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Internacional
Sexta - 29 de Junho de 2007 às 23:25

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A polícia britânica empreende uma busca "desesperada" por terroristas inspirados pela rede Al Qaeda em Londres após a descoberta de dois carros-bomba no centro da cidade nesta sexta-feira, informou o jornal "The Guardian". Segundo o jornal, a inteligência britânica não esperava um ataque neste momento e os carros-bomba, preparados em "estilo iraquiano", só não foram detonados por "sorte".

Nesta tarde, autoridades confirmaram que os dois carros-bomba são parte de uma mesma trama terrorista. Os veículos, encontrados estacionados no centro de Londres nesta madrugada, estavam carregados com cerca de 60 litros de combustível, vários cilindros de gás propano, pregos e mecanismos de detonação --similares aos carros-bomba utilizados em ataques terroristas da rede Al Qaeda no Iraque.

O "Guardian" afirma que as autoridades estão se preparando para novas tentativas de atentados no Reino Unido. Todos os funcionários do MI5 (inteligência britânica) de primeiro escalão foram convocados e a segurança foi reforçada em "alvos-chave".

Patrulhas policiais também foram aumentadas em Londres, e a cidade revisa as estratégias de segurança para eventos em Wimbledon e em uma Parada Gay marcados para este final de semana.

Nesta noite, a busca pelos responsáveis pelos carros-bomba atuavam em várias frentes. Especialistas criminais examinaram o primeiro carro, um Mercedes azul, para procurar pistas sobre a procedência do combustível e dos cilindros de gás. Imagens captadas por câmeras de vigilância nas ruas de Londres estavam sendo assistidas em uma tentativa de identificar o trajeto dos carros.

Alvo: boates

O comitê de emergências britânico Cobra se reuniu e o novo premiê britânico, Gordon Brown, está em contato próximo com as investigações, de acordo com o "Guardian". A tentativa de ataque de hoje foi o primeiro desafio do novo premiê, que assumiu o cargo na última quarta-feira (27), e de sua ministra do Interior, Jacqui Smith.

As cenas de segurança e isolamento observados em Londres nesta sexta-feira lembraram os eventos de 7 de julho de 2005, quando terroristas detonaram bombas no sistema de transporte público da cidade. Os atentados de 2005, que completarão dois anos em alguns dias, mataram 52 pessoas.

O primeiro carro-bomba encontrado hoje, um Mercedes verde, estava estacionado na rua Haymarket, perto de Piccadilly Circus, em frente à boate Tiger Tiger. Funcionários de uma ambulância alertaram a polícia após perceberem fumaça saindo do carro. Oficiais receberam o chamado antes das 2h (22h de quinta-feira em Brasília) e encontraram os componentes de explosivos.

Poucas horas depois, outro carro, desta vez um Mercedes azul, foi considerado suspeito e levado para averiguações em um estacionamento perto do Hyde Park. Ele estava estacionado em local proibido na rua Cockspur, que passa entre a rua Haymarket e a Trafalgar Square.

Segundo o "Guardian", os explosivos nos carros poderiam ser detonados à distância.

"Não havia nenhuma pista em nosso sistema de inteligência de que haveria uma ataque como este", disse hoje o coordenador britânico de contraterrorismo, Peter Clarke. "Obviamente, se eles tivessem sido detonados, haveria perdas significativas de vidas. A ameaça de terrorismo é real. Temos que ficar alertas enquanto seguimos com nossas vidas", acrescentou.

A tentativa de atentado de hoje é similar a dois planos anteriores da Al Qaeda que foram frustrados pela polícia e pelos serviços de segurança britânicos.

O tipo de alvo --uma casa noturna-- também é similar aos alvos escolhidos por cinco homens detidos em abril por um plano terrorista orientado pela Al Qaeda. Já a tática de encher carros com cilindros de gás é semelhante ao plano por Dhiren Barot, cidadão que foi condenado em novembro último por planejar atentados.

Autoridades afirmam que a tentativa de hoje ou foi o trabalho da Al Qaeda ou de terroristas inspirados pela ideologia da rede.

Aviso?

Enquanto o Reino Unido afirma não ter suspeitos, a rede de TV americana CBS informou hoje ter encontrado na internet uma mensagem postada nesta quinta-feira que alertava para explosões em Londres.

Segundo a CBS, a mensagem apareceu no "Al Hesbah", um dos fóruns on line mais usados por extremistas islâmicos --incluindo a rede terrorista Al Qaeda e o grupo radical afegão Taleban. "Eu digo: regozijem-se, por Alá, pois Londres será bombardeada", diz o texto.

A mensagem, de cerca de 300 palavras, foi deixada cerca de 17 horas antes que o primeiro carro-bomba foi encontrado pela polícia em Londres. O autor do texto assina como Osama al Hazeen e aparece regularmente no fórum, informou a TV.

A CBS afirma que não pôde confirmar independentemente uma ligação entre a mensagem e os carros-bomba encontrados hoje. A Polícia Metropolitana (Scotland Yard) de Londres não comentou se já tinha conhecimento da mensagem

A mensagem traz também críticas ao título de cavaleiro que a rainha britânica Elizabeth 2ª concedeu ao escritor Salman Rushdie, que já foi condenado à morte no Irã por supostas ofensas aos muçulmanos. Segurança A segurança na região do Parlamento foi reforçada após a descoberta do carro-bomba.

A presença policial também foi intensificada. "Estamos destacando mais homens para áreas estratégicas no centro de Londres e em toda a capital", diz um comunicado policial.

"Isso é para dar uma garantia visível, não é uma resposta a uma ameaça específica".

O Ministro da Defesa, Des Browne, disse à rede BBC que o incidente parece ser "muito sério".

"Minha primeira reação foi pensar que, graças a Deus, temos policiais e especialistas em explosivos que desativaram este artefato sem que ninguém se ferisse", afirmou.

Inteligência

No ano passado, o MI5 [inteligência britânica] disse acreditar que radicais islâmicos estivessem planejando ao menos 30 ações terroristas de grande porte, e que ao menos 1.600 suspeitos estavam sendo perseguidos.

Atualmente, no entanto, a polícia diz que não havia informações disponíveis a respeito.

O atual nível de ameaça terrorista contra o Reino Unido, estabelecido pelo MI5, é "severo" --o que significa que há risco de ataques. O nível fica abaixo do "crítico", o mais alto alerta.

Novo premiê

O episódio ocorreu horas depois que o premiê britânico, Gordon Brown, nomeou um novo gabinete para suceder o governo de Tony Blair, que deixou o poder na quarta-feira (27).

"A primeira tarefa de um governo é garantir a segurança à população, e, assim como a polícia e os serviços de segurança já afirmaram várias vezes anteriormente, nós enfrentamos uma séria e contínua ameaça contra a segurança de nosso país", disse Brown à imprensa.

"Este incidente nos lembra que temos que ficar vigilantes, e a população deve ficar alerta".

A segurança na região do Parlamento foi reforçada após a descoberta do carro-bomba.




Fonte: Folha Online

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