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Internacional
Sábado - 26 de Maio de 2007 às 07:06

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Os eleitores sírios vão às urnas amanhã para confirmar num plebiscito um novo mandato de sete anos para Bashar al-Assad, num momento de grande pressão internacional sobre o país.

O regime está sendo pressionado externamente por seu apoio ao grupo xiita Hisbolá, no Líbano, ao Hamas, nos territórios palestinos, e por supostamente permitir a passagem de combatentes ao Iraque. Assim, procura garantir o apoio do povo para continuar com sua estratégia política.

O país está coberto de cartazes, sobretudo em praças e edifícios estatais. As fachadas, postes de luz e marquises de ônibus apresentam o chefe de estado em inúmeras poses.

Os lemas misturam o amor à pátria e os vínculos entre o povo e seu líder. Em alguns casos os cartazes se limitam a um "Sim, sim, sim", o resultado esperado.

No anterior plebiscito para seu primeiro mandato, Bashar obteve 97,27% de aprovação.

Vários analistas e intelectuais sírios afirmam que Bashar quer deixar claro que a Síria não é outro Iraque, e que o povo permanecerá com seu presidente contra qualquer adversidade.

Inclusive a possível imposição ao Líbano de um tribunal internacional para julgar os assassinos do ex-presidente Rafik Hariri. O Conselho de Segurança da ONU deve discutir o caso em breve.

Num primeiro relatório realizado pela ONU sobre a morte do ex-presidente libanês, conhecido como "Relatório Mehlis", apareceram na lista de possíveis envolvidos o irmão de Bashar, Maher, e seu cunhado, Asef Shawkat, que comandam a inteligência militar e a Guarda Republicana, respectivamente. Numa segunda versão, seus nomes foram retirados do texto.

Bashar, após o plebiscito, terá que continuar a sua luta para "guiar o navio, que está no meio de enormes ondas, até uma praia segura", como disse há dois dias o ministro da Informação, Mohsen Bilal.

Quando seu pai e antecessor morreu, em 10 de junho de 2000, deixou tudo preparado para que seu filho mais novo ocupasse a cadeira presidencial. Imediatamente depois da morte de Hafez al-Assad, Bashar foi eleito secretário-geral do governante e onipresente partido Baath, chefe do Estado-Maior do Exército e, além disso, a constituição foi emendada para reduzir a idade mínima exigida ao presidente do país, 34 anos.

Quando chegou à Presidência alguns viram nele uma imagem progressista e democrata. Concedeu aos sírios uma certa liberdade para discutir reformas econômicas e democráticas, no período chamado de "Primavera de Damasco".

No entanto, em setembro de 2001 veio o retrocesso. Começou então uma repressão contra quem tinha se destacado naquele período.

Desde então e até hoje importantes ativistas e defensores da sociedade civil e dos direitos humanos, assim como políticos de oposição, têm sido presos por "debilitar o sentimento nacional" ou "difamar o Estado".

Sem desprezar completamente a "velha-guarda", como o atual vice-presidente e ex-ministro de Relações Exteriores Farouk al-Chara, Bashar procurou se cercar de auxiliares mais fiéis.

Em política econômica, ele tentou introduzir tímidas reformas liberalizantes, para atrair o investimento e aumentar o comércio, além de se aproximar um pouco mais da União Européia.

No entanto, o objetivo não foi atingido. A economia sofreu, além disso, as conseqüências de seu cada vez maior isolamento internacional.

A retirada das tropas sírias do Líbano em 2005, após 29 anos de presença no país vizinho, representou a perda de importantes receitas. Além disso, o país sofreu com o bloqueio econômico americano e o corte do fornecimento de petróleo por parte do regime iraquiano de Saddam Hussein.

Bashar, porém, não parece disposto a renunciar às posições que levaram ao seu isolamento.




Fonte: EFE

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