Ciclovias de SP não têm segurança, diz pai de modelo gaúcha morta Mariana, 25 anos, morreu em um cruzamento da Avenida Faria Lima. 'Não quero achar culpado, mas foi negligência', disse pai.
Heber Daniel Rodriguez, pai da modelo Mariana Livinalli Rodriguez, 25 anos, morta nesta quinta-feira (3) em acidente com ônibus na Avenida Faria Lima quando andava de bicicleta, afirmou na manhã desta sexta-feira (4) no Instituto Médico Legal (IML) Central que faltam segurança e estrutura para as ciclovias da cidade de São Paulo. O acidente ocorreu fora da ciclovia, em um cruzamento, perto da ciclovia na Faria Lima. O pai afirmou que Mariana "era um anjo" e o momento "é de extrema dor".
"Pelo que eu vi essas ciclovias, a parte que eu conheço de São Paulo, já que eu já estive em julho vendo a minha filha em uma peça, eu fiquei horrorizado com essas ciclovias. Com a falta de segurança e de estrutura necessárias para que elas existam. Acho que tem que ter muito além do que pintar uma faixa na rua e achar que isso é suficiente", afirmou.
"Não quero achar culpado. Não é a nossa vontade. Não vai trazer a minha filha de volta, mas foi negligência". O pai disse que não chegou a ir ao local do acidente e que não está a par dos novos passos da investigação.
O pai chegou ao Instituto Médico Legal (IML) Central, onde está o corpo da filha, no início da manhã desta sexta-feira (4) com um pequena sacolinha de roupas.
Acidente (no detalhe) foi no cruzamento da Avenida Faria Lima com Rua Chopin Tavares de Lima; ciclovia passa pelo canteiro central da avenida e é interrompida pelo cruzamento; há um semáforo no local (Fotos: Reprodução/Google Street View/Andreia Barros/Arquivo pessoal)
"Na vida, um pai jamais está preparado para enterrar um filho. A lei da vida é assim. A gente espera sempre que os pais vão antes que os filhos. Então, você imagina como eu como pai e a mãe dela, as nossas famílias, se sentem em momentos como esse. É de extrema dor. Um momento que não tenho palavras para descrever", disse.
Ele confirmou que a jovem será velada e enterrada na cidade de Soledade, no interior do Rio Grande do Sul. "Uma perda tão trágica, de forma tão forte. Desculpe usar o termo, mas tão estupido como esse". E completou: "Que sirva o que aconteceu com minha filha para que sejam tomadas as providências necessárias".
Sobre a filha, o pai resumiu. "A Mariana era um anjo". Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas desde terça-feira (1º) e sofreu traumatismo craniano.
Modelo Mariana Livinalli sofreu acidente grave na Faria Lima (Foto: Reprodução/Facebook)
Acidente
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que a ocorrência aconteceu no cruzamento da Rua Chopin Tavares de Lima com a Faria Lima. A ciclovia da Faria Lima cruza esta rua, onde há um semáforo.
Acidente foi no cruzamento da Avenida Faria Lima com Rua Chopin Tavares de Lima (Foto: Andreia Barros/Arquivo pessoal)
Bicicleta ficou quase debaixo do ônibus (Foto:
Karina Jesus Bezerra/Arquivo pessoal)
Em nota, a CET lamentou o acidente e disse aguardar "investigação da Polícia para esclarecer as circunstâncias". Segundo a companhia, para os ônibus que trafegam na Faria Lima, no sentido Itaim/Pinheiros, é permitida a conversão à esquerda para a Rua Chopin Tavares de Lima.
"Esse cruzamento é controlado por semáforo, com um foco específico para conversão de ônibus à esquerda e outro específico para ciclistas. A ciclovia fica no canteiro central da Av. Brigadeiro Faria Lima", disse a CET na nota.
A estudante de jornalismo Andreia Barros estava saindo do dentista quando houve o acidente. Segundo ela, a ciclista estava fora da ciclovia e cruzou a avenida quando o semáforo estava fechado para bicicletas e pedestres. Andreia enviou uma foto ao G1.
Já segundo a estudante de direito e assistente jurídica Karina de Jesus Bezerra, que testemunhou para a polícia sobre o acidente, a modelo vinha pela ciclovia e estava sem capacete. Karina disse que estava no ônibus sentada atrás do banco do motorista e viu quando o semáforo abriu para o ônibus atravessar a Faria Lima.
"Como é um cruzamento, o ônibus estava atravessando, e ela não reparou. Ela bateu na lanterna do lado esquerdo da frente do ônibus", afirmou.
Karina disse que ligou para a polícia e o resgate chegou rápido. "A moça estava inconsciente." Segundo ela, o motorista e o cobrador do ônibus ficaram muito abalados. "O motorista chorou."
De acordo com o delegado que investiga o acidente, peritos afirmam que o motorista não cometeu nenhuma irregularidade e parou para socorrer a jovem. Eles disseram que que ela não deve ter percebido o semáforo fechado para ela.
'Jovem promissora'
A JOY Model, agência onde a modelo trabalhava, lamentou a morte de Mariana nas redes sociais e disse ela passou por procedimentos cirúrgicos, porém não resistiu aos ferimentos. Na mensagem, a agência diz que a jovem era uma profissional gentil, amável e promissora, além de ser humano iluminado.
Mariana era de Soledade, no Rio Grande do Sul, onde mora sua família. Adriana Livinalli, mãe de Mariana, disse que a filha morava há dois anos em São Paulo, no bairro de Pinheiros. Ela começou a trabalhar como modelo por volta de 15 anos. Com 17, se mudou para a Ásia. Ela é modelo da agência JOY Model Management.
Entre outros trabalhos, foi duas vezes capa da revista Women's Health, fez editoriais das revistas Boa Forma, Nova, fez campanha para a C&A, e, recentemente, para a Monange.
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