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Economia
Sexta - 31 de Julho de 2009 às 12:08
Por: Thaís Brianezi

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O sebo bovino representa “a quase totalidade” de gordura animal utilizada na produção de biodiesel no Brasil, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Nova Marilândia (MT), uma pequena cidade do sudoeste do Mato Grosso, pode ajudar a mudar esse dado: lá funciona a BioPar Parecis, usina inaugurada em 2007 que passou a produzir biodiesel em escala comercial no último trimestre de 2008, utilizando principalmente óleo de soja como matéria-prima.

A grande aposta da Biopar, porém, é na avicultura: a usina tem contrato de exclusividade para utilizar o sebo dos frangos abatidos no frigorífico da Perdigão recém-construído no município, que deve ser inaugurado ainda neste semestre, com capacidade para abater 140 mil aves por dia.

De acordo como prefeito de Nova Marilândia (MT), Juvenal Alexandre da Silva, a produção atual do município é da ordem de um milhão de frangos por mês, todos eles abatidos no frigorífico da Perdigão em Nova Mutum. “Se o frigorífico daqui começasse a operar hoje, isso daria para pouco mais que 7 dias de funcionamento”, reconheceu o prefeito.

Em 2007, Nova Marilândia abrigava 1,44 milhões de galos, frangas, frangos e pintos, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município era o quarto maior produtor de aves do Estado, atrás apenas de Campo Verde, Tangará da Serra e Nova Mutum, em ordem decrescente. O rebanho aviário do Mato Grosso, porém, ocupava a oitava posição no ranking nacional, liderado pelo Paraná e seguido de São Paulo, Santa Catarina , Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Pernambuco.

Para atender ao novo frigorífico da Perdigão, portanto, Nova Marilândia (MT) precisará ampliar e reestruturar sua avicultura. Dos 110 aviários existentes, 87 não atendem às regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento(Mapa) e/ou às normas da União Européia (mercado prioritário da região).

O aviário construído por Delvido Pereira da Silva, por exemplo, tem 12 metros de largura por 72 metros de comprimento, extensão que crescerá para 125 metros, aumentando a capacidade de 12 mil para 20 mil aves abrigadas. Esse verdadeiro galpão de engorda de frangos fica na beira de uma estrada, o que é proibido pela Instrução Normativa 56, editada pelo Mapa em 2007, que estabelece uma distância mínima de 500 metros entre “o estabelecimento de ave comercial de corte” e “a estrada vicinal, rodovia estadual ou federal”.

A exigência está ligada a preocupações sanitárias: a proximidade entre um aviário e locais com grande tráfego de pessoas ou veículos, segundo a legislação, “pode interferir na saúde e bem-estar das aves e na qualidade do produto” – o que, em última instância, é um risco para a saúde e bem-estar da pessoa que consumirá aquele produto.

O impulso à avicultura da região demanda investimentos de aproximadamente R$ 86,5 milhões. Segundo o secretário extraordinário de Projetos Estratégicos do Mato Grosso, José Aparecido da Silva, mais conhecido como Cidinho, essa verba virá do Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO), administrado pelo Banco do Brasil. “Dos 87 aviários a serem reformados, 27 mudarão de lugar e custarão R$ 200 mil cada. Os 60 restantes terão custo médio de R$ 100 mil. E serão construídos 250 novos aviários em Nova Marilândia, Santo Afonso, Arenápolis e Nortelândia, ao custo de R$ 300 mil cada um”.

Oportunidades e riscos do crescimento

Apesar da expectativa de grandes financiamentos via Banco do Brasil, Nova Marilândia não tem sequer uma agência bancária. A rodoviária mais próxima fica em Arenápolis, cujo núcleo urbano está a cerca de 20 quilômetros de distância. O prefeito Juvenal garantiu, porém, que o Banco do Brasil abrirá ainda este ano uma unidade em Nova Marilândia e que até 2010 o município terá sua própria rodoviária. A julgar pela pavimentação em curso na rodovia estadual MT-160, à beira da qual foi construído o frigorífico da Perdigão, e da extensão da rede de distribuição de energia elétrica em alta potência (o “linhão”), ambas em curso, a agência bancária e a rodoviária não parecem sonhos distantes.

O novo frigorífico da Perdigão deve gerar três mil empregos diretos e indiretos, em um município de 2.315 habitantes (dados do IBGE referentes a 2007). Lucinele Amorim, de 19 anos, espera ser uma das beneficiadas: mesmo sem a empresa ter iniciado o processo de contratações, ela foi até o local do empreendimento entregar seu currículo.

Com ensino médio completo e cursos de auxiliar de escritório e Espanhol, a jovem atualmente trabalha em um lava-jato de Arenápolis e ganha R$ 500 por mês, mas não tem registro trabalhista. “Agora estão vindo essas indústrias para cá e a gente vem atrás. O emprego que aparecer está bom, desde que seja carteira assinada”, justificou Lucinele.

A prefeitura local calcula que a população atual seja de cerca de 6 mil pessoas. Os novos moradores ainda não entraram na conta do IBGE e, portanto, não se traduziram em aumento no repasse de verbas do governo federal para gastos com educação e saúde. “Houve uma explosão demográfica de um ano e meio para cá. Desde quando surgiram rumores da construção do frigorífico, o preço dos aluguéis já começou a inflacionar”, revelou o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Rogério Aparecido Raimundo.





Fonte: Repórter Brasil

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