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Politica Brasil
Quinta - 30 de Novembro de 2006 às 14:20

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O presidente Lula quer “risco zero” na eleição para a presidência da Câmara. É isso o que dirá ao líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), em conversa após seu retorno da África. O presidente tem manifestado preferência pela permanência de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), mas a candidatura de Chinaglia pode ganhar corpo se conseguir fechar acordo com a bancada do PMDB, majoritária na Câmara.

Por trás da candidatura de Chinaglia há dois movimentos. O primeiro, desencadeado pelo PT e o PMDB da Bahia - Geddel Vieira Lima (BA), que apoiou a candidatura ao governo do ex-ministro Jaques Wagner, e Eunício Oliveira (CE). Ambos desistiriam da disputa para serem nomeados ministros. O ministério para o PMDB da Câmara (o do Senado tem dois) seria oferecido à bancada de mineira. Mas essa é uma solução que divide a bancada da Câmara. Os deputados, por exemplo, criticam a passagem de Eunício pelo Ministério das Comunicações.

O segundo movimento é do ex-ministro José Dirceu, que tem defendido que o PT tenha candidato próprio. Dirceu, segundo petistas, estaria em confronto com Lula pelo controle do partido. O ex-ministro é que estaria estimulando Chinaglia a se posicionar na disputa. A exemplo do que ocorre no PMDB, a solução também tem opositores no PT. Caso Chinaglia lance seu nome, terá de disputar a indicação da bancada com os deputados José Eduardo Cardozo (SP) e Walter Pinheiro (BA), mas deve obter a maioria.

O envolvimento do ex-ministro é uma explicação reducionista. Na realidade, no início da semana, dirigentes do PT conversaram com Lula e disseram que pretendem disputar a presidência da Câmara - a bancada teria bons nomes e rejeita não poder ocupar o cargo. Lula, então, disse que Aldo estava indo muito bem no comando da Câmara. “Por que mudar? Não vamos arrumar problema onde não tem”. O temor do governo é que se repita o que ocorreu em 2003, quando o governo entrou dividido e perdeu a eleição para Severino Cavalcanti.

Antes da conversa que terá com Chinaglia, Lula conversou com o próprio Aldo Rebelo. Não disse que iria apoiá-lo, mas ressaltou que ele estava fazendo um bom trabalho na Câmara, dialogava com as pessoas e soube distribuir poder com a oposição. O sinal se inverteu depois de um encontro de Lula com Chinaglia e o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), no Palácio do Planalto. Lula teria dito a Chinaglia que os dois precisavam ter uma conversa sobre a presidência da Câmara. Fontana brincou, dizendo que toda vez que se tratava desse assunto o líder do governo, que sofreu um acidente de carro, parava de mancar. Lula teria então emendado: “E se eu der um empurrãozinho?”. O curioso é que no domingo, no encontro do PT, Lula fez críticas públicas ao líder do governo, dizendo que ele não falava com ninguém na Câmara.

Antes de viajar para a Nigéria, o presidente encarregou o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de tocar as conversas com os partidos sobre a eleição na Câmara. Nos contatos feitos pelo ministro, o sinal voltou à direção original. Pior, o esquema desenhado pelo ministro é ruim para o PT: o presidente seria Aldo e o 1° vice-presidente do PL, Inocêncio Oliveira (PE). O primeiro-vice da Câmara é quem, em geral, preside as sessões do Congresso, e Lula confia no deputado pernambucano. Atualmente, o 1° vice é o deputado José Thomaz Nonô (AL), que faz oposição ao governo.

Até ser aberta a possibilidade de uma aliança com o PMDB, a candidatura de Chinaglia contava basicamente, além do PT, com os apoios do PTB, PL e do PP, os partidos do “mensalão”. Um de seus principais articuladores é o deputado José Janene (PR), líder do PP na Câmara, cujo processo de cassação deve ser votado no próximo dia 6 de dezembro.

A disputa pelo comando das duas Casas é que deve levar o presidente a nomear aos poucos o novo ministério. A expectativa transmitida por ministros de Lula é que, até o fim de dezembro, ele só indique três ou quatro ministros. Outro lote poderia sair em janeiro e os restantes após as eleições na Câmara e no Senado.

Lula tem urgência em encontrar um nome para a Justiça. O ministro Sepúlveda Pertence (STF) não é carta fora do baralho. Se a crise na aviação se avançar pelo Natal, o presidente pode também mudar o ministro da Defesa, Waldir Pires, incompatibilizado com os militares. O presidente também deve indicar, na primeira leva, os substitutos de Gilberto Gil (Cultura) e de Álvaro Ribeiro da Costa (Advocacia-Geral da União), que já anunciaram a intenção de sair.





Fonte: G1

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