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Cidades/Geral
Domingo - 29 de Julho de 2007 às 14:37
Por: João Vieira

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O saber governar sempre foi questão cara, necessária a qualquer povo. Começa que as famílias têm de governar bem a si próprias para que a sociedade não se desencaminhe. E da família pulamos para o clã, o grupo, a classe, comunidade e, por fim, a sociedade mais extensa que toma formas ou arranjos de conveniência e/ou forcejo, como nação, país impérios e mais não sei. O certo é que saber governar foi e segue sendo o magno desafio social.

No que concerne a nação brasileira, os tropeços governamentais do período têm se constituído em fonte de incertezas e desconfiança (velada ou explícita) que não descartam a possibilidade de colapso lógico geral, onde o apagão aéreo, com seus dolorosos desenlaces, se fazem vazamento-dreno de um corpo comprometido ou sem “tônus” vital interno para se suster. E aqui falamos, sim, do “corpo político-administrativo” oficial pátrio. Não cabe dizer mais, “inventado a roda”: tome-se ao acaso qualquer peça crítica da lavra de gente articulada e para ilustração, selecionei a crônica intitulada “Enfim a classe média acorda” de Onofre Ribeiro, www.rdmonline.com.br, 26/07, como segue:

“No Brasil quatro áreas da sociedade são capazes de levantar questões relevantes: o Congresso Nacional, as universidades, a classe média e a mídia. O Congresso Nacional dispensa comentários. As universidades vivem o arrependimento petista, e escondem da sociedade a sua incapacidade de produzir idéias. A classe média ficou achatada pela política econômica e fiscal dos últimos 13 anos e se silenciou. A mídia retrata a mediocridade que os três produzem. Em conseqüência o país vive um apagão de idéias, de ideais e de propósitos. Velhos princípios para velhas teorias.

Nas duas últimas eleições presidenciais, a classe média brasileira se manteve anestesiada e deixou correr solto. Ela é quem sempre deu o tom à política do país. Espremida entre os pobres e os ricos, ela esperneia para não descer e trabalha para subir. Essa poderosa dinâmica criou a massa de manobra crítica do país e deu bases ao desenvolvimento da economia de mercado brasileira. Anestesiada, particularmente, desde o primeiro governo Lula, quando foi rotulada como culpada pela pobreza das classes menos favorecidas, vitimou-se na comparação. Afinal, a classe média é quem sempre comprou os carros, os apartamentos, as casas, fez crescer os supermercados, os shoppings centers e deu vida à publicidade e ao marketing brasileiros. O poder de compra foi ideologicamente transformado em concorrência com os pobres, na visão tosca do governo neo-esquerdista.

Na eleição presidencial de 2006 a classe média foi puramente espectadora distante e alienada. Mas os sucessivos apagões morais no governo, as bobagens cometidas em série pelo Congresso Nacional começaram a despertar o único segmento da sociedade brasileira com capacidade de fazer valer a sua indignação, já que os ricos se arranjam na cúpula do poder que dominam, e os pobres desconhecem a sua força política e se deixam manipular.

O acidente da Gol, no ano passado atingiu a classe média, quem mais voa no país. O apagão aéreo que se sucedeu, levantou lentamente uma indignação morna e sem vontade. Contudo, o acidente da TAM há uma semana, mexeu com a classe média. Ela consegue fazer barulho e ser ouvida. É o que está fazendo, protestando, vaiando, gritando, chorando.

A vaia ao presidente Lula na abertura dos jogos do PAN deixou bem claro quem estava vaiando: a classe média contra um presidente populista e desvocacionado para governar. O acidente com o avião da TAM abriu a caixa preta da incompetência governamental e desnudou o presidente que não governa e faz discursos como se governasse.

Daqui para a frente – a seguir o perfil da história brasileira – começará o desmonte do governo e o fim do céu de brigadeiro de Lula. FHC perdeu o governo com o apagão elétrico e praticamente saiu da história ao fim do seu governo. Lula entrou no seu próprio apagão e tem contra si a indignação da classe média que estava ausente da vida política brasileira. Ela tem o poder de discernir, de provocar e a capacidade de se fazer ouvir. Os sinais de esvaziamento do populismo estão no ar e tendem a crescer levando junto essa onda de apagões produzidos pela incompetência e pelo desprezo da lógica” – conclui.

João Vieira, sociólogo, escreve semanalmente neste espaço. E-mail: joaovieira01@pop.com.br





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