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Opinião
Quinta - 18 de Dezembro de 2014 às 10:59
Por: Naldson Ramos da Costa

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Quem conhece Várzea Grande, more ou esteja visitando pela primeira vez, tem a nítida impressão de que lá não existe governo municipal.

Ruas cheias de buracos, por todos os bairros, sujeira nas calçadas, mato em terrenos baldios, inclusive na região central, falta de coleta de lixo regular, falta de água e esgoto, falta de postos de saúde funcionando, Pronto Socorro caindo aos pedaços. Um verdadeiro caos!

Como cidadão, morador desta cidade há mais de 17 anos, sou testemunho de desmandos e falta de competência desta e de outras administrações municipais.

Parece até que Várzea foi condenada a ser administrada por incompetentes que prometem em tempo de eleições e não conseguem nem tapar os buracos da cidade.

Meus amigos que moram em outras cidades me perguntam, por que você decidiu morar nesta cidade se tem condições de morar em qualquer outro lugar? Fico sem saber o que responder.

Por ser uma cidade industrial e ter um Aeroporto, bem que poderia ser o Cartão Postal de entrada em Mato Grosso e para o nosso Pantanal, mas infelizmente só assusta que chega pelo Aeroporto e penaliza quem escolheu morar e trabalhar nesta cidade de uma população trabalhadora e rica culturalmente. "Saúde e segurança pública têm os piores índices de prestação de serviço. Várzea Grande tem a pior taxa de homicídios no Estado de Mato Grosso"

Se não dilapidassem o patrimônio público, a cada gestão que entra, os recursos seriam mais do que suficiente para manter funcionando os serviços municipais e investir em obras de ampliação.

Moro num bairro considerado de classe média, planejado, mas faz vergonha quem trafega, ou melhor, tenta trafegar, pelas ruas do Costa Verde. Nem a rua por onde passa a única linha de ônibus recebe qualquer melhoria há mais de dois anos. Ou seja, já entramos da segunda estação de chuvas e nada de tampar os buracos.

Em algumas ruas, carro baixo não passa. Mato, terreno baldio é o que mais tem, sem qualquer tipo de fiscalização e notificação. Aliás, se houvesse notificação esta poderia ser uma boa fonte de renda para o município.

Saúde e segurança pública têm os piores índices de prestação de serviço. Várzea Grande tem a pior taxa de homicídios no estado: são mais de 50 homicídios por 100 mil habitantes e o ano ainda nem terminou. Alegarão que segurança é de responsabilidade do Estado. Meia verdade.

O município tem Guarda Municipal que poderia ser utilizada em projetos de prevenção a violência e até em policiamento ostensivo. Segurança pública se faz também com políticas de educação, lazer, esportes, recreação, cultura e iluminação pública, sem contar qualificação profissional e políticas de inclusão social.

Veja o caso de Diadema/SP (final de década de 90) e Canoas/RS que recentemente reduziu os homicídios em mais de 70%.

Mas nada disso funciona a contento e articulado com a área de segurança pública do Estado. É importante salientar que o prefeito e o governador foram (e ainda são), da mesma sigla partidária que estiveram à frente do Estado e do município por um bom período, o que teoricamente facilita aprovação de recursos e cooperação para as diversas áreas de serviços.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública, através do Pronasci, aprova mais de 70% de projetos de prevenção que lá chegam para os municípios do Brasil.

Só não aprova mais, porque muitos projetos são mal elaborados ou sequer são apresentados. Este deve ser o caso de Várzea Grande.

O Ministério Público e a Justiça Eleitoral bem que poderiam se manifestar declarando vacância do cargo de Prefeito, pois lá ninguém conhece ou viu o atual Prefeito fazendo alguma coisa pela cidade.

Nem buraco ele tampa, quem dirá realizar obras em favor da população várzea-grandense, ou trabalhar para reduzir a insegurança.

Eu me recuso a aceitar a máxima de que “cada povo tem o governante que merece”. Os várzea-grandenses não merecem tanta insensatez e descaso com a gestão pública municipal.



Autor

Naldson Ramos da Costa

NALDSON RAMOS DA COSTA é sociólogo, professor na UFMT/MEC, coordenador do Núcleo Interinstitucional de Estudo da Violência e Cidadania – NIEVCi, membro do Fórum Brasileiro e Segurança Pública e coordenador dos Cursos de Altos Estudos em Segurança Pública - Renaesp-MJ

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