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Cidades/Geral
Terça - 31 de Março de 2009 às 07:57

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O Ministério Público Federal em Mato Grosso vai apurar irregularidades no atendimento de saúde prestado aos índios da etnia xavante, que vivem na terra indígena Parabubure, localizada próxima ao município de Campinápolis (distante 658 km de Cuiabá).

Informações enviadas para o Ministério Público Federal por meio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) dão conta que pelo menos 17 índios morreram este ano por falhas no atendimento médico prestado aos índios.

Responsável pelo acompanhamento de questões envolvendo povos indígenas, o procurador da República Mário Lúcio de Avelar já solicitou informações para o coordenador da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em Mato Grosso, Marco Antônio Stangherlin, no dia 25 de março, concedendo um prazo de dez dias para receber a resposta.

A maioria das vítimas eram crianças

De acordo com o Cimi, das 17 vítimas, 14 eram crianças. Os missionários do Cimi afirmaram que as mortes ocorreram em função de falhas no atendimento à saúde dos indígenas. A falta de transporte para o trabalho de prevenção e deslocamento dos doentes é uma das graves deficiências na assistência à saúde na região.

A maior parte das crianças apresentava sintomas típicos de desidratação, pneumonia e desnutrição, de acordo com a equipe do Cimi. Uma das crianças que estava desnutrida e com pneumonia faleceu, pois não havia veículo para levá-la até uma unidade de tratamento.

Os Xavante da terra Parabubure são atendidos pelo pólo de Campinápolis, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O Pólo atende uma população de 5.453 Indígenas Xavantes de 96 aldeias (segundo dados do Censo de 2006). Em três das microáreas do Pólo, as equipes de saúde estão incompletas e faltam materiais e medicamentos básicos, como dipirona e soro oral. Além disso, há somente um carro para o trabalho do Pólo. No entanto, na época das chuvas, o veículo quebra com freqüência.

Na avaliação dos missionários que trabalham com os xavante, se os enfermeiros e médicos pudessem se deslocar para tratar das pessoas nas aldeias, eles poderiam evitar que a situação de vários doentes se agravasse.

Outro problema apontado é o estado da Casa de Assistência do Índio (CASAI), onde os doentes e seus acompanhantes se alojam quando recebem tratamento na cidade de Campinápolis. “Não há colchões suficientes e os poucos que existem estão em péssimas condições de uso; os sanitários são extremamente precários e com mau cheiro; as instalações elétricas e os banheiros estão danificados; o telhado está furado, não oferecendo proteção real quando chove.”, afirmou em nota a equipe do Cimi.

José Henrique, coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante, ao qual o Pólo é ligado, informou que não há previsão para se fazer um reforma geral na Casai, pois não há verba para manter os indígenas e seus acompanhantes na cidade no período necessário para a reforma. Afirmou que há planos de se construir uma nova Casai, mas ainda sem data. O diretor assumiu o DSEI em dezembro de 2008 e não falou sobre os óbitos, pois não tinha informações sobre os dados apresentados.

O Conselheiro do Cimi em Mato Grosso, Gilberto Vieira dos Santos, preferiu não dar entrevista sobre o assunto, mas ele tem conhecimento da situação. O Cimi também está preocupado com a falta de infraestrura em outras aldeias indígenas de Mato Grosso. Só a nação xavante tem mais de 15 mil índios em aldeias espalhadas por várias regiões do estado, de acordo com o senso de 2006. Em reuniões do Cimi os missionários têm afirmado desde o ano passado que a situação é precária em várias aldeias.

De acordo com informações ainda não oficiais, outras duas crianças indígenas teriam morrido após a conclusão do relatório, elevando para 19 o número de vítimas. A situação em outras aldeias também podem ser apuradas pelo Cimi nos próximos meses.

Até o fim de abril deve ser divulgado o relatório nacional sobre violência contra os povos indígenas no país.





Fonte: Redação TVCA

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