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Segunda - 03 de Março de 2008 às 16:04

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Âncora do "Brasil Urgente" (Band), José Luiz Datena é hoje o principal nome do chamado jornalismo policialesco e foi convidado por Silvio Santos para comandar o "Aqui Agora". Famoso por gritar no ar contra políticos e policiais, ele confessa estar cansado do formato e relaciona a isso um tumor que teve. Leia trechos da entrevista à Folha.

"A Folha um dia botou em letras garrafais 'O Mundo cão de Datena'. Fiquei chateado porque não sou ladrão, minha mulher não é traficante nem meus filhos são bandidos. Parecia que vivia num mundo cão. O mundo cão é o que todos vivemos, um Brasil de desigualdades.

Não sou responsável por esse tipo de programa nem pela violência. Sou só um apresentador de um programa policial que às vezes tem menos notícia policial do que o 'Jornal Nacional'. E continuo não agüentando esse tipo de programa.

As pessoas é que não são tão sinceras. A Record disse que ia fazer programação de qualidade, alardeou para o Brasil que ia acabar com o 'Cidade Alerta'. Voltou com um que parece o 'Cidade Alerta' e contratou um cara que me imita descaradamente. O Silvio Santos está voltando com o 'Aqui Agora'.

Mas, na minha opinião, é por isso que a Globo vai continuar líder de audiência. Porque é de uma burrice que não tem tamanho. Esses programas vão dividir o ibope e vai sobrar para a Globo.

Esse tipo de programa só despertou o interesse das outras emissoras porque conquista o segundo lugar no Ibope. Hoje faço mais crítica aos políticos do que a policial, que já me torrou a paciência. Se pudesse, mudaria o programa, faria um jornalismo comum e evitaria reportagem de policial. Mas a linha editorial não é minha, só sou um apresentador.

Não posso chegar para o dono do canal e dizer que não quero mais fazer, tenho contrato com bastante multa para pagar. Quando o Silvio Santos me chamou na casa dele em novembro para fazer o 'Aqui Agora', disse que para fazer a mesma coisa que faço na Band, fico aqui. Não me interessa a grana, queria mudança. Meu programa [de viagens] 'Coração do Brasil' é meu sonho de consumo.

Antes desses programas [policiais], fazia coisas legais na TV. Eu me sinto desconfortável e aprisionado, porque o programa dá ibope, e os caras não me tiram.

Há um ano, tive um tumor no pâncreas, cortei metade do pâncreas, tirei o baço e não morri por milagre. Não sei nem se tenho condições físicas de agüentar o programa. Quem é que me diz que o desgaste com esse programa não me levou a ter esse problema gravíssimo? E não é só por dar a notícia violenta, mas o desgaste de ter que lutar por ibope. A responsabilidade de se manter no topo é um saco sem tamanho."





Fonte: Folha de S.Paulo

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