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Nacional
Quarta - 01 de Agosto de 2007 às 14:01
Por: Lúcio Lambranho/Eduardo Militã

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Somente a análise de gráficos sobrepostos dos 60 itens apurados pela caixa preta do avião da TAM poderá definir as principais causas do acidente no aeroporto de Congonhas que matou quase 200 pessoas. Os dados poderão informar todos os procedimentos dos pilotos da aeronave nos últimos minutos antes do impacto e terminar duas hipóteses mais relevantes após a divulgação dos diálogos da cabine do Airbus A320: falhas dos pilotos ou dos equipamentos.

Como a comissão de investigação da Aeronáutica deverá se concentrar nesses dois pontos, também não descarta a hipótese de apurar se os pilotos tiveram o treinamento adequado para conseguir reagir em uma situação de emergência como a que pode ter acontecido, de acordo com as informações do procedimento de pouso.

Os spoilers (um freio aerodinâmico situado abaixo das asas), segundo os diálogos entre os pilotos, não funcionaram. Mas, segundo fontes da Aeronáutica, o acionamento também poderia ter sido feito manualmente assim como a frenagem por meio de pedais disponíveis ao comandante da aeronave. O grande problema, segundo a mesma fonte, é que o tempo de resposta dos pilotos depende exatamente do condicionamento de cada um deles para reagir, considerando-se que o intervalo entre o toque do avião no solo até a batida final é de aproximadamente três segundos. A hipótese de falha mecânica poderá ser determinante se os procedimentos de pouso tomados pelos pilotos não surtiram efeitos adequado e impossibilitaram qualquer tipo de tomada de decisão que impedisse o acidente.

Responsabilidade

O deputado Miguel Martini (PHS-MG), que é controlador de vôo, afirmou que, pelos dados que tiveram acesso até agora, é necessário responsabilizar a TAM e a Airbus, fabricante do avião, pela tragédia. Segundo ele, os reversos são "fundamentais" na hora de se pousar um avião.

Ontem, o piloto da TAM José Eduardo Batalha Brosco disse que a empresa nunca comunicou a ele sobre determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), feita em abril de 2006, pela qual os reversos devem ser utilizados em Congonhas sempre que houver chuva na pista. E assegurou ser comum pousar sem o uso do equipamento auxiliar de frenagem.

Para Martini, essa é outra prova de que a Anac também deve ser responsabilizada. "Por que eles deixaram a aeronave voar sem os reversos?", questionou. O deputado entende que a agência se omitiu ao não punir a TAM.

A deputada Luciana Genro (Psol-RS) lembrou que a CPI tem "a obrigação" de encontrar e punir os causadores da tragédia.

Vazamento

O vazamento de informações da caixa-preta irritou os parlamentares. O presidente em exercício da CPI, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o informante será punido. Os deputados protocoloram um pedido de convocação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, para tentarem descobrir o autor do vazamento.

Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que o chefe do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul Filho, terá de explicar a liberação das informações antes de a CPI tomar conhecimento delas. O militar assegurou que o vazamento não partiu da Câmara.

Nos EUA, onde a caixa preta foi analisada pela National Transportation Safety Board (NTSB), dois deputados da CPI acompanharam os trabalhos militares da FAB, além de representantes da TAM e da Airbus. Questionado se isso não significava que a Aeronáutica não poderia ser responsabilizada, de imediato, pelo vazamento, Fruet respondeu: "Isso ele vai ter de explicar.





Fonte: Folha Online

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