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Opinião
Sexta - 21 de Setembro de 2018 às 08:08
Por: Renato Gomes Nery

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Passei uma vida profissional inteira a montar uma biblioteca profissional no meu escritório de advocacia. O meu acervo chega a 4.000 livros profissionais. Não foi fácil, principalmente, no início, quando de posse de uma máquina manual Remington, com poucos recursos e escassa experiência profissional, tentava abrir caminho no apertado mercado dominado por alguns “medalhões” de advocacia. Enfim, acreditava que umas das melhores ferramentas do advogado eram os livros. Desde acadêmico comecei juntá-los dependurado na paciente caderneta do Marinho dono da famosa Livraria Janina. Velhos tempos, duros e belos dias.

Ressalte-se que sempre gostei de livros. Se tenho alguma paixão, com exceção de minha mulher, são os livros. Fica aqui registrada a minha gratidão ao paciente, acadêmico e educador Octayde Jorge da Silva que me orientou franqueou as portas de sua rica biblioteca composta de variados livros em inúmeras áreas de conhecimento.

Tenho pensado a respeito do meu imenso acervo particular de livros jurídicos. Às vezes, fico olhando e revendo os tantos livros, a maioria juntada com imenso esforço. A Coleção da Revista dos Tribunais reencadernada, a famosa RT, onde tive dois artigos publicados, era para mim uma imensa satisfação, principalmente, quando consegui completá-la, com mais de 1.000 volumes. O primeiro exemplar desta revista é de 1910. A Enciclopédia Saraiva. O Tratado de Direito Privado de Pontes de Miranda. Tratado de Direito Civil de Cunha Gonçalves. Comentários ao Código Penal de Nelson Hungria entre tantos outros ilustres clássicos.

A minha incansável máquina Remington foi encostada. Vieram as máquinas elétricas e, posteriormente, o avassalador computador que engoliu tudo. Enfim, Tempos Modernos. Hoje, a minha biblioteca é praticamente um ornamento a enfeitar um imenso corredor. Livros, consultas, jurisprudência, comentários, pagamento de custas, postulações, ajuizamento e andamentos de ações são digitais. O homem e a máquina, a máquina e homem! O mundo é digital. As coisas ficaram mais rápidas, mais fáceis e as relações humanas mais distantes.

O amigo de cabeceira evaporou, entrou dentro de uma máquina. Vai acabar! Certamente que sim, nos moldes atuais. Nós os mais velhos ficaremos ressentidos. Os mais novos, entretanto, são desse novo tempo e irão se adaptar facilmente, sem qualquer dificuldade.

É preciso acreditar que o novo fica velho. E que tudo tem que renovar. Nestes tempos, de tantas e tão apressadas renovações, é preciso ter a compreensão de que os velhos com as suas coisas e a suas crenças estão passando. E que o mundo é dos mais moços, com a sua energia, a sua força são donos do futuro e da esperança. O livro será sempre o livro, seja de que forma ou formato for. Ele é o conhecimento acumulado e este é o farol da humanidade.

Não se faz cidadãos esclarecidos sem o mínimo de leitura. E daí, a soberba importância dos livros na história do mundo e na formação das pessoas.

Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá-MT. E-mail – rgnery@terra.com.br



Autor

Renato Gomes Nery
rgenery@terra.com.br

É advogado em Cuiabá.

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