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Nacional
Sábado - 19 de Abril de 2014 às 17:18

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Campus da Each, divulgação USP
Campus da Each, divulgação USP

Uma estimativa divulgada pelo professor Antônio Marcos Massola, ex-superintendente do Espaço Físico da USP (Universidade de São Paulo), aponta que a retirada da terra contaminada da Each (Escola de Artes, Ciências e Humanidades) pode custar R$ 40 milhões.

A universidade não revela o valor que será investido na limpeza da área, interditada em janeiro depois que o MP (Ministério Público) apresentou à juíza Laís Helena Bresser Lang Amaral, da 2ª Vara de Fazenda Pública, um laudo da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) que atestava sérios problemas ambientais no local.

A previsão de gastos foi exposta numa reunião com a comunidade da Each no ano passado.  Na ocasião, Massola também comentou que os recursos para a implantação da unidade [em 2005] foram da ordem de R$ 80 milhões.

Se o funcionário estiver certo, a USP terá que aplicar metade do que investiu na instalação do campus  apenas para descontaminá-lo. No último dia 15, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) rejeitou as contas da instituição e apontou irregularidades como o pagamento de supersalários para alguns professores e funcionários.

Para justificar o gasto dos R$ 40 milhões, Massola informou que cada metro cúbico de terra comprovadamente contaminada a ser retirado do local corresponde à despesa de " mais ou menos mil reais”.

— Se considerarmos que aqui foram colocados 40.000 m³ [de terra], são R$ 40 milhões. Tomando como base as pesquisas da Servmar [empresa especializada] nós temos 3.000 m³ de terra contaminada. Para retirar essas terras já são R$ 3 milhões, disse Massola. 

Contaminação

A crise da Each ganhou repercussão depois que um auto de infração encaminhado à unidade pela Cetesb em meados de 2013 fez a USP contratar a empresa Servmar Serviços Técnicos Ambientais para fazer a medição da contaminação no campus.

A empresa já havia sido contratada pela universidade para o mesmo serviço em 2012, já que os problemas  na unidade foram atestados pela primeira vez em relatório da Cetesb de 2011.

A Servmar voltou a prestar serviços para a USP em agosto de 2013. Desde então, segundo a assessoria de imprensa da universidade, a empresa executou a abertura de 115 poços de monitoramento em dois níveis (superficial e profundo) e o monitoramento da presença de gases nesses poços em 230 níveis durante mais de três meses.

A reitoria da USP informa ainda que a empresa Weber Consultoria Ambiental, contratada em março de 2014, prossegue com o monitoramento.

A expectativa é de que, a partir dos dados coletados pelas duas empresas, a USP crie medidas para a descontaminação do campus da Each, normalizando o funcionamento do campus. Porém, para docentes e professores, a solução demora a aparecer devido a contradições nos relatórios apresentados até agora. 

Em seu último relatório sobre as áreas de contaminação na unidade da zona leste, divulgado em janeiro, a Servmar aponta que foram denotadas concentrações de chumbo e PCBs (substâncias de peso molecular elevado) em mostras de solo coletadas no campus. 

Nas mostras de água subterrâneas foram encontrados em níveis superiores aos de referência ambiental minérios como alumínio, cobalto e bário. 

A companhia diz ainda que, dentre os gases monitorados, o metano foi o único gás inflamável quantificado nas medições realizadas no período de 30 de setembro a 30 de dezembro de 2013. 

Métodos e gastos 

Fabiana Pioker, funcionária da Each e membro da comissão Ambiental da Escola, alega que há inconsistências na parte de metodologia e de apresentação dos resultados no último relatório da Servmar.

— Nós da Comissão questionamos a Servmar no início de abril sobre as inconsistências que encontramos no relatório e não tivemos respostas.

Segundo a funcionária, os membros da Comissão e de um grupo técnico de trabalho sobre as questões ambientais na Each acreditam existir problemas no relatório com relação à utilização de valores de referência e dados da Cetesb.

Na semana passada, um vídeo gravado por alunos mostrou o superintendente do Espaço Físico da USP (Universidade de São Paulo), Osvaldo Shigueru Nakao, afirmando aos alunos da Each que o campus da zona leste “não está contaminado” e que o local continua fechado por culpa dos professores que apoiam partidos políticos, contradizendo o entendimento da Justiça e dos técnicos que a própria instituição contratou.

O R7 tentou mas não conseguiu falar com representantes da Servmar até o fechamento desta reportagem. A assessoria de imprensa da reitoria da USP  foi questionada duas vezes sobre o valor que deverá gastar para descontaminar o campus da zona leste, mas não respondeu a nenhuma das solicitações.





Fonte: Do R7

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