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Quarta - 25 de Maio de 2016 às 17:52
Por: Antonielle Costa - Folha Max

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O ex-secretário de Estado, Cesar Zílio, citou em seu depoimento que o empresário Júlio Minori Tisuji, dono da empresa Web Tech Softwares e Serviços Ltda, havia lhe confidenciado que pagou propina para manter contratos com o Governo do Estado em gestões anteriores a de Silval Barbosa (PMDB), preso durante a operação Sodoma. A revelação consta em um depoimento de Zílio no dia 22 de março na sede do Ministério Público Estadual, na presença dos delegados Márcio Moreno e Alexandra Fachone. “Afirma que Júlio já possuía contratos anteriores com o governo sendo que no ano de 2011 quando o interrogando assumiu a SAD foi feita uma nova licitação. Afirma que Júlio Minori Tsuji o procurou na SAD pouco tempo antes de terminar seu contrato, a fim de se apresentar ao interrogando dizendo que já prestava serviços ao Estado e que gostaria de continuar a contratar com o governo, chegando a dizer que se assim ocorresse o interrogando poderia contar com ele, que ele estava disposto a colaborar, dizendo assim que estava disposto a pagar propina caso continuasse a contratar com o Governo. Júlio afirmou inclusive, que pagava propina para gestores no governo anterior, contudo não revelou quem seriam esses gestores”, diz um trecho do depoimento.

Foi a partir dessa conversa que Zílio atuou para direcionar a licitação para o empresário, chegando a colocar no edital uma capacidade técnica que só a empresa dele teria. “O interrogando concordou em receber a propina ofertada por Júlio e que como o governo tinha que fazer nova licitação para que uma empresa prestasse os mesmos serviços que a WebTech vinha prestando, combinou com Júlio que iria direcionar esse novo certame, a qual teria o mesmo objeto do contrato que Júlio já vinha executando. O direcionamento seria no tocante a capacidade técnica exigida no edital, porquanto somente a empresa de Júlio possuía essa capacidade no Estado de Mato Grosso, justamente por conta do trabalho que já vinha executando”, diz outro trecho do depoimento.

Ficou acertado o repasse a título de propina de 20% do valor Julio que recebesse, já que não era mensal, não se lembrando o quanto recebeu ao todo de propina do empresário. O dinheiro era pago tanto em cheque quanto em espécie e era recebido em mãos pelo próprio Zílio.

OUTRAS SECRETARIAS E SILVAL

Zílio citou ainda que ouviu nos corredores da SAD que as propinas também eram pagas a agentes públicos da Secretaria de Fazenda e da Procuradoria Geral do Estado. “O interrogando ficou sabendo pelos corredores do governo que além de pagar propina para sua pessoa na SAD pagava para outras secretarias e órgãos onde os serviços de Júlio eram realizados, dentre elas a Sefaz – Secretaria de Fazenda e a PGE, contudo não sabe dizer para quem era efetuados esses pagamentos”, diz outro trecho do depoimento.

O ex-secretário confessou ainda que Silval não tinha conhecimento que ele recebia a propina de Júlio e disse não saber se após deixar o comando da SAD, o empresário continuou a pagar propina a outras pessoas no governo Silval. “Que em razão dos pagamentos e propinas recebidos por Júlio, por não serem de forma continuada, mês a mês, Silval da Cunha Barbosa não possuía conhecimento de que o interrogando recebia propina desse contrato e assim o interrogando não tinha obrigação de repassar a ele, Silval Barbosa, qualquer valor”, diz outro trecho do depoimento.

Zílio chegou a ser preso em uma das fases da Operação Sodoma e foi colocado em liberdade após decidir pelo instituto da colaboração premiada. No acordo, ele aceitou devolver R$ 1,35 milhão aos cofres do Estado, divididos em cinco parcelas semestrais de R$ 270 mil, sendo que a primeira já deve ser efetuada em junho.

Como garantia do pagamento, Zílio ofereceu cinco salas comerciais localizadas no Edifício Helbor Dual Business Office e Corporate, no Loteamento Parque Eldorado, em Cuiabá, e 700 cabeças de gado de propriedade do ex-secretário Pedro Nadaf. Ele também se comprometeu a entregar ao Estado o imóvel de R$ 13 milhões adquirido na Avenida Beiro Rio com dinheiro de propina.

A colaboração premiada foi homologada de forma parcial pela juíza Selma Rosane dos Santos, da 7ª Vara Criminal, por entender que ele teve participação efetiva na suposta organização criminosa e por isso não pode deixar de ser denunciado como requereu o Ministério Público Estadual.

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