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Economia
Sábado - 24 de Abril de 2010 às 07:20
Por: Renê Dióz

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A paralisação da travessia do rio Xingu mantida por índios no nordeste do Estado está prejudicando setores da economia e, segundo a liderança do movimento, ainda se estenderá por tempo indeterminado. A travessia do rio é a principal ligação do Vale do Araguaia com o Nortão de Mato Grosso e o Pará, mas a balsa está interditada desde quinta-feira por índios liderados pelo cacique Megaron Txcurramãe, em protesto contra a instalação da usina Belo Monte, em Altamira (PA). Como resultado, frigoríficos devem ficam desabastecidos a partir de segunda-feira.

O trecho foi interditado porque os índios da região entendem que a usina Belo Monte vai alagar terras indígenas no Pará e, indiretamente, algumas áreas em Mato Grosso – mesmo que distantes cerca de 300 quilômetros. Outro motivo é o fato de que a construção pode abrir precedentes para outras aqui. Por isso a necessidade de se chamar a atenção do poder público. As lideranças indígenas paraenses e mato-grossenses estão articuladas, segundo o cacique Luiz Xipaya, presidente do Conselho Indigenista de Altamira (PA).

Desde quinta-feira, nenhum veículo entra na balsa, que serve de extensão da rodovia BR-080, a 40 quilômetros de São José do Xingu. A balsa suporta quatro carretas por viagem. Na quinta-feira, já estavam parados caminhões de gado com destino a Colíder. Frigoríficos como Guaporé Carnes, em Colíder, e Frialto, em Matupá, já começam a contabilizar os prejuízos. Na Frialto, a previsão é de que só haverá gado para abate até hoje, operando com 50% da capacidade. Lá, 800 cabeças são abatidas por dia. Na quinta-feira, cinco caminhões do grupo chegaram até o ponto de interdição e tiveram de retornar às fazendas em São José do Xingu. Os prejuízos da empresa devem girar em torno de R$ 400 mil. Já na Guaporé Carnes, o comprometimento pode ser de dois por cento da produção.

E a previsão é de que a paralisação continue mesmo, se depender dos índios em protesto. Até segunda-feira, o número deles deve ser de 100 guerreiros, como anunciou ontem o cacique caiapó Megaron. Porém, até o momento o protesto é pacífico, segundo a Polícia Militar – que recebeu uma carta dos índios solicitando que contivesse o movimento de veículos (principalmente caminhões) com direção à balsa para que não houvesse tumultos. Os índios toleram a passagem somente de casos urgentes, como ambulâncias, e ponderam o prejuízo econômico que o protesto causa.

“Sabe quantos quilômetros vão inundar de florestas e terras indígenas? Sei que tô causando problemas para pessoas que não têm nada a ver com Belo Monte, mas quem obrigou a fazer isso foi Luis Inácio Lula da Silva e Márcio Meira (presidente da Fundação Nacional do Índio). Os culpados são eles, não podem culpar a gente. E alguém de Brasília tem que vir aqui falar com a gente, mas alguém grande, como o Lobão (Edson Lobão, ministro de Minas e Energia)”, declarou Megaron.

(com informações da agência Estado)






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