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Internacional
Quinta - 19 de Outubro de 2006 às 16:00

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O famoso escritor britânico Graham Greene é o inusitado protagonista de um romance policial, "Nuestro GG en La Habana", que o cubano Pedro Juan Gutiérrez acaba de lançar em seu país, sem deixar de lado o realismo sujo que marca a sua obra. Ouvido pela AFP se sua incursão no gênero policial significa o abandono do realismo sujo, Gutiérrez sorri e responde: "É impossível, quando ler este romance perceberá que não posso abandoná-lo".

Aos 56 anos, alto, forte e com a cabeça raspada, Gutiérrez é um jornalista que abandonou a profissão para se dedicar à literatura, à qual levou dois bons recursos do antigo ofício: poder de síntese e domínio da crônica.

De seu apartamento, uma espécie de posto de observação no último andar de um antigo prédio de Centro Habana, Gutiérrez se dedicou a retratar cruamente a marginalidade circundante, em meio à crise econômica que castigou Cuba nos anos 90.

"Trilogia suja de Havana" e "O Rei de Havana" foram publicadas na Espanha e em outros países, mas ignoradas até agora pelas editoras cubanas, todas estatais, as quais depois se dediciram por "Animal Tropical", "Melancolia dos Leões" e agora "Nuestro GG en La Habana".

"Este é um romance breve, mas muito intenso e muito profundo", disse a também escritora e editora Marilyn Bobes, ao apresentar o livro.

Ela disse ainda que com esta obra, Gutiérrez "nos demonstra que pode passear por qualquer gênero narrativo", sem perder "seu autêntico sabor cubano", com uma "assombrosa capacidade de desenhar personagens".

Irreverente, Gutiérrez disse que no início o livro foi "um romancezinho por encomenda" de um editor brasileiro, que lhe pediu um relato curto (100 páginas), policial e com um personagem famoso como protagonista.

Gutiérrez escolheu Greene (1904-91) e se apropriou do título de um de seus principais livros, "Nosso Homem em Havana", ao qual só substituiu o substantivo pelas iniciais do britânico.

Depois de um silêncio de um ano, o editor brasileiro lhe devolveu o manuscrito com um comentário a caneta repetido várias vezes - "consultar com o advogado" -, pois temia uma ação da família de Green.

O escritor se negou a modificar o livro, levando-o a seu editor espanhol e em poucas semanas assinou o contrato e lançou o livro, também publicado na Itália e cuja edição inglesa está em andamento.

"Parece que vai ser publicado em todas as partes, menos no Brasil", disse Gutiérrez com o humor corrosivo que o caracteriza.

"Nuestro GG en La Habana" se passa nos anos 50, antes da vitória da revolução liderada por Fidel Castro, em 1959, e na obra "o autor tece uma interessante intriga policial na qual surgem fortes e vigorosos personagens", diz a contracapa do livro.

"Com seu estilo conciso e, por vezes, insolente, Pedro Juan Gutiérrez nos mostra novamente seu ofício literário já provado em livros anteriores", acrescenta.

Vários escritores cubanos emigraram nas últimas décadas ou radicaram-se em outros países, visitando a ilha com freqüência. Poucos dias antes do lançamento do novo livro, correu um boato de que Gutiérrez teria se radicado na Espanha.

"Continuo morando em Centro Habana como há 18 anos e continuarei ali por muito tempo", esclareceu.





Fonte: AFP

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