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Segunda - 30 de Novembro de 2009 às 05:05
Por: Ana Paula Bortoloni

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Transferidos para unidades federais de segurança máxima entre 2007 e 2009, acusados conseguiram retornam para Cuiabá

Dez presos considerados de alta periculosidade que estavam em penitenciárias federais retornaram este ano para Mato Grosso. Oito deles estão na Penitenciária Central do Estado (antigo Pascoal Ramos) e os outros 2, os traficantes Lamarque Silva Peixoto e Sidinon Simão de Lima, estão nas ruas, em liberdade condicional. Ainda continuam nas penitenciárias federais de segurança máxima de Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR) 13 presos e o Sistema Prisional de Mato Grosso informa ter uma lista com pelo menos 15 nomes que podem aumentar o número de criminosos mato-grossenses nestas unidades a partir do próximo ano. No total, o Estado tem 34 vagas disponíveis nas federais, sendo que o principal critério para nova remessa de presos para fora de Mato Grosso é o histórico de comportamento e ameaça de rebeliões dos detentos dentro das penitenciárias locais.

Os retornos a Mato Grosso ocorreram entre os meses de março e outubro. Condenado a mais de 50 anos de prisão por latrocínio (roubo seguido de morte), roubo, furto e outros crimes, Fausto Durgo da Silva Filho, o "Faustão", retornou a Cuiabá em agosto. Ele fez parte da primeira remessa de presos às penitenciárias federais, em janeiro de 2007, e atualmente é mantido no raio 5 da Penitenciária Central, destinado a presos de alta periculosidade.

O superintendente do Sistema Prisional, major Airton Siqueira Júnior, garante que a presença dele na unidade de Cuiabá não oferece risco de rebelião, porque o preso tem apresentado bom comportamento.

Também estão de volta os irmãos Josimar Ribeiro da Silva, Raimundo Nonato Ribeiro da Silva e Antônio Nilson Ribeiro da Silva, o "Coruja". Acusados de integrarem a quadrilha que assaltou a agência do Banco do Brasil em Comodoro (644 km a oeste de Cuiabá) em setembro de 2008, eles foram transferidos para Catanduvas em fevereiro, após a descoberta de um plano de resgate, com uso de explosivos, a um custo de R$ 20 mil.

Os "Irmãos Ribeiros", como são conhecidos, são da cidade de Itupiranga, no Pará. Antônio Nilson é apontado como o líder da quadrilha que assaltou o Banco do Brasil e foi preso em Marabá. Raimundo Nonato foi preso em Eldorado dos Carajás e Josimar em Pontes e Lacerda.

Fazem parte da lista ainda Gélio Nelci da Silva, Raul Fabiano do Espírito Santo, Alessandro Neves da Silva, que respondem a processos por diversos crimes (veja fichas criminais). O décimo da lista é o homicida Miro Arcângelo Gonçalves de Jesus, que havia sido transferido junto com os Ribeiro para Catanduvas. Ele é apontado como comparsa de Sandro Silva Rabelo, o "Sandro Louco".

Entre os presos que continuam fora do Estado está João Arcanjo Ribeiro, cuja condenação foi reduzida a 19 anos e 4 meses de prisão no último mês, após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cancelar a pena de 5 anos por posse ilegal de arma e receptação e revogar a prisão preventiva decretada contra ele. A progressão de regime para o "Comendador" já seria possível se não fosse a existência de outras 3 prisões preventivas em processos que responde por homicídio em Cuiabá e Várzea Grande.

Cancelada a pena por porte ilegal, a defesa de Arcanjo recorreu para cancelar os 2 anos que sobraram por receptação, afirmando que esta pena estaria prescrita, uma vez que o crime teria ocorrido em dezembro de 2002 e a denúncia só foi recebida em 2007, obtendo sucesso. Também estão no estado vizinho os ex-policiais militares Célio Alves de Souza e Hércules de Araújo Agostinho, cuja permanência em Campo Grande foi renovada pela Justiça neste ano. Hércules chegou a ter autorização da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul para retornar a Mato Grosso, mas a Justiça Estadual daqui posicionou-se contrária a transferência, justificando que a Capital não tem segurança para manter um preso como ele.

Também em Campo Grande continua Vantuir Gomes Pereira, que responde a processos em vários municípios por diversos crimes, entre eles homicídio e atentado violento ao pudor. Lá também está Maurício Domingos da Cruz, o "Raposão", condenado a mais de 88 anos por diversos crimes, entre eles homicídio, formação de quadrilha e roubos qualificados.

Em Catanduvas continua Sandro Silva Rabelo, o "Sandro Louco", que cumpre pena de 156 anos. Conforme o Sistema Prisional, há registros de vários procedimentos administrativos abertos contra ele na unidade por apresentar conduta indisciplinada na prisão. Na mesma unidade estão Márcio Lemos de Lima, o "Marcinho PCC", Edmilton Pereira da Silva, Damião Siqueira de Almeida, Reginaldo Miranda, os irmãos José Rodrigues Jacinto e Elias Rodrigues Jacinto e Fábio Aparecido Marques do Nascimento, que antes de ir para Catanduvas foi transferido para Sinop, como forma de desarticular sua liderança dentro do Pascoal Ramos.

Conforme o major Airton Siqueira, o tempo de permanência nas unidades federais é de 360 dias, período que pode ser renovado pelo mesmo prazo por quantas vezes for necessário, caso fique constatado que o preso oferece algum tipo de risco à segurança nas unidades do Estado de origem ou há chances de provocar rebeliões. Na avaliação dele, o que garante a "serenidade" nas prisões de Mato Grosso é a rigidez e os critérios de transferência.

"O preso sabe que se ele for identificado como mentor de uma rebelião, por exemplo, será transferido, por isso se comporta", avalia o superintendente do Sistema Prisional.





Fonte: A Gazeta

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