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Nacional
Domingo - 17 de Dezembro de 2006 às 09:35

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Em sua primeira entrevista a um jornal e também a primeira à imprensa brasileira, os pilotos americanos Joe Lepore e Jan Paladino, do Legacy que se chocou em 29 de setembro com o Boeing da Gol, causando a maior tragédia da aviação brasileira, disseram que o rádio do jato "funcionava bem, perfeitamente bem", apesar de quase 30 tentativas malsucedidas entre eles e o Cindacta-1, o centro de controle de Brasília.

Também disseram que não é possível garantir que o transponder estava inoperante, como fazem as autoridades brasileiras. Relataram, ainda, que os controladores não demonstravam "nenhuma urgência" quando conseguiram contato com o Legacy e que voaram sempre na altitude de 37 mil pés para Manaus, apesar de ser "contramão" naquela via aérea, porque seguiram a orientação da torre de controle de São José dos Campos. Segundo eles, só o controle de tráfego aéreo poderia mudar essa orientação mais adiante. E não mudou.

Há ou não um buraco negro nos céus do Brasil? Para Lepore, "ele não deveria estar lá". E para Paladino: "É um problema do sistema, mas não está indicado em lugar nenhum. Penso que o governo brasileiro deve saber dele. Algumas pessoas [do governo] dizem que não há, mas todo mundo sabe e diz que há".

O advogado americano Robert Torricella, que participou ativamente da entrevista, concedida na última sexta-feira, num hotel de Nova York, fez constantes sinais para seus clientes, especialmente quando poderiam criticar o Brasil, as autoridades ou o sistema de vôo brasileiros. E respondeu a várias perguntas dedicadas a seus clientes, chamando o plano de vôo original de "piece of paper"(pedaço de papel).

Torricella justificou a preocupação com o fato de Lepore e Paladino terem sido indiciados no inquérito da Polícia Federal. Qualquer coisa que digam além do limite poderá ser usado contra eles. Exigiu, inclusive, que as duas fitas resultantes da conversa lhe fossem entregues assim que transcritas em português no mesmo dia. Assumiu o compromisso de destrui-las, sem nenhum uso nas investigações.

Lepore, 42, nascido na Itália, filho de italianos, mudou-se para os EUA aos sete anos, é casado e tem dois filhos. Paladino, 34, filho de pai argentino e de mãe espanhola, também é casado, mas sem filhos. Ambos são cidadãos norte-americanos. Estavam de terno escuro e gravata, apesar de se tratar de uma entrevista e de um local informal. Só foram permitidos alguns poucos minutos de fotos, antes e depois da conversa, não durante.

Eles contaram que não viram nem tiveram a mínima idéia de que o Boeing vinha na direção contrária e que só umas duas horas depois de pousar, sãos e salvos, na base militar da serra do Cachimbo, é que ficaram sabendo que um Boeing havia "sumido". Leia, a seguir, os principais pontos da entrevista.





Fonte: 24HorasNews

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