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Nacional
Segunda - 24 de Novembro de 2014 às 16:06

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A indústria da construção brasileira não deve crescer em 2015, previu nesta segunda-feira o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), citando fatores desaceleração do consumo e do crédito e prevendo que eventuais impactos da operação Lava Jato para o setor só deverão ser sentidos em 2016.

"O mercado imobiliário deverá prosseguir em fase de ajuste, a renda e o consumo das famílias deverão crescer menos e as contratações de obras relacionadas a novos investimentos deverão ocorrer com mais intensidade somente a partir do segundo semestre", disse a entidade em nota.

Essas variáveis negativas deverão ofuscar a contribuição positiva de projetos de infraestrutura para o setor, incluindo concessões e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida.

Segundo o vice-presidente de economia do sindicato, Eduardo Zaidan, o impacto para as empresas que são referência da indústria com o desenrolar das investigações envolvendo denúncias de corrupção na Petrobras não deverá mudar fundamentalmente o horizonte para as obras de infraestrutura no próximo ano.

"A infraestrutura vai ter algum crescimento positivo em função do que já foi contratado em 2012, 2013, principalmente aeroportos e estradas", disse Zaidan. "Existe visão de que contratos em andamento devem continuar", completou.

Porém, na visão do presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, alguma consequência da operação da PF poderá ser sentida no setor em 2016.

"A infraestrutura deve sofrer um pouco em 2016, mas o fato de (o caso) estar sendo investigado da forma como está é muito bom a médio e longo prazo para um saneamento do mercado", disse. "Existem no mercado muitas empresas preparadas, é oportunidade para reciclagem", acrescentou Ferraz Neto.

Segundo Zaidan, a operação da PF deve "mudar paradigma de licitação no Brasil", em referência à possibilidade de empresas menores serem contempladas em editais. "Você tem muitas empresas capacitadas a fazer pedaço de obra (...) Quem tem competência e preço tem direito de participar", completou Zaidan.

Ele previu que poderá haver aumento no número de consórcios participantes de licitações e também "algum tipo de abertura maior para (companhias de construção) estrangeiras".

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PERSPECTIVAS

Se confirmada, a estagnação da indústria da construção no ano que vem deverá ser igual ou pior que o desempenho registrado em 2014, para o qual a expectativa do Sinduscon-SP é de crescimento de no máximo 0,5 por cento, ante estimativa anterior de avanço de até 1 por cento.

De acordo com o sindicato, a queda na produção de materiais de construção no país este ano será superior a 5 por cento, com o comércio desses insumos apresentando crescimento nulo. O emprego na indústria da construção, por sua vez, deverá cair 0,3 por cento, puxado sobretudo pela retração no segmento imobiliário.

Já para 2015, a projeção é de recuo de 1,5 por cento na produção de materiais de construção, queda não especificada no comércio desses produtos, e declínio de 2 por cento do emprego na indústria.

"Não são números empolgantes, mas têm por trás de si aspectos positivos que devem ser ressaltados", disse a coordenadora de projetos de construção da FGV, Ana Maria Castelo, em referência à expectativa de maior compromisso do governo federal com as metas de inflação e ajuste fiscal.

"O cenário macro deve mostrar piores indicadores, mas à medida que tivermos uma arrumação de casa isso pode devolver confiança das famílias e dos empresários", afirmou Castelo.





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