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Repórter News - www.reporternews.com.br
Nacional
Segunda - 02 de Agosto de 2010 às 07:50

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Quase 25 mil pessoas viram, ao mesmo tempo, carícias muito íntimas entre dois adolescentes, transmitidas em tempo real. Os dois se conheceram pela internet, há um mês. No domingo passado, no segundo encontro, fizeram uma aposta ousada e a menina perdeu no jogo de cartas on-line.

“Quem perdesse ia se expor na internet, nesse site’’, conta a menina. Ela tem 14 anos. É estudante e vive na região metropolitana de Porto Alegre. Ele tem 16. Parou de estudar e mora a cinco quilômetros de distância dela.

No site de relacionamento, o usuário liga a câmera e sua imagem aparece ao vivo. Ele avisa pra todos os seus contatos. O site revela o número de pessoas assistindo a cena e comentários enviados por escrito.

“Fiquei apavorada. Porque para mim nunca que ia dar na polícia isso’’, conta a menina. Questionada se não ficou com vergonha, ela hesita. “Na hora eu fiquei um pouco assim, mas... Não sei, eu fiz’’, diz ela.

O site revela o número de pessoas assistindo a cena e comentários enviados por escrito.

“Alguns internautas pediam e eles reproduziam isso verbalmente: "Ah, está pedindo que faça tal coisa. Para tirar a calça, pra tirar isso, pra fazer tal ação"’’, diz Emerson Wednt, da delegacia de Repressão aos Crimes de Internet.

Em Porto Alegre, a reportagem do Fantástico conversou com a mãe do menor envolvido no caso. Ela não quis gravar entrevista, mas contou que estava em casa quando a menina chegou.
Era tarde, e ela resolveu dormir, deixando os dois adolescentes sozinhos, na sala, onde estava o computador.

Foi de lá que no começo da madrugada os dois protagonizaram as cenas que se espalharam rapidamente pela internet. A exibição durou duas horas e os comentários explodiram. A 1h40 da madrugada, o delegado especializado em crimes eletrônicos recebeu uma denúncia, enviada pela internet, por uma mulher, que mora em São Paulo.

“Foi como se eu tivesse testemunhado o delito. Então quando você passa na rua e vê um crime, você chama a polícia. E minha atitude foi essa também’’, conta a tradutora Silvia Marques.

“Me arrepender, eu me arrependi. Porque eu vi o vídeo né? Eu não devia ter feito isso” conta a menina, arrependida.

O menor se explicou para o Brasil inteiro, pela internet. “Eu não forcei ela a nada, ela sabia que estava sendo exposta e eu também sabia”, conclui.

“Teoricamente eu desligo o botão, eu desligo todos os problemas que acontecem. E isso não é verdade. O que você colocou na internet, Você colocou para o mundo’’, explica a psicóloga do Núcleo de Psicologia em Informática da PUC-SP, Luciana Ruffo.

Os menores cometeram um crime, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente: transmitiram pela internet cenas pornográficas envolvendo menores - no caso, eles mesmos. Provavelmente terão de prestar serviços à comunidade. Já quem baixa e armazena o vídeo pode pegar quatro anos de prisão.

“Eu quero esquecer que isso aconteceu e quero que as pessoas esqueçam também. Que achem quem postou os vídeos para apagar. E seguir minha vida” diz a menina.

Cenas provocantes
Há dois anos, a imagem de outra menina foi parar na internet, em cenas provocantes com outros rapazes. “Você passava, eles zoavam. Chamavam pra fazer outro vídeo”, conta ela. Ela saiu da escola e a mãe, até hoje, evita sair de casa.

“É raro eu estar em algum lugar e não haver comentários. Esquecer ninguém esquece”, diz a mãe da menina.

A moda agora é a câmera ao vivo. É possível ver pela internet adolescentes dançando sensualmente para a câmera e até tirando a roupa. E muitos comentários...

“Se você der liberdade, eles pedem mais e mais. Por isso que tem que cortar logo quando eles pedem pra você tirar uma blusa, por exemplo”, explica uma menina. Ela tem 17 anos. Passou as férias na frente da câmera.

“As pessoas vão te desafiando: se você não fizer isso, você não é de nada. As visualizações vão cair. Se você se deixar levar por isso, já era. Muitas se levam”, diz ela.






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