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Internacional
Quinta - 21 de Agosto de 2008 às 08:55

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Ao menos 45 pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas nesta quinta-feira em dois atentados suicidas cometidos quase simultaneamente nos arredores da capital paquistanesa, Islamabad, segundo o último balanço da polícia local.

Os ataques desta quinta marcam um aumento da violência desde que o ditador Pervez Musharraf renunciou à Presidência para evitar processo de impeachment. O ex-líder era aliado dos Estados Unidos --que combatem as forças terroristas na fronteira com o Afeganistão.

O ataque ocorreu nas portas de acesso de uma grande fábrica de armas militar da zona de Wah Cantt, na localidade de Taxila, segundo informaram fontes policiais e hospitalares citadas pela Dawn.

"Ao que parece, dois homens acionaram a carga explosiva que levavam consigo em frente à fábrica no momento em que havia uma mudança de turnos dos funcionários", afirmou o chefe da Polícia, Nasir Durrani.

Os suicidas detonaram a carga explosiva que levavam por volta das 14h40 (5h40 de Brasília) em uma área situada a cerca de 30 quilômetros de Islamabad, onde o Exército tem um grande número de instalações.

Grande parte do pessoal da fábrica, onde trabalham milhares de pessoas, estava saindo do local quando houve as explosões.

As forças de segurança isolaram a área, e os serviços de resgate já começaram a transferir os feridos para hospitais próximos.

Histórico

Paquistão está sofrendo com uma onda de atentados suicidas, com ataques em várias cidades, como Peshawar, Dera Ismail Khan e Lahore, que registraram mais de 50 vítimas fatais nos últimos dez dias.

Os talebans paquistaneses advertiram que os ataques continuarão enquanto persistir a operação que o Exército lançou contra os insurgentes na demarcação tribal de Bajaur, na fronteira com o Afeganistão, onde, em duas semanas, morreram mais de 600 pessoas em combates.

Nesta terça-feira, um dia após a saída de Musharraf, um ataque a bomba na sala de emergências de um hospital no noroeste do Paquistão deixou ao menos 23 mortos e 20 feridos.

O atentado realizado por um homem-bomba ocorreu em um hospital da cidade de Dera Ismail Khan, próxima às zonas tribais onde o Exército combate os islamitas radicais aliados à rede terrorista Al Qaeda e aos talebans afegãos, e onde a violência é freqüente há mais de um ano.

Também nesta terça, confrontos entre rebeldes e as forças de segurança deixaram ao menos 25 mortos. Os confrontos ocorreram na demarcação tribal de Bajaur, na conflituosa região noroeste do Paquistão, onde o Exército lançou uma operação há quase duas semanas.

Além disso, as forças de segurança iniciaram nesta quarta-feira outra ofensiva no distrito de Kurram para conter os confrontos tribais, que duram semanas e que deixaram várias centenas de mortos.

Crise política

Os paquistaneses pedem que a frágil coalizão do governo resolva rapidamente quem ocupará o poder e se dedique a combater a violência no país.

A coalizão do governo --que uniu rivais tradicionais sob o objetivo comum de tirar Musharraf do poder-- ainda não chegou a um consenso sobre o futuro do Paquistão. Os dois maiores partidos não conseguiram superar diferenças e nem ao menos definir se os juízes demitidos por Musharraf devem ser readmitidos.

O partido do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, deposto por Musharraf em golpe militar, ameaçou deixar a coalizão a menos que os juízes sejam readmitidos e o Partido Popular Paquistanês (PPP) parece estar se unindo com partidos menores para manter o controle do Parlamento caso isso aconteça.

"O futuro desta coalizão está ligado a restauração dos juízes", disse o porta-voz de Sharif Sadiqul Farooq. "Se os juízes não voltarem, nós preferiremos sentar nos bancos da oposição", continuou.

Sharif quer a volta dos juízes porque eles podem ajudá-lo a buscar um julgamento de traição para Musharraf, que levaria a pena de morte.

O PPP disse nesta quinta-feira que está comprometido em devolver os cargos aos juízes, mas também tem outras prioridades, incluindo melhorar a vida dos paquistaneses que lutam contra a falta de alimentos e combustíveis.

"Nós esperamos que a coalizão não quebre", disse Farzana Raja, porta-voz do PPP;

A coalizão precisa entrar em acordo sobre um candidato para a Presidência. O novo líder precisa ser eleito pelos legisladores até meados de setembro.

Com Efe, France Presse, Associated Press





Fonte: Folha Online

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