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Quarta - 29 de Junho de 2016 às 13:16
Por: Rafael Costa - Folha Max

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Camila Ribeiro/Midianews

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As investigações da Operação Seven conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) revelam que o ex-presidente do Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso), Afonso Dalberto, usou contas bancárias de sua esposa e filha e até do próprio pai para aparentar legalidade no dinheiro que recebeu de propina no esquema que desviou de R$ 7 milhões dos cofres públicos apurados na "Operação Seven". Conforme narrado na denúncia criminal encaminhada a Justiça, o médico Filinto Correa da Costa, proprietário do terreno, recebeu em sua conta bancária a quantia de R$ 6,5 milhões por meio de dois depósitos e assumiu a responsabilidade pela distribuição da quantia aos demais acusados.

Após o recebimento de cada parcela, Filinto Correa da Costa emitiu várias cheques ao procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o "Chico Lima". Por sua vez, o ex-procurador repassou ao ex-secretário chefe da Casa Civil Pedro Nadaf que encaminhou seis cheques a Afonso Dalberto.

A partir daí, o ex-presidente do Intermat simulou um empréstimo financeiro para aparentar legalidade do dinheiro que teria recebido após desvio dos cofres públicos do Estado. A quantia recebida correspondeu a R$ 330 mil

“Extrai-se da investigação que tendo pleno conhecimento da origem ilícita do dinheiro que recebeu de Pedro Nadaf, mesmo antes da consumação do peculato, mas já consciente de que ela ocorreria, Afonso Dalberto desenvolveu um artíficio para torna-lo lícito, qual seja, simular um empréstimo a terceiro para que pudesse entregar o dinheiro ilícito oriundo de crime contra o Estado de Mato Gross e receber em troca dinheiro limpo decorrente do pagamento de empréstimo”, diz um dos trechos.

Ainda consta que Afonso Dalberto buscou o empresário Luciano Cândido do Amaral, que concordou em ser destinatário do empréstimo forjado em fazer o dinheiro circular pelas contas bancárias de terceiros antes de devolvê-los tanto na conta bancária do ex-presidente do Intermat como nas contas bancárias de Maria Rosa Dalberto (esposa) e Gleice Maria da Silva Dalberto (filha).

“As duas últimas (mãe e filha), sem conhecimento do engodo, teriam suas contas bancárias utilizadas por Afonso para o recebimento dos valores lavados, dissimulando e ocultando a sua origem e natureza ilícita, a sua localização, sua movimentação e, principalmente, sua propriedade, eis que embora viessem a ostentar a propriedade do dinheiro, este bem jamais sairia do domínio de Afonso Dalberto, contudo, ficaria a salvo do controle e fiscalização das autoridades competentes”, diz um dos trechos da denúncia.

Após receber cheques nas quantias de R$ 65 mil e R$ 50 mil, Afonso Dalberto repassou ambos ao empresário Luciano Candido do Amaral, que por sua vez depositou na conta bancária de seu pai, Braz José do Amaral, tendo ocorrido a compensação em 16 de dezembro de 2014.

“Após ter feito circular o dinheiro nas contas bancárias de seus familiares, Luciano Cândido do Amaral, passou então a desenvolver a Afonso Dalberto o dinheiro lavado, já desvinculado da origem criminosa, por meio de transferências efetuadas para as contas bancárias de titularidade de Maria Rosa Dalberto (esposa de Afonso Dalberto), Gleice Maria da Silval Dalberto (Filha de Afonso Dalberto), Agropecuária Pedro Emílio Eirele (de propriedade da filha de Afonso Dalberto) e do próprio Afonso Dalberto, fazendo integrar, assim, ao patrimônio deste último o valor de R$ 330 mil desviados do Estado de Mato Grosso”, completa a denúncia.

OPERAÇÃO SEVEN 2

A juíza da 7ª Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, acatou no dia 27 de junho denúncia contra 13 acusados de "lavar" dinheiro R$ 7 milhões desviados dos cofres públicos de Mato Grosso. A ação penal é referente ao desdobramento das investigações da primeira fase da operação Seven. O Gaeco iniciou o rastreamento destino do dinheiro desviado, recebido por Filinto Correa da Costa.

Já foram identificados outros beneficiários do suposto esquema que teve início com a descoberta de uma venda duplicada de uma área de 721 hectares na região do Manso no final do ano de 2014. “A continuidade da investigação propiciou a revelação de parte da lavagem do dinheiro público desviado do Estado de Mato Grosso perpetrados principalmente pelo beneficiário direto do peculato Filinto Correa da Costa, que, ao receber o dinheiro ilícito em sua conta bancária, empregou os mais diversos engenhos para dar-lhe aparência lícita”, diz trecho.

Na denúncia, são narrados 11 casos de como o grupo de 13 pessoas tentou ocultar o patrimônio desviado através de negócios com factorings, compra de fazenda, veículos e motos de luxo e ainda depósitos para familiares. O Gaeco indicou cinco testemunhas, que são Egnaldo da Silva Gois, José Gonçalo de Souza, João Bertoli Filho, Fernanda Valentina Pereira Nunes e Benedito Bento Sobrinho.

LISTA DOS RÉUS

1) Filinto Correa da Costa - médico

2) João Celestino Correa da Costa Neto - advogado

3) Filinto Correa da Costa Junior - empresário

4) Francisco Gomes de Andrade Lima Filho - procurador aposentado

5) Pedro Jamil Nadaf - ex-secretário da Casa Civil

6) Marcel Souza de Cursi - ex-secretário de Fazenda

7) Afonso Dalberto - ex-presidente do Intermat

8) Luciano Cândido do Amaral - empresário

9) João Justino Paes de Barros - ex-presidente da Metamat

10) Roberto Peregrino Morales - fazendeiro

11) Antônia Magna Batista da Rocha - empresária

12) André Luiz Marques de Souza - empresário

13) Marcos Amorim da Silva - diretor do Sesc em Mato Grosso





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