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Economia
Domingo - 28 de Janeiro de 2007 às 18:59

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O trânsito de carretas transportando gigantescas pás de cata-ventos na entrada principal de Sorocaba, a 92 km de São Paulo, indica que o mercado mundial de energia eólica está de vento em popa. Duas empresas líderes nesse segmento instaladas na cidade têm a maior produção de equipamentos para geração eólica da América Latina e exportam para o mundo todo.

A Wobben Windpower produz e monta usinas completas - das pás às turbinas de geração, exportando 50% da produção. Já a Tecsis, conhecida pela liderança no setor de ventiladores industriais, especializou-se na fabricação das pás.

Embora a Wobben tenha capital alemão, são duas empresas brasileiras, com forte atuação no mercado internacional. No caso da Tecsis, quase 100% das pás fabricadas em Sorocaba vão para os Estados Unidos, a Europa e países da Ásia.

Esse mercado praticamente dobrou nos últimos dois anos em razão da procura por energias limpas e de baixo impacto ambiental, como a produzida pelo vento.

No Brasil, a produção de energia eólica saiu do zero para os atuais 236 megawatts (MW) em 8 anos. É menos que a metade da potência da usina nuclear de Angra I, de 675 MW, mas não há comparação em termos de risco ambiental.

"O começo foi difícil, mas nos últimos dois anos, depois do Proinfa, o setor deslanchou", conta Eduardo Lopes, gerente de vendas da Wobben, referindo-se ao programa de incentivo às fontes alternativas de energia do governo federal. Cerca de 200 megawatts foram instalados de janeiro de 2005 para cá. A produção equivale a apenas 0,3% de toda matriz energética brasileira, mas é uma energia de valor estratégico.

"Não tem emissão de CO2, como nas termoelétricas, nem o impacto das hidrelétricas, muito menos os riscos das usinas nucleares", diz o executivo. Para gerar os mesmos megawatts, uma hidrelétrica ocuparia 20 vezes mais espaço. Novas tecnologias ajudaram a reduzir em oito vezes o custo de produção, mas ainda é elevado, se comparado ao da hidrelétrica.

"Tem de ser considerada a questão estratégica, pois as eólicas podem ser instaladas até em áreas ambientais", lembra o executivo.

O Proinfa fez com que a Wobben, subsidiária da alemã Enercon, voltasse seu foco para o mercado interno. A primeira usina brasileira foi montada em 1998, no litoral do Ceará, para a Coelce, companhia energética do Estado. Os dez cata-ventos, pequenos se comparados aos atuais, continuam girando.

Condições "Apesar de pequena, com apenas 5 MW, essa usina é testemunha da qualidade de nossa tecnologia", disse Lopes. A Wobben já espalhou pelo litoral brasileiro 219 aerogeradores com suas hélices de três pás. Outros 4 foram instalados em Santa Cruz, na Argentina. São 12 usinas operando no Brasil e uma na Argentina. A capacidade instalada permite a produção de 650 mil MW por ano, equivalente ao consumo de 2 milhões de pessoas. "São 400 mil toneladas de CO2 a menos na atmosfera a cada ano", calcula Lopes.

O litoral brasileiro reúne as melhores condições de ventos para manter a produção de energia. As pás são acionadas com ventos a partir de 20 km/h, mas operam com maior eficiência quando o fluxo é constante. Essas condições estão presentes no Nordeste, onde a empresa construiu, em 2002, sua segunda fábrica, no Complexo Portuário do Pecém, no Ceará.

No final de 2006, a Wobben concluiu a maior usina eólica da América Latina, com 75 aerogeradores E-70 e capacidade para 150 MW, em Osório (RS). As torres, com 98 metros, são de concreto, material mais econômico que o aço usado nas primeiras usinas. As pás têm 35,5 metros e, na vertical, o conjunto chega a 131 metros de altura.

Na linha de montagem da Wobben, os funcionários apelidaram as estruturas de "tubarões", por causa do formato. São feitas de fibra de vidro e resina epóxi. As usinas têm comando eletrônico e as pás se ajustam automaticamente à direção do vento. Quando há temporal, entram em posição neutra para evitar danos ao conjunto.

A Tecsis fabrica pás ainda maiores, com até 50 metros. A empresa tornou-se a principal fornecedora desse equipamento para a americana General Eletric. A Tecsis não divulga números, mas, de acordo com a prefeitura, é a maior exportadora de Sorocaba, com volume superior a US$ 50 milhões por ano. O número inclui produtos do segmento de ventilação industrial. Na cidade, possui 8 unidades e emprega 3 mil pessoas. O Brasil tem potencial imediato para produzir 14 mil megawatts de energia eólica, equivalente à capacidade da Hidrelétrica de Itaipu.





Fonte: AE

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