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Economia
Sexta - 30 de Janeiro de 2015 às 03:52

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Diretoria da Petrobras comentou nesta quinta-feira (29) o balanço do 3º trimestre de 2014 (Foto: Lilian Quaino/G1)

Diretoria da Petrobras comentou nesta quinta-feira (29) o balanço do 3º trimestre de 2014 (Foto: Lilian Quaino/G1)

A Petrobras admitiu nesta quinta-feira (29) a possibilidade de não pagar dividendos a acionistas, dependendo da avaliação da situação financeira da companhia. Dividendos correspondem a parcela dos lucros da companhia que são distribuídos entre os acionistas.

“Há a possibilidade, ainda não colocada no momento, mas que poderá ser considerada. Se julgada por qualquer companhia que há uma situação de estresse financeiro, há possibilidade não haver dividendos. É uma alternativa que poderá ser considerada, a depender da avaliação financeira da companhia”, disse o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, em teleconferência com analistas e investidores.

O diretor admitiu até mesmo a possibilidade de não pagamento de dividendos, mesmo na hipótese de confirmação de lucro na consolidação dos resultados de 2014, e a constituição de uma reserva especial. Ele explicou, porém, que qualquer decisão sobre o pagamento ou não de dividendos dependerá da aprovação do conselho fiscal e de administração da companhia.

Preços dos combustíveis
Graça Foster admitiu que os preços dos combustíveis no Brasil estão acima dos praticados no exterior, mas disse que isso deve ser mantido.

"Vou trabalhar, como tenho trabalhado intensamente, para que a gente mantenha esses preços. É importante para o caixa da companhia, mesmo com perda de parte do market share [participação de mercado] por que outra companhias vão entrar no mercado", disse a executiva. "Mas é importante essa diferença a favor do caixa da Petrobras em 2015 e 2016".

Cálculo das perdas
Com dois meses de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta o balanço do terceiro trimestre de 2014, mas sem as baixas por corrupção. Os números mostram que a estatal teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.

Por duas vezes a companhia adiou a divulgação informando que os dados precisavam ser ajustados para as perdas decorrentes das denúncias de corrupção. O documento divulgado, no entanto, veio sem essas informações, o que frustrou o mercado.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que as contas auditadas da companhia serão divulgadas no menor prazo possível, mas não deu previsão de quando será isso. Ela disse ainda que as perdas com corrupção podem ser ainda maiores do que os calculos preliminares, dependendo do andamento das investigações.

Entenda Petrobras (Foto: Editoria de Arte/G1)

"Novas informações oriundas das investigações em curso podem resultar em novos ajustes", destacou Graça. "O caixa da Petrobras não é afetado por ajustes decorrentes da corrupção, nem a geração operacional tem qualquer tipo de influência dos ajustes decorrentes da corrupção", disse a executiva.

Cálculo apresentado durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras realizada na terça-feira (27) indicava a necessidade de uma baixa contábil de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia referentes às perdas com corrupção ligadas à operação Lava Jato. A metodologia usada, no entanto, não foi considerada adequada, e o número ficou de fora do balanço.

"Decidimos não usar a metodologia do valor justo para ajustar os ativos imobilizados devido à corrupção, pois o ajuste seria composto de elementos que não teriam relação direta com pagamentos indevidos", explicou Graça Foster.

'Pode durar 1, 2 ou 3 anos'
Segundo ela, no entanto, a baixa contábil dos valores atribuídos a corrupção poderá levar alguns anos para ser totalmente ajustada e incorporada nos balanços da companhia.

"Existe a investigação da Operação Lava Jato do MP do Paraná, que não tenho menor ideia de quanto tempo levará. Dentro da Petrobras, tenho uma investigação interna em que a prioridade é a alta administração da companhia, diretoria, gerentes executivos. Os advogados que nos atendem dizem uma investigação dessas numa empresa do porte da Petrobras, em geral, pode durar um, dois ou três anos. Se houver impactos no resultado, serão baixados do resultado; se tiver impacto nos quadros, essas pessoas também serão afetadas", disse a presidente da Petrobras.

Fluxo de caixa
A Petrobras estimou que encerrará 2015 com caixa de entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões, o que permitirá à companhia evitar captações de novos recursos ao longo do ano.

O investimento previsto no plano de negócios da Petrobras foi revisto para US$ 42 bilhões por ano, redução de 25% .

A companhia prevê ainda levantar US$ 3 bilhões com desinvestimentos (venda de ativos) no ano.

Segundo Graça, a essência do plano de negócios é a revisão do crescimento da empresa. "É reduzir investimentos, rever e e evitar contratar novas dívidas para atender a toda a demanda dos investimentos que tínhamos. A área de produção que era prioritária, hoje toma maior dimensão", afirmou.

Impacto das investigações nas operações
O diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, disse que não há previsão para a entrada em operação do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Renest) por conta das investigações das empresas citadas na Operação Lava Jato.

Segundo ele, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) também passou a ter operação mais lenta por conta das investigações.

Graça Foster afirmou que o custo aproximado da investigação interna sobre as denúncias da Operação Lava Jato chegarão a R$ 150 milhões em 2015. "Esse valor se refere a toda esta investigação, todo um trabalho de tecnologia de informação, todo o apoio juridico", disse.

As ações da petroleira seguiam em queda nesta quinta-feira, após tombo de mais de 11% na véspera. Tanto os papéis preferenciais quanto os ordinários tinham queda de mais de 4% por volta das 16h. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 0,38%.





Fonte: Do G1, no Rio e em São Paulo

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