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Opinião
Sábado - 06 de Junho de 2015 às 23:13
Por: *Wilson Pires de Andrade

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Constituía um sonho para os moradores situados as margens do Rio Cuiabá, que dessem início o quanto antes ao funcionamento de uma balsa, ligando a Capital Cuiabá, Várzea Grande e todos os municípios localizados à direita do rio, o que sem nenhuma dúvida seria fator de maior desenvolvimento para todos.


Dia 04 de junho de 1874, em festa, com a presença de parte da população cuiabana, com bandeirolas, foguetes, girândolas e roqueiras (antigo canhão de ferro, cujos projéteis eram pedras) e sob o acordes do instrumental da Banda de música do Arsenal de Guerra, a primeira “balsa” deu início a travessia, o que permitiu maiores volumes de transportes de mercadorias daquele entreposto comercial para a capital de todos os matogrossenses. E a balsa fez história.

O primeiro balseiro foi o livramentense descendente de bandeirante Luiz Monteiro de Aguiar, que adquiriu um casco de ferro em 1870, e sobre ele mandou construir a primeira balsa. Mais tarde transferiu os direitos adquiridos por Lei ao Estado, que passou a arrendá-la a diversos.

Em 1888, a balsa encontrava-se em mãos de Virgílio Carneiro Leão, com o porto situado na atual Rua Maria Metelo, nas proximidades da casa do senhor Licínio Monteiro da Silva. Com ele, por 18 anos permaneceu a barca pêndula, a fim de que melhorasse seus acessórios: cabos e bóias.

Ao final do século XIX, Joaquim Polido SEABRA adquiriu o arrendamento da balsa, passando mais tarde para a direção do senhor Francisco Cláudio.

Por muito tempo esteve como arrendatário da balsa, Sebastião Teodorico, que ficou até o final do século. Depois dessa administração, a balsa passou para o domínio de Antonio de Arruda Pinto, conhecido como Totó Bichinho, que a colocou sob a

direção de Delfino Monteiro de Aguiar, filho do primeiro proprietário. Já em 1918, achava-se nas mãos do arrendatário Francisco de Arruda Pinto, por cinco anos.

Ponto de encontro

Em 1924, sob administração direta de Benedito Leite de Figueiredo, o Didito, último arrendatário, subvencionado pelo Estado, que a remodelou, mudando o sistema de bóias para o de cabo movido a carretilha.

A moderníssima barca-pêndula veio com bancos para passageiros e havia um lugar aberto destinado às carroças e animais. Era um verdadeiro ponto de encontro entre amigos e conhecidos sob os olhos atentos do senhor Didito. As conversas eram mantidas em clima de camaradagem, respeito e alegria. O fundo da balsa (barca) era feito de tubos enormes. Na hora de aportar, devido ao lugar raso, as zingas (movimento de hélice) empurravam a balsa até o local ideal para o desembarque de passageiros.

Às 06:00 saía à primeira balsa de Várzea Grande a Cuiabá, às 18:00 era a última viagem. Nos sábados quando havia festa em Várzea Grande, os canoeiros se alegravam com a arrecadação extra, após a última viagem da “barca-pêndula”, só havia jeito de recorrer aos eficientes canoeiros.

Imprevisto

Um caso bem raro sucedeu em certa ocasião, quando a barca aproximava-se do porto do lado de Várzea Grande, pendendo de um lado e virando. Mas como o local era raso, não houve conseqüência negativa, a não ser o susto e depois muito riso.

Didito Figueiredo foi o último arrendatário da balsa, pois, quando estava à frente desse negócio, inaugurava-se a ponte Júlio Muller, em 20 de janeiro de 1942.

*Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso.



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