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Cidades/Geral
Quarta - 20 de Março de 2013 às 15:48
Por: Ivair Vieira Jr.

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Cor de suco da Ades chamou atenção de vítima (Foto: Airton Sinto/Arquivo Pessoal)Cor de suco da Ades chamou a atenção da vítima
(Foto: Airton Sinto/Arquivo Pessoal)

Uma moradora de Guarujá, no litoral de São Paulo, passou mal depois de ingerir uma bebida à base de soja que comprou em um supermercado da cidade. A vítima alega que bebeu o suco de maçã Ades durante um encontro entre colegas de trabalho. Assim que engoliu o produto, a mulher, que prefere não se identificar, começou a passar mal, com uma sensação de queimação interna.

Segundo a consumidora, antes de ser levada para o hospital, ela ligou para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da fabricante Unilever para informar o que aconteceu, mas a atendente respondeu que era um caso pontual e que a empresa não iria retirar o suco do mercado. Um exame preliminar, feito em uma empresa particular, apontou que são muito grandes as chances de contaminação por soda cáustica.

Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (18), suspendeu a fabricação, a distribuição, a venda e o consumo de lotes dos produtos com soja da marca Ades, de diferentes sabores, versões e tamanhos. A medida atinge apenas uma das 11 linhas de produção de Ades da fábrica de Pouso Alegre (MG).

O incidente ocorreu durante um café da manhã entre companheiros de empresa, no dia 6 de março. A vítima afirma que levou para o encontro uma embalagem de 1,5 litro da bebida Ades Maçã, que seria dividida entre os amigos. Assim que colocou o suco no copo, ela percebeu a cor diferente do usual, muito transparente. Ainda assim provou, o que de imediato provocou ardência na boca e internamente.

A mulher foi levada pelos colegas para o Hospital Santo Amaro, em Guarujá, onde foi medicada e liberada. Ela conta que chegou a voltar para o serviço, mas continuava não se sentindo bem e foi liberada mais cedo. Ao chegar em casa, o irmão e a mãe a levaram para um hospital em Santos, onde teve novo atendimento. A vítima garante só voltou a comer e beber normalmente quatro dias depois do incidente.

Antes de ser atendida no Hospital Santo Amaro, a jovem afirma que ligou para o SAC da empresa para pedir a retirada do produto das prateleiras. A resposta da atendente foi que isso não iria acontecer por ter sido um caso pontual. No dia seguinte, ela conta ter recebido uma ligação da área de saúde da fabricante. Uma enfermeira teria dado a orientação de beber muita água para limpar as mucosas internas.

Lote da bebida foi recolhido por fabricante (Foto: Airton Sinto/Arquivo Pessoal)Lote da bebida foi recolhido por fabricante
(Foto: Airton Sinto/Arquivo Pessoal)

Segundo Airton Sinto, advogado contratado pela consumidora para assumir o caso, foi esse descaso que mais motivou a vítima a processar a fabricante. "Ela não se conforma com a resposta que teve. Minha cliente queria evitar que outras pessoas ingerissem a bebida, inclusive crianças, correndo o risco de morte. Se a Unilever tivesse tomado uma atitude logo depois do primeiro contato, ela nem teria entrado com a ação", explica o advogado.

Airton Sinto diz ainda que um exame preliminar, feito pela equipe que monitora a qualidade da água na empresa da própria vítima, revelou que o pH (Potencial Hidrogeniônico), ou índice de acidez do produto é 13, o que indica 99% de chances de contaminação por soda cáustica. "Isso é muito grave. A Unilever só mandou recolher o lote afetado uma semana depois do ocorrido, isso porque eu acionei a Vigilância Sanitária de Guarujá, que por sua vez notificou o supermercado onde o produto foi comprado. Em uma semana muita gente poderia ter morrido, se não morreu. É lamentável", afirma.

O advogado entrou com a ação de indenização por dano moral na 2ª Vara Cível de Guarujá. Sinto aguarda ainda o laudo do Instituto Adolfo Lutz para confirmar a contaminação ou não da bebida por soda cáustica.

Outro lado
A Unilever garantiu que a falha já foi solucionada e que os produtos presentes nos pontos de venda estão sendo recolhidos. A empresa pede aos consumidores deste lote que liguem para o SAC no telefone 0800 707 0044. Apesar do problema com alguns consumidores, a empresa garante não existir nenhum caso grave. Já o Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde explica que dois consumidores procuraram ajuda, um de Guarujá e outro de Ribeirão Preto, e teriam apresentado reações após ingerir o suco.

O caso
A Unilever informou no dia 14 de março que detectou um problema de qualidade em um lote do suco de maçã Ades de 1,5 litro e que 96 unidades do produto estão inapropriadas para o consumo. Segundo a empresa, o lote com as iniciais AGB 25, fabricado em 25 de fevereiro, com validade até 22 de dezembro, está sendo recolhido.

"Nestas unidades, foi identificada uma alteração no seu conteúdo decorrente de uma falha no processo de higienização, que resultou no envase de embalagens com solução de limpeza da máquina. O consumo do produto nessas condições pode causar queimadura", informou a empresa.

Segundo a fabricante a falha identificada "já foi solucionada, os produtos existentes na empresa foram retidos e os ainda presentes nos pontos de venda já estão sendo recolhidos". Os produtos do lote com problema foram distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. A empresa pede que os consumidores verifiquem o produto já adquirido e, caso se trate do lote mencionado, não o consumam.






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