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Internacional
Terça - 31 de Maio de 2005 às 22:10

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O apoio dado pelo Papa Bento XVI à campanha em favor da abstenção no próximo referendo italiano sobre a lei de reprodução assistida provocou uma série de polêmicas hoje.

Papa apóia campanha contra reprodução assistida "Trata-se de uma ofensiva sem precedentes, que tem como objetivo pôr a democracia italiana sob tutela do Vaticano", disse Daniele Capezzone, dirigente do Partido Radical, grande motivador da consulta programada para 12 e 13 de junho.

A lei, entre as mais restritivas da Europa, teve apoio do Vaticano e proíbe, entre outras coisas, o uso científico de embriões já congelados e destinados à destruição e menciona os direitos do embrião.

Se o total de participantes no referendo registrar 50% mais um voto, a lei, que impede também os casais estéreis de utilizarem óvulos ou espermatozóides de doadores, poderá ser modificada em vários pontos.

"A Igreja é misógina (...) ao oferecer toda sua atenção ao embrião e não leva em conta a saúde da mãe, que é ameaçada por alguns artigos da lei", disse, por sua vez, a ministra para Igualdade de Oportunidades, Stefania Prestigiacomo, que é favorável ao "sim" à modificação.

Para o líder da extrema-esquerda Fausto Bertinotti, chefe da Refundição Comunista, a Igreja se atribui "a prerrogativa de medir a moral", apesar de reconhecer que a declaração de Bento XVI foi dada "na medida certa", sem excessos.

As decisões do Papa, que evitou pronunciar nesta segunda-feira a palavra abstenção ao receber os membros da Conferência Episcopal Italiana, refletem as posições do outrora cardeal Joseph Ratzinger, que por mais de um quarto de século foi o firme guardião da ortodoxia da Igreja católica, segundo alguns críticos.

"Bento XVI é coerente. Como cardeal, atacava o relativismo. Agora, suas posições são confirmadas como Papa em temas como o embrião e seu destino", segundo um editorial do jornal de esquerda independente Il Manifesto.

Faltando 12 dias para o referendo, o resultado da consulta é incerto. Segundo pesquisas de opinião divulgadas pelo jornal 'La Repubblica', a participação será de 43 a 44%, mas é possível que o interesse dos italianos aumente nos próximos dias.

O analista Renato Mannheimer estima que a intervenção do Papa não será decisiva e que poderá inclusive ser contraproducente, como ocorreu nos anos 70 em relação ao divórcio e nos 80 com a questão do aborto.

Em 1974, Paulo VI apoiou a batalha dos bispos italianos contra o divórcio. Em 1981, João Paulo II respaldou o referendo para a abolição da lei que autoriza o aborto. Duas batalhas perdidas, apesar de 83% dos italianos se declararem católicos.





Fonte: AFP

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