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Economia
Quarta - 22 de Outubro de 2014 às 21:54

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A Comissão Europeia lançou semana passada um comunicado instando os países membros da UE a melhorarem a política de emissão de vistos no bloco. A instituição quer sobretudo facilitar a entrada dos turistas dos Bric (grupo formado pelos emergentes Brasil, Rússia, Índia e China). "Turismo e facilitar viagens sempre foram o ponto mais alto da minha agenda", disse o vice-presidente da CE e responsável por Turismo, Indústria e Empreendorismo,Antonio Tajani, em entrevista ao Terra em Bruxelas. Tajani aposta em trazer a classe média do Bric, que tem gastado mais nas viagens internacionais quando comparados à média dos turistas europeus, à Europa.

Vale destacar que, por enquanto, do bloco dos países emergentes somente o Brasil continua isento do visto para turista. "Podemos facilitar a obtenção de vistos para Rússia, China e outros países, mas será mais complexo aboli-los completamente", afirmou a comissária para Assuntos Internos, Cecilia Malmstroem. A princípio, os europeus querem agilizar o tempo de entrega do visto para os turistas chineses, russos e indianos e consolidar a atual posição da Europa como destino número 1 do turismo mundial. Entre 2009 e 2011, os pedidos de visto de turista para a Europa aumentaram em 80,7% na China, 62,4% na Rússia e 37,1% na Índia.

De olho no turismo como uma das respostas para a crise econômica, em setembro deste ano a Comissão Europeia colocou em marcha a campanha "Europa em todos os momentos", válida até dezembro de 2013. A iniciativa prevê diferentes ações que incluem desde a divulgação de websites e folhetos informativos, promoção de viagens à abertura de novos escritórios para emissão de vistos. Outro projeto piloto chamado "50 mil turistas" visa trazer 25 mil turistas do Brasil, Chile e Argentina à Europa e levar outros 25 mil europeus aos países da América do Sul.

Terra - Como surgiu a iniciativa de liberalização de mais vistos para os turistas de Rússia, Índia e China?

Antonio Tajani - Ter uma política de vistos simplificada ajuda a assegurar que destinos europeus possam se beneficiar de um potencial crescente de novos mercados de turismo internacional. A decisão de renunciar à exigência de visto para um país específico é baseada em considerações complexas, incluindo questões de segurança, e possível migração irregular, e é, obviamente também relacionada com a política externa da UE em relação a um determinado país. Tais decisões também precisam ser aprovadas por todos os Estados membros da União Europeia. Desde que estou no cargo, coloquei a facilitação de viagens em alta consideração na agenda. Neste contexto, tenho chamado a atenção quanto ao impacto econômico das decisões tomadas sobre a política de vistos à encarregada da política comum de vistos, da comissária (Cecilia) Malmström, assim como aos outros colegas da comissão. Acho que isso finalmente acabará contribuindo para uma boa implementação das disposições atuais de visto e para aumentar os fluxos turísticos.

Terra - Os brasileiros não precisam de vistos de até 90 dias para entrar no espaço Schengen (que forma a maior parte da UE). O senhor pensou em algum outro tipo de facilidade para os turistas do Brasil?

AT - Lancei um projeto específico, conhecido como "50 mil turistas", que visa incentivar agentes de turismo - os governos europeus, a indústria de turismo e companhias aéreas - para desenvolver pacotes turísticos específicos, fazendo uso de reservas em companhia aéreas disponíveis e capacidade de alojamento durante a baixa temporada, direcionando especificamente para os três países da América do Sul (Brasil, Argentina e Chile). Ofertas promocionais já foram elaboradas neste contexto e podem ser descobertas através do portal www.visiteurope.com.

Terra - E como tem sido a repercussão da campanha "Europa em todos os momentos"?

AT - O site da campanha foi lançado com sucesso no dia 10 de setembro por parceiros locais em todos os seis países-alvo - Brasil, Argentina, Chile, China, Índia e Rússia. Fomos exibidos a 87 milhões de leitores em meios impressos e online. A campanha visa promover a Europa a estes turistas internacionais, apresentando uma ampla variedade de destinos e atividades oferecidas.

Terra - Em anos anteriores muitos turistas brasileiros reclamaram do mau tratamento em alguns aeroportos europeus e até de deportações. Há algum plano europeupara melhorar a recepção a estes turistas?

AT - Os países europeus querem oferecer uma experiência de alta qualidade e dar as boas vindas a todos os visitantes, mas isto precisa ser balanceado com as preocupações sobre segurança nacional e as possibilidades de migração irregular. Enquanto as questões políticas são importantes para cada Estado membro da UE, nós reconhecemos que as percepções de um regime de vistos oneroso e os controles fronteiriços são fatores que podem causar confusão e inibir a atração de visitantes em potencial para a Europa. Podemos ajudar fornecendo informações aos turistas sobre como viajar na Europa, como no site http://europa.eu/travel/index_en.htm.

Terra - Em 2010, o jornal britânico Sunday Times afirmou que o senhor considerava o turismo um direito humano. É verdade? O senhor ainda pensa do mesmo jeito?

AT - Esta é uma velha história. Na verdade, eu disse que considerava o turismo como um direito e a imprensa britânica acrescentou "humano". Na verdade, acredito que tantas pessoas quanto possível deveriam sair de férias e o turismo social tem benefícios econômicos, assim como sociais. Por exemplo, alguns grupos socioeconômicos, como os idosos, têm mais flexibilidade para viajar durante a baixa temporada. Isto pode ajudar a fazer um melhor uso da capacidade hoteleira e estender a sazonalidade do turismo, que por sua vez aumenta o crescimento, o emprego e beneficia as economias locais.

Terra - Em termos de negócios, a UE estaria interessada em atrair empresas brasileiras, chinesas, indianas ou russas aos países membros?

AT - Economias emergentes como Brasil, Rússia, Índia e China continuam a crescer rapidamente e se tornaram jogadores importantes na economia global. Organizei missões a estas regiões em crescimento no mundo para ajudar as empresas europeias a encontrar novas oportunidades de negócios. Umas das principais mensagens transmitidas, além de incentivar a cooperação de ambos os lados, é apoiar as pessoas proveniente destes países a usar as portas abertas para aumentar o investimento na Europa. A Europa ainda é o maior mercado do mundo e também a potência mundial líder de comércio. As empresas estrangeiras são bem-vindas a trazer novos investimentos que criam empregos e aumentar a competitividade europeia.

Terra - Em quais áreas o senhor avalia que uma parceria com o Brasil seria mais interessante para a Europa?

AT - A cooperação para a próxima década deve girar uma série de atividades de alto impacto que irá impulsionar o investimento. Os principais setores industriais visados são: economia verde, biotecnologia, mineração, construção, transporte e turismo. Os desafios são a prestação de serviços e infraestrutura, um espírito de inovação e de empreendedorismo.

Terra - O que os europeus podem aprender com os empreendedores brasileiros? E os brasileiros com os europeus?

AT - Aprender com o outro é um processo contínuo e uma das formas europeias para construir o mercado interno. Melhores práticas estão em todas partes, no entanto, podemos dizer que o Estado de Direito, a estabilidade política, a regulamentação inteligente, implementação de normas internacionais, responsabilidade social das empresas e, em geral, o desenvolvimento de um melhor ambiente de negócios são elementos centrais na Europa. Por outro lado, também podemos aprender com as economias emergentes, por exemplo, a excelente capacidade de adaptação, a flexibilidade, além que de que vocês são altamente inovadores.





Fonte: Consultor Jurídico

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