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Internacional
Quarta - 27 de Outubro de 2004 às 09:13
Por: Juan Antonio Sanz

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O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, negou nesta quarta-feira qualquer concessão aos radicais iraquianos que ameaçam decapitar um refém japonês, e garantiu que não vai retirar as tropas japonesas do Iraque.

Apesar de toda a atenção do Japão se concentrar na província de Niigata, assolada no sábado por uma série de terremotos, o conflito do Iraque aparece novamente na figura de um aventureiro japonês, de 24 anos, que poderia pagar com sua vida a loucura de viajar para um país em guerra.

A rede de televisão Al Jazira exibiu ontem as imagens em que Shosei Koda aparecia, entre seus seqüestradores encapuzados e armados, suplicando por sua vida. "Senhor Koizumi, estão pedindo a retirada das tropas das Forças de Autodefesa (como se denomina o exército japonês) do Iraque. Do contrário, cortarão minha cabeça. Quero voltar ao Japão", implora o refém japonês.

Os seqüestradores, pertencentes ao grupo do radical jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, deram 48 horas de prazo ao governo japonês para que retire os soldados do Iraque. No entanto, o primeiro-ministro, que recebeu a notícia quando visitava uma das comarcas mais vitimadas pelo tufão que atingiu o Japão há uma semana, foi contundente: "As Forças de Autodefesa não sairão do Iraque".

Koizumi disse que o governo japonês fará tudo o que estiver em suas mãos para conseguir a libertação do refém, mas sem que isso signifique ceder aos radicais. "Não posso permitir que o terrorismo prevaleça. Não devemos nos curvar a ele", disse o chefe de governo japonês.

Desde fevereiro, o Japão mantém na região de Samawa, no sul do Iraque, 500 soldados de infantaria em uma missão considerada de ajuda ao povo iraquiano e à reconstrução do país. Em abril, foram seqüestrados outros cinco japoneses (três trabalhadores humanitários e dois jornalistas), mas todos foram libertados.

Na ocasião, o governo de Koizumi viveu alguns de seus momentos mais difíceis, com milhares de pessoas reivindicando a volta ao Japão dos militares mobilizados no Iraque. A rejeição popular à presença militar no Iraque se refletiu nas eleições parciais ao Senado em julho, das quais o partido no poder saiu muito fragilizado.

Para tentar impedir as conseqüências desse novo seqüestro, Koizumi ordenou a criação de um gabinete de crise formado pelo ministro porta-voz, Hiroyuki Hosoda, pelo diretor da Agência de Defesa (com categoria de ministério), Yoshinori Ono, e pelos ministros da Justiça, Chieko Nono, e de Exteriores, Nobutaka Machimura.

O Ministério do Interior enviou à Jordânia um grupo de especialistas na luta contra o terrorismo para negociar com os seqüestradores. Também viajou para Amã o vice-ministro de Exteriores japonês, Shuzen Tanigawa, para coordenar essas operações.

O titular da diplomacia japonesa foi quem se dirigiu em uma mensagem aos seqüestradores, pedindo-lhes a libertação do jovem. "Koda é um civil que não tem nada a ver com as Forças de Autodefesa ou com o governo. O Japão é um amigo do Iraque. O povo japonês e eu pedimos a imediata libertação de Shosehi Koda", disse Machimura.

Segundo a rede pública de televisão NHK, o pai de Koda explicou que seu filho, de 24 anos, habitante de Noogata, cidade da província de Fukuoka, partiu no início de outubro para a Nova Zelândia, e a família não sabia que estava no Iraque. O jornal "Asahi" informou que o jovem Koda estava em Tel Aviv lavando pratos em restaurantes para poder continuar sua aventura pelo mundo.

Fontes do Ministério de Exteriores citadas pela agência Kyodo assinalam que Koda entrou em território iraquiano através da Jordânia no dia 21 de outubro. "Apenas queria viajar ao Iraque", disse à NHK um documentarista japonês que estava no mesmo hotel de Amã em que ficou o jovem antes de ir para Bagdá pelo Deserto Ocidental.

"Meu filho não tem nada a ver com os soldados japoneses. Por que querem acabar com sua vida dessa maneira?", perguntou-se o pai de Koda a um funcionário do governo, segundo o "Asahi".




Fonte: EFE

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