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Nacional
Sábado - 04 de Julho de 2015 às 07:49

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A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta semana três suspeitos de agredir e matar a travesti Laura Vermont, de 18 anos, em 20 de junho. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (3) ao G1 pelo delegado José Manoel Lopes, titular do 32º Distrito Policial (DP), em Itaquera, na Zona Leste da capital paulista.


Segundo as investigações, Laura, que tem no registro o nome de David Laurentino Araújo, brigou com várias pessoas e chegou a roubar um carro da Polícia Militar na noite em que morreu. Durante a investigação, a polícia conseguiu recontar o que aconteceu com Laura. “Foi uma madrugada de fúria”, disse Lopes.

Os presos são dois irmãos e um amigo deles, com idades entre 22 e 24 anos. Eles foram detidos na quinta-feira (2) por suspeita de assassinar a travesti. A polícia ainda procura mais dois colegas do trio por participação nas agressões que, segundo a investigação, causaram a morte de Laura. Seus nomes não foram divulgados.

Segundo o delegado, câmeras de segurança de uma padaria gravaram a briga entre os cinco rapazes e a travesti.

“A partir dessas imagens chegamos a parte dos autores, que confessaram participação nas agressões à travesti após um desentendimento, quando ela passava na rua”, disse Lopes, que pretende indiciá-los por homicídio doloso, quando há intenção de matar. "Quero avisar que o motivo do crime não foi homofobia, foi desentendimento".

A família de Laura discorda da conclusão do delegado. “Foi motivo de homofobia, sim”, disse a irmã da jovem, Rejane Laurentino. Ela, porém, comemorou as prisões. "A gente quer justiça. Foi covardia o que eles fizeram. Muitos espancaram."

Laudo do Instituto Médico-Legal (IML) concluiu que a causa da morte da travesti foi em decorrência do traumatismo craniano que ela sofreu. Exames médicos apontaram que a vítima morreu de "traumatismo cranioencefálico causado por agente contundente".

“Um dos detidos confessou que pegou um pedaço de pau e deu três pauladas na cabeça de Laura”, afirmou o delegado, que ainda não concluiu o inquérito. Além de tentar procurar os dois amigos dos três jovens agressores, ele investiga se mais pessoas contribuíram para a morte da travesti.

Madrugada de fúria
De acordo com o delegado, na madrugada de 20 de junho, Laura havia pego carona com o cliente de uma travesti amiga dela e se desentendido no veículo com as duas pessoas. Ela queria que o rapaz a levasse para sua casa, mas ele se recusou, segundo a polícia. Durante a discussão, Laura cortou a colega com um canivete.

Segundo o delegado, o motorista parou o veículo e as duas desceram na Avenida Pires do Rio e continuaram a brigar. Foi quando um motoboy passou e arrancou o canivete das mãos de Laura, que estaria alterada. “A investigação aguarda o resultado dos laudos periciais para saber se ela consumiu drogas e bebida”, disse Lopes.

Em seguida, de acordo com o delegado, Laura atravessou a avenida e se desentendeu com um casal, puxando o cabelo de uma mulher. Depois, ela passou em frente a uma padaria da Avenida Nordestina onde estavam cinco jovens que haviam bebido no local. Ao passar por eles, a travesti teria discutido com o grupo, que passou a agredi-la.

“As câmeras de segurança do local mostram a briga”, disse Lopes, que não quis fornecer as imagens ao G1 alegando que, como ainda tem suspeitos para serem localizados, a divulgação poderia atrapalhar a investigação. “Um dos agressores pega um pedaço de pau e bate três vezes na cabeça dela.”

Laura Vermont tinha 18 anos de idade (Foto: Reprodução / Facebook)Laura Vermont tinha 18 anos de idade
(Foto: Reprodução / Facebook)

Sangrando, Laura ainda foi filmada pelo frentista de um posto de combustível. As imagens foram veiculadas na internet. A investigação ainda apura em que momento isso ocorreu: se antes ou depois da briga perto da padaria.

Posteriormente, a Polícia Militar foi à região para atender um chamado por conta da briga entre Laura e os rapazes. Ao chegar ao local, dois policiais militares contaram que a travesti entrou no carro da corporação e dirigiu até bater num muro. Durante o trajeto, um policial estava dentro do veículo tentando impedir o roubo.

Esse policial, que é o soldado Diego Clemente Mendes, de 22 anos, ainda atirou no braço de Laura. Ele e o sargento Ailton de Jesus, de 43 anos, teriam deixado de socorrer a travesti, que foi levada por pessoas que apareceram na região e a levaram a um hospital, onde morreu.

O corpo de Laura foi encontrado esfaqueado e com um tiro no braço. Os policiais Diego e Ailton chegaram a ser presos pela Polícia Civil por mentirem durante o depoimento que prestaram sobre o caso no 63º DP, Vila Jacuí. Depois foram soltos por decisão da Justiça.

Eles teriam omitido o fato de que um deles atirou na travesti. A dupla ainda teria orientado uma testemunha a omitir o disparo, dando a ela uma folha de papel com o que deveria falar.

Para a irmã de Laura, o disparo contribuiu para a morte da jovem. "Quem acabou de matar foi a polícia." Rejane Laurentino acrescenta que a família está indignada com a soltura dos policiais. "Queremos a apuração melhor. Está muito no ar ainda. Um absurdo eles serem soltos e impunes."





Fonte: G1

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