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Polícia Brasil
Domingo - 31 de Outubro de 2010 às 05:44

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Pedro Kirilos

Num sobrado em Realengo, na Zona Oeste do Rio, X. mora com a mãe, a madrasta, a avó e a irmã de 9 anos. Com a chegada do EXTRA, X. espia pela janela. Quando é vista, fecha a cortina e volta para o quarto. Segundo a mãe, X. tem medo e vergonha de sair de casa desde que a professora Cristiane Barreiras foi presa, na quarta-feira. No pátio de casa, a mãe exibe uma pasta com documentos da escola, que levaria à Defensoria Pública. Com os papeis, também levava a esperança de voltar a levar uma vida normal. Numa entrevista de uma hora, ela conta, em detalhes, o envolvimento da filha com a professora.


Como está a sua filha?
Está mal. Tem vergonha do que aconteceu. Não quer sair de casa nem ir para a escola. Ela precisa de um tempo para se recuperar. Ainda está muito triste. Evita falar do caso, porque quer esquecer. Mas não consegue. Hoje (sexta-feira), ela acordou dizendo que sonhou a noite inteira com a professora. Às vezes, quando as pessoas me olham, me sinto culpada, porque não consegui ajudar minha filha a sair dessa. Essa mulher tem que pagar pelo que fez. Ela tem idade para ser mãe da minha filha.

A escola a procurou?
Não. Só quem aparece aqui são os colegas, para apoiar. O lugar em que a gente mais confia é a escola, e foi lá que aconteceu.

Quando você começou a perceber algo estranho?
Quando começaram as aulas. Em abril, ela ficou mais reservada. Cochichava no telefone. Quando alguém se aproximava, desligava. Uma vez, atendi e desligaram na minha cara. Ligaram de novo. Era voz de uma mulher, que pediu para falar com minha filha. Comecei a ver que ela escrevia nos cadernos “mamãezinha, eu te amo”. Era como chamava a professora.

E o que você fez?
Comecei a desconfiar. Perguntava o que estava acontecendo. Aí ela disse que gostava da professora e que ela era legal com todas as alunas.

Quando você conheceu a professora?
Uma vez que ela veio em casa e chamou a minha filha. Deixou um livro. Quando olhei, era o Livro do Mestre, com perguntas e respostas. Mandei devolver.

Você percebeu que ela era homossexual?
Ela tinha um jeito. Usava calças e sapatos de homem. Desconfiei. Minha filha disse que não tinha nada a ver. Que a professora era casada. Eu pedia para que ela falasse a verdade, que eu iria apoiar.

Quando você descobriu?
Foi num sábado. X. saiu às 10h para comprar um presente e só voltou às 19h. Nunca tinha feito isso. Disse que estava na casa de uma colega. Eu pressionei e ela confessou que estava com a professora. Bati nela. Na segunda, eu denunciei à direção da escola. Ninguém levou a sério.

O que diziam?
Perguntavam se não era coisa da minha cabeça. Diziam que eu poderia estar imaginando coisas. Se eu não tivesse certeza, jamais iria à escola. Nunca iria expor a minha filha desse jeito se tivesse dúvidas. Quando eu vi que a escola não iria fazer nada, comecei a ficar desesperada, porque eu procurava ajuda e não encontrava.

A professora Cristiane disse que você costuma agredir sua filha.
Foi a única vez. Eu nunca tinha batido na minha filha, porque nunca precisei. Ela sempre foi uma ótima filha. Se fosse verdade que ela queria ajudar a minha filha porque ela sofria agressões, deveria ter ido ao Conselho Tutelar. Não foi o que ela fez. Ela abusou da minha filha.

A professora disse que pediu a sua filha em namoro. É verdade?
Isso é mentira. Se ela fizesse isso, eu batia nela. Elas namoravam escondidas. Fiz três ocorrências de desaparecimento. Numa dessas vezes, vi a professora passando pela rua de carro, com a minha filha ao lado. Aí, ela entrou no supermercado. Saí correndo atrás delas. Quando cheguei no estacionamento, vi as duas saindo de braços dados. Mandei ela soltar a minha filha. Aí, ela disse que queria conversar. Quase perdi a cabeça.

Você acha que ela amava a sua filha?
Não acho, não. Acho que ela se aproveitou. A minha filha é uma garotinha. Ela queria fugir com a minha filha, sem o consentimento da família. Isso por acaso é sentimento?

O que sua filha sente?
Não sei dizer, cara. Ela fala que gosta, mas acredito que ela está confusa, porque é muito nova e foi seduzida.

Quem mora com vocês?
Além da X., eu tenho uma filha de 9 anos. Na minha casa, também moram a minha mãe e a minha companheira. A minha filha sabe que eu sou “entendida” desde os 5 anos e isso nunca foi problema.

E o pai?
Ela não conhece. Ele não quis assumir a paternidade. Aí, eu decidi criá-la sozinha.

Como era a relação da sua filha com a sexualidade?
Até conhecer a professora, ela nunca tinha dado um beijo na boca. Essa mulher seduziu a minha filha.






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