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Cidades/Geral
Segunda - 29 de Agosto de 2016 às 06:53
Por: Denise Soares/G1-MT

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Quatro cidades mato-grossenses estão entre os 150 municípios com as maiores taxas médias de homicídios por arma de fogo em 2014. A informação, divulgada nesta quinta-feira (25), consta no estudo 'Mapa da Violência 2016', coordenado pelo professor e sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diretor de pesquisa do Instituto Sangari e coordenador da Área de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO).

Segundo o levantamento, quatro cidades de Mato Grosso aparecem no ranking: Primavera do Leste (a 239 km da capital), Várzea Grande (na região metropolitana de Cuiabá), Rondonópolis (a 218 km de Cuiabá) e Colniza (1.065 km da capital).

A pesquisa usou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do Ministério da Saúde de 2014. O estudo avaliou dados de mortes causadas por acidente, homicídio, suicídio ou motivo indeterminado causadas com uso de arma de fogo.

Primavera do Leste aparece na posição 92º, Várzea Grande é a 110ª, Rondonópolis em 125º lugar e Colniza no 144º lugar. Os dados levaram em consideração o processo de desconcentração econômica nas cidades, que gerou novos atrativos de investimento, força de trabalho, migrações e oferta de emprego. Esses fatores, agregando com as deficiências e insuficiências nos estados, contribuíram para a 'atração' da criminalidade e violência nesses municípios.

Outro fator, conforme o levantamento, é que algumas cidades são consideradas rotas de grandes organizações de contrabando de armas ou produtos, pirataria e tráfico de drogas. As cidades citadas também podem ter registrados de trabalho escravo, grilagem de terras, empreendimentos agrícolas e interesses políticos e financeiros.

“Nós não podemos deixar de associar a criminalidade pela ausência e fragilidade de políticas de prevenção ao crime. [As vítimas] são jovens que deveriam estar integradas no mercado de trabalho ou no ambiente escolar. Há um fracasso no sistema de inclusão desses jovens. Estando ausentes os direitos e cidadania, eles [as vítimas] ficam em vulnerabilidade aos demais riscos, como a droga, inimizades e brigas”, criticou o sociólogo Naldson Ramos da Costa.

Naldson é membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania (Nievci) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Colniza é histórica a participação. É uma região de extensão territorial com disputa de terras e ausência do poder público na área rural. Existe o problema de grilagem de terras e pistolagem”, comentou o sociólogo.

No entanto, as quatro cidades representam apenas 2,8% do total dos municípios mais violentos quanto aos assassinatos por arma de fogo.

O estudo ainda revela o sexo das vítimas presentes nas estatísticas: 803 são do sexo masculino e 42 do sexo feminino. Os homens representam 95% da média em Mato Grosso. Sobre a idade das vítimas, o levantamento aponta a concentração de mortalidade, nas idades de 15 a 29 anos, na marca de 57,7 mortes por 100 mil jovens. Brancos representam 17,6 mortes, enquanto que os negros concentram 30,6 mortes por 100 mil jovens.

“Não se combate crime com repressão ou a presença de policiais. É difícil tirar isso da cabeça das autoridades. O que faz a pessoa não ser violenta é o que ela recebeu de educação e controle interno. Quando falha na família e na escola, consequentemente o que sobra é a violência. Para não morrer, ele mata”, avaliou Naldson.





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