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Cultura
Segunda - 21 de Agosto de 2006 às 22:39

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Usando lâmpadas de carbono e lanternas de pilhas secas para iluminar a escuridão de uma profunda caverna, dois arqueólogos mexicanos, auxiliados por quatro espeleólogos, buscam em Olancho, leste de Honduras, vestígios dos olmecas, a civilização pré-colombiana considerada "mãe" da cultura mesoamericana.

Nos arredores da gruta, seguindo pelas margens dos rios Tinto e El Pataste, 260 km ao leste de Tegucigalpa, "já encontramos sete sítios arqueológicos de assentamentos humanos, mas é preciso fazer um estudo para determinar se na verdade eram olmecas", disse à AFP o arqueólogo Oscar Neil Cruz.

Neil Cruz e seu colega, Ranferi Juárez - que trabalham com o Instituto Hondurenho de Antropologia e História (IHAH) -, tiveram a idéia de se aventurar na caverna porque, em janeiro passado, quatro adolescentes entraram 35 metros no túnel e encontraram uma estatueta olmeca junto com conchas marinhas talhadas com figuras iconográficas.

A descoberta da estátua de um homem gordo, sentado, com 29 cm de altura por 17 de largura, talhada em uma espécie de jade, levou os especialistas a formular a hipótese de que os olmecas se espalharam do México até a atual Honduras.

Os olmecas estabeleceram seu núcleo central entre os anos 1.200 e 800 antes de Cristo entre os estados de Tabasco e Veracruz, no México, mas foram encontrados indícios de sua presença no norte de El Salvador e na Guatemala. Por volta de 1960 foi encontrada uma peça na Costa Rica, mas depois se comprovou que havia sido levada para aquele país.

Os olmecas foram os primeiros habitantes da Mesoamérica (região que vai do México até Nicoya, na Costa Rica) a se organizar como Estado, ao cruzarem a transição a partir dos cacicados. No sul da Amédica, são contemporâneos deles os andinos, com uma área intermediária sem qualquer vínculo com nenhuma floresta.

"Ocorria como atualmente: um tratado de livre comércio entre a América do Norte e Central e outros do sul", comparou o espeleólogo italiano Ferdinando Didona. Didona, o americano Matthew Kalch e os hondurenhos Jorge Yanes e Cynthia Zepeda ajudam os mexicanos a se movimentarem na caverna. Os quatro espeleólogos estiveram elaborando um mapa da gruta ao longo de mais de mil metros.

Os seis cientistas se movem às vezes em espaços reduzidos a um metro de altura, dominados por morcegos, arrastando-se ou caminhando com os pés submersos em um regato de águas claras, que rompe o silêncio da gruta e que depois de milhões de anos erodiu a pedra até formar a caverna.

No continente americano há indícios da existência da espécie humana aproximadamente desde 18 mil anos antes de Cristo na América do Norte. A teoria mais aceita para a chegada dos humanos à América é que migraram da Ásia, através de geleiras formadas no estreito de Bering.

Na América Central há registros da existência humana desde o ano 9.000 antes de Cristo. Em Honduras foram encontrados indícios dessa mesma época na Cueva del Gigante (Caverna no Gigante), no departamento de La Paz, 180 km a oeste de Tegucigalpa. Em Honduras foram registrados 15 mil sítios arqueológicos, e ao contrário do que pode pensar, só 5% eram de maias.

A 40 km de Hato Viejo, em Talgua, foi descoberta uma caverna com centenas de ossadas de uma cultura pré-colombiana, mas falta precisar a que cultura pertenceram. "Se encontrarmos um assentamento Olmeca aqui se estaria rompendo tudo o que foi descoberto até agora, que eles só se estabeleceram no México, mas temos que encontrar mais evidências", afirma Juárez, que ficará mais algumas semanas trabalhando com os colegas no sítio.





Fonte: AFP

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