em sua rua e muitas vezes em sua casa.

É costume falar mal do ex-presidente Hugo Chaves da Venezuela, mas na área de construção de escola ele merece ser citado como exemplo. Ele exigiu trabalho de qualidade das empreiteiras.

Sua tese, que o Brasil deveria copiar, era que o aluno pobre, que mora em casas precárias, teria que entrar em escolas que os fizessem sentir vontade de ter no futuro o que aquela oferecia em conforto e higiene.

As escolas, de tempo integral, têm gramados, flores, quadras esportivas, sistema sanitário de primeira, água tratada. "É costume falar mal do ex-presidente Hugo Chaves da Venezuela, mas na área de construção de escola ele merece ser citado como exemplo. Ele exigiu trabalho de qualidade das empreiteiras"

O aluno, que convive anos num lugar assim, vai ser critico de governos relapsos com a educação e pedir o que entende que é seu direito. Os seus pais não tiveram essa oportunidade.

O Censo 2013 analisou ainda a existência de internet, bibliotecas e outros itens nas escolas públicas e privadas. Aquelas levam um baile dessas.

Mostra ainda que apenas 19% das escolas públicas tem acesso para deficientes. Nem vou entrar por aí, volto à questão das construções de escolas.

Não sejamos inocentes, a coisa funciona em escolas e tantas construções para o setor público na conhecida malandragem entre empreiteiros e agentes públicos.

A escola, como exemplo, foi licitada por um milhão de reais. Sai 20 ou 30% para os esquemas e o material para construir aquela escola,que deveria ser aquele especificado na licitação, muda para outros de qualidade inferior.

O fiscal de obra, em sua maioria, é parte do esquema. Empresários contam às risadas que muitas vezes o fiscal pede que eles façam o relatório da obra. Ele só assina. Alguém já ouviu alguma vez se algum empresário, dos tantos que fazem obras de má qualidade, foi condenado? Não tiram dele nem a próxima licitação.

Se houver problema, ele muda o nome da empresa, com outro CNPJ. E a lei deixa.

É besteira a alegação de que a empresa que fez a construção tem cinco anos para concertar seu erro. Empreiteiros riem disso, sua defesa está no projeto executivo.

Quem o faz é o poder público, é muito fácil para uma empresa em juízo provar que o projeto era incompetente. A empreiteira se safa sempre.

Por que não passam o projeto executivo de escolas e presídios para as empresas fazerem, como nas obras da Copa e das olimpíadas?

Se der erro a culpa é de quem fez o projeto.Se errar no projeto não pode nem pedir aditivos.



Autor

Alfredo da Mota Menezes

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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