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Opinião
Segunda - 15 de Agosto de 2022 às 10:18
Por: TXAI SURUÍ

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O Brasil ainda não reconhece (ou nem mesmo conhece) sua própria história. Continua ensinando para suas crianças que o país foi descoberto quando, na verdade, ele foi invadido. Até hoje nega que esta terra já era habitada, não por uma, mas por várias nações indígenas.

Apesar de figurar como um dos países com maior presença de povos originários, não valoriza a sabedoria desses povos, tampouco sabe o que significa ser indígena. Indígena pode viver na cidade? Pode ter celular? Pode ter cabelo enrolado? Pode ir para universidade? Pode ser artista? Médico? Cantor?

O que a cosmologia indígena nos ensina? O que os sonhos yanomamis têm a nos dizer? E a reza guarani? E o canto suruí? E as histórias passadas milenarmente de geração em geração? Como os povos originários estão conectados com a floresta? Quanto saber estamos deixando de ouvir?

Para podermos responder alguma dessas perguntas precisamos que a realidade dos povos indígenas e suas culturas sejam contadas através de suas próprias narrativas.

Comunicadores e cineastas indígenas vêm ocupando o cinema como forma de resistência e de valorização da cultura.

"O Território", filme premiado em festivais em todo o mundo, coproduzido pelo povo uru-eu-wau-wau, estreia nos cinemas do país em 8 de setembro. Mostra a luta desse povo para defender seu território e a importância da floresta para o futuro do planeta.

De 2 a 11 de dezembro acontece o 1° Festival de Cinema e Cultura Indígena (FeCCI), em Brasília. Idealizado pelo cineasta indígena Takumã Kuikuro, é o primeiro festival de cinema indígena pensado por indígenas. Focado na produção audiovisual de origem indígena, quer contribuir para a difusão de filmes e da cultura dos povos originários.

O FeCCI é composto por uma mostra competitiva e uma mostra paralela, além de sessões online. O festival conta com prêmios oficiais e prêmios de parceiros, contemplando filmes de curta e longa-metragem. Além disso, inclui uma mostra no Território Indígena do Xingu, localizado em Mato Grosso.


Até o dia 28 deste mês, o festival está com inscrições gratuitas para o laboratório de finalização de filmes em curta-metragem. Para quem tiver interesse, basta acessar o site: www.fecci.com.br.

Aos comunicadores, coletivos e associações indígenas, peço que se inscrevam. Vamos ocupar a sétima arte e contar a nossa própria história, agora através do nosso próprio olhar e conhecimento de mundo.

Aos demais, digo que apoiar os povos indígenas também significa apoiar nossa arte, ouvir e amplificar nossas vozes. Assistam e acompanhem nossas produções para um cinema mais diverso e mais rico.

Txai Suruí é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental.



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