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Opinião
Sexta - 19 de Dezembro de 2014 às 09:06
Por: Rodrigo Vargas

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Deixe estar, minha senhora. Sabemos que, se o critério moral fosse aplicado de maneira uniforme entre os integrantes da Casa, seu diminuto currículo público não chegaria perto do que há de pior por lá.

O tal critério técnico também nunca foi barreira intransponível. Ou alguém acredita que todos os atuais conselheiros são capazes de confirmar suas vagas por meio de concurso público? Que conseguiriam provar seu “notório saber” diante de outros candidatos?

Mas é que bateu no teto, sabe como é? Às vezes, a gente até acha que as coisas não mudam. Mas elas mudam. Nem sempre do jeito ou na velocidade que a gente gostaria, mas mudam. E as práticas de antes, que a maioria ignorava, vão se tornando mais e mais perceptíveis, incômodas.

Nas ruas, a indignação estéril e egoísta ainda predomina, Dona Janete, mas vem dando lugar a um crescente e transformador sentimento de grupo.

Um número cada vez maior de brasileiros toma consciência do valor de cada centavo que entrega nas mãos dos gestores públicos.

O custo de cada decisão em suas próprias vidas, para o bem e o mal, gera debates acalorados.

Vem daí, a meu ver, o incontornável repúdio à escolha, por nossos nobres deputados, de seu nome para ocupar o cargo de juíza, em caráter vitalício, das contas de governadores, prefeitos, secretários e órgãos públicos do Estado.

A irritação é, sobretudo, pela forma como a iniciativa se desenrolou: às pressas, sem justificativa razoável e nenhum debate franco com a sociedade.

É que a vaga que pretendem lhe destinar não “pertence” à Assembleia, como seu marido não se cansa de repetir, ao arrepio dos mais básicos valores republicanos.

Não, minha senhora. Ela é de todos os contribuintes de Mato Grosso, que continuarão a manter o caríssimo TCE, enquanto aguardam o dia em que técnicos escolhidos por concurso tomarão o lugar dos políticos que ganham a vida por lá.

Enquanto esse dia não chega, o mínimo que se cobra de nossos representantes é bom-senso. Prerrogativa dos deputados, sim, mas com respeito extremo aos critérios hoje em vigor.

Do contrário, o que chamam de poder discricionário é apenas outro nome para ditadura. É a “Casa de Leis” sob o jugo da Lei do mais forte.



Autor

Rodrigo Vargas
rodrigovargas.cba@gmail.com

RODRIGO VARGAS é jornalista em Cuiabá.

rodrigovargas.cba@gmail.com

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