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Internacional
Segunda - 23 de Maio de 2005 às 14:41

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Representantes da América Latina que participam do Fórum da ONU para Assuntos Indígenas defenderam uma exploração sustentável dos recursos naturais que respeite seus direitos e culturas como maneira de erradicar a pobreza.

A quarta sessão do fórum, que inicia nesta segunda-feira sua segunda semana de debates, tem como fim avaliar se as comunidades autóctones estão mais perto de alcançar as Metas do Milênio estipulados há cinco anos, entre elas a de reduzir pela metade o número de pessoas que vivem em extrema pobreza.

No mundo vivem 370 milhões de indígenas, e sua situação piorou na última década, segundo a presidente do fórum, Victoria Tauli. Um estudo do Banco Mundial divulgado por ocasião dos debates mostra que a pobreza aumentou entre os indígenas de Bolívia, Equador, México, Nicarágua e Peru.

Segundo números apresentadas no fórum, 87% dos indígenas da Guatemala são pobres, em contraste com os 54% do resto da população do país, enquanto no México a taxa é de 80%, contra 18% dos não indígenas. Além disso, 79% da população indígena do Peru é pobre, contra 50% dos não indígenas, e na Bolívia a proporção é de 64% e 48%.

Tauli alertou sobre o que chamou de "agressão desenvolvimentista", na qual as pessoas se transformam em vítimas do desenvolvimento em lugar de ser beneficiários. Segundo ele, os projetos de extração de recursos e de construção em larga escala, ou a introdução de monoculturas comerciais intensivas, vão em detrimento das povoações indígenas.

Tais práticas ocasionam "a degradação dos ecossistemas, a perda de diversidade biológica e o deslocamento das comunidades indígenas em ambientes não sustentáveis", explicou.

Representantes de organizações latino-americanas que participam do Fórum das Nações Unidas para Assuntos Indígenas propõem aos governos a suspensão da prospecção e da exploração do petróleo e da madeira nas terras onde vivem indígenas.

Entre eles se inclui a representante da Associação das Mulheres Huaorani (Equador), Alicia Cahuyia, que, em declarações à EFE, denunciou as atividades de companhias petrolíferas, que, segundo ela, além de contaminar, violam seu direito a viver em harmonia com a natureza e lhes obriga a abandonar seus modos tradicionais de cultivo agrícola.

"Para nós, a floresta é sagrada. A única maneira de eliminar a pobreza é respeitar nossos direitos e os recursos de nossas terras", afirmou.

O equatoriano Franco Vitteri, da Associação de Povos Indígenas de Pastaza, disse, por sua vez, que as atividades das petrolíferas vão além da destruição ambiental e constituem uma violação dos direitos humanos e da Constituição de seu país.

"Estão destruindo nosso projeto de vida baseado no direito territorial e de livre determinação de decidir nosso futuro", disse Vitteri, para quem a culpa não é só das multinacionais, mas principalmente dos governos que ignoram as leis e assinam contratos com essas empresas.

Justa Cabrera, representante da Capitania Guarani de Santa Cruz (Bolívia), alertou sobre as divisões "às vezes irreparáveis" que a penetração de empresas petrolíferas e de gás estrangeiras estão provocando entre esses grupos de população.

"Limitam nossas áreas tradicionais de cultivo, que cada vez produzem menos, pela contaminação e a degradação da terra", disse Cabrera, segundo a qual para reduzir a pobreza é necessário que se respeitem seus territórios e seus recursos naturais.





Fonte: EFE

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