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Educação/Vestibular
Sexta - 27 de Março de 2015 às 11:31

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O G1 esteve nesta quinta-feira (26) em escolas de todas as regiões de São Paulo e ouviu de pais, alunos e professores relatos sobre a greve que paralisa parte das escolas estaduais. Em meio à divergência entre governo e sindicato sobre o alcance da greve de professores estaduais de São Paulo iniciada na segunda-feira (23), e se há ou não greve, foram visitadas na manhã de quinta 19 escolas da capital. O resultado: 2 estavam sem aula, 12 eram parcialmente afetadas e 5 tinham aulas normais.

Em nota, a Secretaria da Educação disse que reconhece o "direito legítimo de paralisação", afirma que "não houve dispensa de aluno em nenhuma das unidades citadas" e que os pais "devem continuar a enviar seus filhos às aulas". (Veja íntegra da nota ao fim do texto).

Alunos, pais e professores comentam greve; veja abaixo relatos:


E. E. Fidelino Figueiredo, Centro
"Eu apoio a greve porque eles ganham muito pouco. Eles constroem conhecimento. Nós não somos nada sem eles", disse aluno de 13 anos, da 8ª série.

Praça da República, Centro, onde fica Secretaria Estadual da Educação
Grupos de professores do interior estão acampados em frente à Secretaria da Educação e devem ficar até a assembleia prevista para a tarde de sexta, na Avenida Paulista.

Marinéia Tavares e o filho Gabriel (Foto: Isabela Leite/G1)Marinéia Tavares e o filho Gabriel, de 14 anos, estudante de uma escola estadual (Foto: Isabela Leite/G1)

E.E. Salvador Moya, Cidade Vargas, Zona Sul
A auxiliar de serviços gerais Marinéia Tavares é mãe de um aluno. “Disseram para mim: 'vai ter aula, mas fica a seu critério deixar'. Como vai ter aula se só tem ele na escola?”, questionou. Ela é mãe de um ano de 14 anos do 9º ano do ensino fundamental. O garoto voltou para casa depois de encontrar a escola vazia. Segundo a mãe, desde segunda-feira as aulas estão canceladas.

Professora Isabel Furlan Jorge (Foto: Isabela Leite/G1)Professora de sociologia Isabel Furlan Jorge (Foto: Isabela Leite/G1)

E.E. Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na Zona Oeste
A professora de sociologia Isabel Furlan Jorge confirmou que há professores em greve. Ela não aderiu à paralisação porque acabou de retornar de uma licença médica e os alunos não tiveram professor substituto para dar o conteúdo na ausência dela durante um mês.

Segundo a professora, é comum o cancelamento de aulas, mesmo sem greve, porque os funcionários ficam doentes em decorrência da jornada exaustiva de trabalho. “Os professores não querem que o aluno fique sem o conteúdo, mas não há condições de trabalho para nós. Os alunos têm aulas vagas todos os dias”, relatou Isabel Jorge.

Além da sobrecarga aos professores, ela citou problemas estruturais da escola, como falta de água nos banheiros de funcionários, atraso na entrega de material didático e falta de móveis nas salas de aula, como cadeiras.

Um aluno de 17 anos do 3º ano do ensino médio está preocupado com o conteúdo que pode não ser reposto após a greve. "Eu sou a favor do movimento dos professores, mas se todos entrassem em greve juntos, isso revolveria e ajudaria a pressionar o governo. Só que cada dia um decide entrar e não colocam professores substitutos”, disse. O aluno relatou que mesmo sem a greve eles já estão sem aulas. Desde o começo do ano, a turma dele ainda não teve aula de filosofia por falta de professores.

Elisângela Nunes (Foto: Márcio Pinho/G1)Elisângela Nunes, mãe de um aluno do 1º ano do ensino médio (Foto: Márcio Pinho/G1)

E.E. Pio Teles Peixoto, na Vila Jaguara, na Zona Oeste
Mãe de aluno do primeiro ano do ensino médio, a auxiliar-administrativa Elisângela Nunes, de 35 anos, disse achar “péssima” a greve, mas acredita que o pedido dos professores é “justo”. “A gente procura entender porque o pedido deles é justo por causa do salário que ganham, mas é péssimo para o aluno, que acaba sendo prejudicado”, disse. Ela participou de reunião de pais e alunos na escola, onde não havia aulas na manhã desta quinta.

Luciana Silva, mãe de aluno (Foto: Márcio Pinho/G1)Luciana Silva, mãe de uma aluna do ensino médio (Foto: Márcio Pinho/G1)

E.E. Ítalo Betarello, Parque Nações Unidas, na Zona Norte
Outra mãe que disse apoiar a causa dos professores, mas que reclamou das consequências para os alunos, é a dona de casa Luciana Silva. “Acho que eles tinham que resolver essa situação. No ano passado os alunos também ficaram sem aula”, relata. A filha dela é aluna do ensino médio na escola, onde não havia aulas na manhã desta quinta.

EE Ascendino Reis, Tatuapé, na Zona Leste
Um estudante do 3º ano do ensino médio usava um adesivo em apoio à paralisação. "Só entra professor substituto quando o professor falta, mas não tem professor faltando por causa da greve. Eu sou favorável à luta pela educação. [O uso do adesivo] é uma forma de mostrar o apoio. Muitos professores estão usando o adesivo", afirmou o jovem de 17 anos.

Professora de matemática (Foto: Roney Domingos/G1)Professora de matemática Kátia Bonagura (Foto: Roney Domingos/G1)

E.E. Oswaldo Cruz, Mooca, na Zona Leste
A professora de matemática Katia Bonagura disse que os alunos "não estão sendo liberados mais cedo". "A única coisa aqui é a falta de água, mas mesmo assim não foram dispensados. Os alunos tem de chegar cedo, têm de chegar no horário. A aula vaga é normal por causa da falta de professor, normal. Tivemos professor com dengue. Só mesmo doença."

Secretaria responde
Veja abaixo a íntegra do posicionamento da secretaria:

"A Secretaria da Educação do Estado reconhece o direito legítimo de paralisação, mas continua trabalhando para garantir o direto inalienável de aprender dos mais de 4 milhões de estudantes. A Pasta informa que os pais dos alunos das escolas estaduais devem continuar a enviar seus filhos às aulas. Cabe salientar que, sempre que constatada a ausência de professores em sala de aula, as Diretorias Regionais de Ensino acionam o banco de educadores eventuais para cobrir possíveis faltas. Nas diretorias mencionadas pela reportagem (Centro Sul, Sul 1, Centro sul, Centro Oeste, Leste 5 e Norte 1) esse cadastro conta com 5.500 profissionais. Não houve dispensa de aluno em nenhuma das unidades citadas. Qualquer conteúdo perdido será reposto.

Aos professores que suprem eventuais faltas é disponibilizado o "Caderno do Professor", um material didático específico de cada série que tem como objetivo subsidiar o docente a dar continuidade na atuação em sala de aula com base no currículo oficial do Estado de São Paulo."

(* Com reportagem de Letícia Macedo, Isabela Leite, Márcio Pinho e Roney Domingos)





Fonte: Do G1, em São Paulo

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