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Domingo - 01 de Setembro de 2013 às 12:17
Por: Vinícius Tavares

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Assim como a febre corporal é um sintoma de que algo não está bem em organismos e serve um alerta ao paciente, a greve dos fiscais federais agropecuários reflete perfeitamente o grau de insatisfação dos servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com os rumos da pasta. Alguma coisa não vai bem. 


 
A principal reclamação é a politização do Ministério. Recentemente diversos cargos com perfil técnico passaram a ser substituídos por executivos com passagem por grandes empresas ou com elevado grau de envolvimento com partidos políticos.


 
É o caso do advogado Rodrigo Figueiredo que, segundo o deputado federal Abelardo Lupion (DEM-PR), da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi indicado pelo frigorífico JBS para participar de esquemas que favoreçam estas empresas.



Diante das denúncias, críticas e até dúvidas quanto à sua capacidade para assumir a Secretaria de Defesa Agropecuárias (SDA) do Ministério, Rodrigo Figueiredo adotou o silêncio. A reportagem por diversas vezes tentou contato com o então secretário de assuntos estratégicos de Cuiabá, mas não obteve retorno das ligações.


 
Segundo uma fonte com interlocução direta com a cúpula do Ministério, um dos objetivos de grupos econômicos na indicação destes executivos é fazer com que haja mudanças em regras e até afrouxamento dos procedimentos ligados à inspeção animal.


 
“Eles (grupos econômicos) visam a descentralização da inspeção animal. Hoje ela é centralizada no Ministério. Existem as inspeções estaduais e municipais, mas querem ocupar cargos para dar as cartas, prejudicar os pequenos e frigoríficos e conquistar a hegemonia do mercado”, alertou esta fonte em entrevista ao Olhar Direto/Agro Olhar.


 
Sintomas deste movimento são evidentes. Além de Figueiredo – homem com trânsito político em Brasília e Mato Grosso, estado que é o maior produtor de carne do país –, tomou posse no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) o executivo Flávio Braile Turquino, ex-gerente de exportação da Agrícola Jandelle AS (Big Frango) e com passagens por empresas como a Cargil.


 
O secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Tibério Rocha, indicado pelo ex-ministro e deputado federal licenciado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), é outro que pode perder o cargo. Há três semanas houve troca na Secretaria de Relações Internacionais. Célio Porto, quadro de perfil técnico, foi substituído por Marcelo Junqueira, indicado pelo PMDB mineiro, mesmo grupo do ministro.


 
E o principal responsável por esta indicação, segundo informações de bastidores, foi Ricardo Saud, empresário da área de marketing e funcionário do JBS. Saud foi pivô da saída do ex-ministro da agricultura Wagner Rossi. “Era ele quem arrumava os aviões para o ministro”, revela um interlocutor em relação à viagem que Rossi fez em jato da Ourofino, que tinha como Saud um dos sócios e que resultou na demissão da cúpula, em 2011.


 
Colocar pessoas com expertise em determinado setor é conveniente e até recomendado. O que chama atenção é a forma como é feita e os personagens envolvidos. O veterinário Ênio Marques, substituído por Figueiredo na SDA , foi o grande responsável por retomar as exportações de carne bovina brasileira para diversos países como Rússia e Japão depois do surto de vaca louca que atingiu rebanhos no Paraná.


 
Chama a atenção também a voracidade com que o PMDB busca a arrecadação de recursos utilizando estratégias ilegais. É o caso da denúncia feita na Câmara Federal, na Controladoria Geral da União e na Procuradoria Geral da União contra o ministro da agricultura, Antônio Andrade, que é deputado licenciado pelo PMDB de Minas Gerais.


 
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA), Wilson Roberto de Sá, o ministro pressionou um funcionário do laboratório de Pedro Leopoldo (MG) a entregar ao deputado Newton Cardoso (PMDB-MG) a lista dos fornecedores do órgão. A estratégia, segundo Wilson, é formar caixa dois.


 
Também cabe à SDA de Rodrigo Figueiredo a liberação do uso de defensivos agrícolas e a fiscalização da entrada de produtos de origem animal e vegetal no país. Diante de tamanha responsabilidade e de denúncias ainda não comprovadas, resta torcer por Figueiredo para que ele elimine dúvidas e este respeito e adote a receita adequada para garantir a transparência na gestão garanta o crescimento de todo o setor agropecuário brasileiro, sem privilegiar este ou aquele.





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