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Nacional
Quinta - 19 de Outubro de 2006 às 00:35
Por: Patricia Santiago

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O mecânico Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, 41 anos, acusado de matar 30 meninos em São Luís, no Maranhão, e mais 12 em Altamira, Pará, vai a júri popular dia 23 de outubro, às 9h30, em um clube preparado especialmente para o julgamento na praia do Araçagy, no município de Raposa, perto de São Luís.

Segundo o Tribunal de Justiça do Maranhão, Chagas será julgado por homicídio doloso qualificado, por motivo torpe e ocultação do cadáver da vítima Jonathan Silva Vieira, 15 anos. Os crimes teriam ocorrido em 6 de dezembro de 2003, no município de São José de Ribamar. À época, o mecânico admitiu ter matado e emasculado 42 garotos, segundo o Tribunal de Justiça do Maranhão. Os crimes teriam sido cometidos em três municípios do Maranhão (São Luís, Paço do Lumiar e São José de Ribamar) e em Altamira, no Pará.

Julgamento histórico

Devido a grande repercussão do caso, até no exterior, a Justiça da Comarca de São José Ribamar teve de abrir inscrições para sortear lugares na sessão de julgamento do mecânico. Os interessados em assistir ao julgamento se inscreveram pelo site do Tribunal de Justiça (TJ). Quem não tinha acesso à Internet pôde se inscrever no Fórum de São José de Ribamar. Quinhentas vagas no auditório foram disponibilizadas: 450 para a comunidade e 50 para entidades civis ligadas aos Direitos Humanos.

O crime

Segundo a família da vítima, a última vez que Jonatan teria sido visto com vida foi em 6 de dezembro de 2003. De acordo com o Tribunal de Justiça do Maranhão o adolescente teria saído de casa por volta de 7h em direção a oficina onde o mecânico trabalhava, no Jardim Tropical, bairro limítrofe entre os municípios de São José de Ribamar e São Luís. Com base nas informações do processo, Jonatan teria dito que iria colher açaí com o acusado. No início da noite, ele não voltou para casa. A família acionou a polícia que chegou a perguntar ao mecânico se ele havia visto o adolescente. Na ocasião, Chagas teria dito que não o conhecia. Ainda segundo o Tribunal de Justiça do MA, a ossada do garoto foi encontrada no dia 18 de janeiro de 2004, em um lugar chamado de São Braz dos Macacos, a 800 metros do povoado Santana, no município de São José de Ribamar, região metropolitana de São Luís.

Ainda segundo o Tribunal de Justiça do Maranhão, no dia 30 de março de 2004, Chagas admitiu ter ido com o garoto a um matagal colher juçara (açaí) depois de muita insistência da vítima. Disse ainda que o garoto teria morrido, acidentalmente, depois de ter caído de cabeça de uma palmeira muito alta quando colhia juçara. Chagas teria dito também que havia deixado o corpo do garoto ao pé de uma palmeira a 400 metros do local porque não sabia o que dizer para justificar a morte.

Chagas também teria admitido ter saído com alguns garotos cujas mortes são atribuídas a ele, no entanto o mecânico disse que não se lembra do que fazia na ocasião. Ainda segundo o TJ-MA, Chagas disse que só dava conta de si quando já voltava para casa. Das 42 vítimas das quais é suspeito de matar, Chagas só se recorda dos nomes de duas vítimas cujas ossadas foram encontradas na casa dele. A Espera Segundo o Centro de Defesa Marcos Passerine o primeiro crime do qual o mecânico é acusado teria acontecido em 1991. ¿Só em 2001 depois que a entidade fez a denúncia a OEA e também por provocação do Ministério Público foi que a polícia começou a investigar as mortes dos garotos com seriedade.

Com a morte de Jonatan a mãe da vítima desconfiou do mecânico e a polícia começou a investigar a vida do acusado. Para a polícia os crimes, que vinham ocorrendo desde 1991, não tinham relação entre si¿, disse Nelma Pereira da Silva, coordenadora da ONG que ao longo dos anos acompanha as investigações da polícia e até elaborou um dossiê sobre o caso Chagas. A alvorada pela vida e pela Justiça No dia 23 de outubro.

Dia em que Francisco das Chagas será julgado pela morte de Jonathan Silva Vieira, um dos 29 meninos emasculados do Maranhão, parentes dos meninos emasculados, o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Pe. Marcos Passerini e as entidades do Fórum de Defesa da Criança e do Adolescente e também da Rede Amiga da Criança vão realizar o ato público ¿Alvorada pela Vida e pela Justiça¿. Cerca de 80 pessoas entre parentes das vítimas e representantes de 50 organizações não governamentais estão sendo esperadas. O ato está previsto para começar às 6h da manhã, em frente ao Tribunal de Justiça, na Praça Dom Pedro II, em São Luís. Em seguida todos seguem em direção ao local do julgamento do mecânico.




Fonte: Terra

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