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Polícia Brasil
Sexta - 28 de Novembro de 2014 às 16:31

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Os dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller, presos durante a Operação Terra Prometida devem prestar depoimento na tarde desta sexta-feira (28) na Superintendência da Polícia Federal, em Cuiabá. Odair e Milton Geller foram presos na operação deflagrada para combater fraudes em lotes da União destinados à reforma agrária. Eles devem prestar depoimento ao delegado Hércules Ferreira Sodré, responsável pelas investigações.

O advogado Murillo Silva Freire, que defende os irmãos Geller, informou que ainda não teve acesso ao inquérito policial e que deve acompanhar os depoimentos de Milton e Odair. Os dois suspeitos, durante a fase de investigação anterior à operação, já foram ouvidos e negaram qualquer participação no esquema de fraude de terras públicas.

Dos 52 mandados, 33 já foram cumpridos. Em Cuiabá, 24 pessoas foram levadas à prisão, entre elas um servidor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Já em Sinop, a 503 km da capital, oito mandados de prisão foram cumpridos, enquanto em Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, apenas o ex-prefeito da cidade, Marino Franz, foi detido.

Os supostos integrantes da organização criminosa, entre eles servidores do Incra, foram divididos em grupos pela Polícia Federal, como consta da decisão da Justiça Federal que mandou prendê-los. Odair e Milton fariam parte do grupo do primeiro núcleo da quadrilha, composto por empresários e fazendeiros. Porém, no 'segundo escalão'. Não estão entre os líderes da organização.

Forma de atuação

Os outros três núcleos são formados por sindicalistas, servidores públicos do Incra, órgão ligado ao Ministério de Desenvolvimento Agrário, e colaboradores. Os fazendeiros e empresários se interessavam por alguns lotes e então aliciavam e pressionavam os assentados com proposta de compra, na maioria dos casos por valores muito abaixo do mercado.

Se aceitasse a proposta, o assentado assinava um termo de desistência endereçado ao Incra. Mas, caso discordasse da oferta de compra, era ameaçado de morte e expulso do lote à força. Na segunda situação, o termo de desistência era fraudado e a assinatura do posseiro, falsificada.

Com a documentação falsificada, o fazendeiro ia até o sindicato rural de Itanhangá e combinava um valor para regularizar a área. Apresentava um 'laranja' ou parente para ser beneficiado com a área. Na sequência, o sindicato encaminhava a carta de indicação e o termo de desistência ao Incra, onde um servidor simulava uma vistoria no lote. No entanto, o técnico raramente aparecia no assentamento e a vistoria nunca era realizada.

Mesmo sem ter feito a vistoria, o servidor assinava um relatório dando direito de posse ao 'laranja', pois o assentado anterior havia desistido em favor do novo posseiro.

Influência

As investigações apontam que a família Geller é poderosa, influente e rica, sendo que os mais influentes são Neri, Milton e Odair. Cita que Milton é ex-prefeito de Tapurah e Neri, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Em um dos casos, foi identificado que um dos 'laranjas' nunca tinha morado em Itanhangá e mesmo assim tinha posse de um dos 15 lotes que, indiretamente, pertenciam a Milton e a Odair. Em depoimento à PF, Milton Geller negou participação nos crimes investigados. Explicou que foi prefeito de Tapurah entre 2009 e 2012, e que nunca comprou lotes, nem indicou parentes para receber lotes. Odair também negou o crime e alegou que só possui dois lotes urbanos em Itanhangá.





Fonte: Do G1 MT

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