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Cultura
Sábado - 23 de Setembro de 2006 às 09:17
Por: Danielle Costa

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A Secretaria Estado Cultura de Educação promoveu hoje (22), a oficina “Literatura mato-grossense e teatro”, durante a Literamérica. Coordenada pela professora Josimar Miranda, os trabalhos foram realizados pela Companhia Teatro Mosaico, que quebrou os protocolos das tradicionais oficinas.

Assim que os espectadores chegaram, se depararam com um palco montado na sala. A professora abriu a oficina fazendo uma breve apresentação do que seria e cedeu o espaço para apresentação da peça ‘Romeu e Julieta’, pelo grupo teatral Mosaico.

Todos os olhos estavam atentos aos movimentos dos atores. A Companhia deixou o tradicional texto de William Shakespeare com uma abordagem nova e abrasileirada. Elementos do folclore nacional estiveram presentes por todo o tempo, como teatro de bonecos e músicas populares.

Ao final da apresentação, o elenco falou um pouco sobre a trajetória do grupo, as dificuldades do teatro em Mato Grosso e discutiram o teatro como instrumento pedagógico, destacando que para o uso dessa técnica, é preciso que os alunos se interessem e gostem da leitura.

Para os atores do grupo, alguns fatores devem ser prioridades na execução da técnica. É necessário que tenha público para estimular os alunos e, principalmente, muita criatividade. Durante a oficina, os atores ensinaram alguns truques para que a técnica seja melhor executada que segue abaixo:

Escolher um bom texto (que desperte interesse nas crianças); aquecimento e relaxamento do corpo; leitura de mesa; leitura dramatizada; montagem da peça e apresentação.

O Grupo

O Teatro Mosaico foi fundado em 1995 pelo ator e produtor cultural mato-grossense Sandro Lucose, quando ainda estudava Artes Cênicas na Escola de Teatro da Universidade do Rio de Janeiro. Ao surgir em 95, o Mosaico era uma companhia formada por atores, diretores e técnicos advindos de diversas regiões do País, e que constituíram uma associação sem fins lucrativos, cuja finalidade era a criação de um campo de trabalho.

Os artistas começaram a primeira produção sem nenhum patrocínio, contando, sobretudo com o investimento e o esforço dos vários profissionais do grupo, sendo que a qualidade e o primor artísticos da obra a ser produzida sempre estiveram a frente das metas.

Sem recursos financeiros que pudessem garantir a subvenção total e /ou parcial do projeto em seu princípio, a produção só teve como saída para o trabalho a utilização de materiais alternativos, reciclando lixo na construção de cenário, figurinos e adereços.

O respaldo pela iniciativa chegou com um total de 16 prêmios em várias categorias, inclusive o de melhor espetáculo, além de indicações e menções honrosas de personalidades das Artes Cênicas brasileiras em festivais e mostras do Brasil.

Agora com sede em Cuiabá, o Teatro Mosaico está constituído exclusivamente por artistas mato-grossenses e mantém a mesma estrutura organizacional, sendo uma associação cultural formada somente por artistas do Estado de Mato Grosso.

O projeto ‘Veja o Teatro’ é o desdobramento de um longo trabalho de pesquisa cênica, sendo esta realização patrocinada pela Brasil Telecom. O projeto possibilitou que o Teatro Mosaico percorre cidades do interior do Brasil e também recebe semanalmente visitas de grupos de estudantes em seu ateliê, para conhecer a sistemática de uma produção profissional, vivenciando o passo-a-passo do ritual diário dos artistas, que desempenham diferentes funções como aderecistas, costureiros, instrutores de dança, músicos e atores.

A peça

Filhos de duas famílias rivais da cidade de Verona, Romeu é um Montecchio e Julieta uma Capuleto, mas nem mesmo a ferrenha rivalidade de suas famílias é capaz de impedir o destino de suas vidas. Ao se conhecerem furtivamente em um baile de máscaras, se apaixonam perdidamente um pelo outro. Casam-se secretamente sem o consentimento de seus pais, mas uma fatalidade os separa, Romeu é exilado e tem que deixar sua amada esposa. Para poder reaver seu amor, Julieta tem que passar por um sacrifício semelhante a morte, porém o plano de fuga dos dois não tem êxito e para poderem ficar juntos para sempre legitimam suas juras de amor com a própria vida.

Romeu e Julieta figura como um dos textos que mais montagens recebeu no teatro mundial, além de receber inúmeras adaptações para o cinema dentre elas a do diretor Franco Zeffirelli (1968), e mais recentemente Romeo + Juliet (1996) do diretor Baz Luhrmann, com Leonardo di Caprio no papel de Romeu e Claire Daines como Julieta. Porém, é realmente no teatro que este texto se realiza. No Brasil, a montagem do Grupo Galpão de Romeu e Julieta (1992) teve tamanha proeminência que foi encenada no ano de 2000 foi no Globe Theatre, em Londres, teatro onde o próprio autor, William Shakespeare montava suas peças.

Nesta montagem da Companhia Teatro Mosaico, a estória de Romeu e Julieta é contada por atores-bufões e que se utilizam bonecos para dar vida aos personagens do clássico shakespeareano. Esta é a primeira investida da companhia em uma montagem que utiliza bonecos de manipulação direta em cena e para esta empreitada contou com o trabalho de Carlos Gattas Pessoa, o premiado “Carlão dos Bonecos” para a confecção dos mesmos.

Desde os tempos medievais, o teatro de bonecos encantava as feiras das cidades. Títere era o nome dado aos bonecos de manipulação com os quais os artistas viajavam pelas aldeias e feiras levando teatro de bonecos aos mais longínquos rincões, o titereiro era um itinerante e está prática teatral se estendeu com bastante ocorrência até o início do século 20. A proposta cênica desta montagem sob a direção de Sandro Lucose, possibilita o retorno desta prática uma vez que a cena é montada diante da platéia. A clássica empanada, característica do teatro de bonecos e a cortina vermelha característica das montagens de Shakespeare estão presentes no cenário da montagem do Teatro Mosaico para Romeu e Julieta.

Característico das montagens do Mosaico, as cantigas populares e folclóricas entremeiam as cenas, além de alguns traços regionais que dão à obra um caráter lúdico e singular que encanta público de todas as idades.





Fonte: Da Assessoria

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