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Terça - 18 de Abril de 2017 às 20:46
Por: Paulo Victor Fanaia Teixeira/Olhar Direto

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Como revelou a própria empreiteira Odebrecht, em suas delações premiadas, o esquema de fraudes em licitação e pagamentos de propinas vigora no Brasil a mais de 30 anos. Neste meio tempo, conseguiu agradar grande quantidade de “goelas famintas”. Em uma lista de centenas de ex-presidentes, governadores, senadores, deputados federais e ministros, o Estado de Mato Grosso não poderia estar de fora. A terra da Sodoma, da Arqueiro e da Castelo de Areia possui 13 representantes na “Operação Lava Jato”. Conheça-os:


Blairo Maggi:

O citado com maior destaque é o ex-governador e atual Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o agrônomo Blairo Borges Maggi, conhecido no esquema como “Caldo”. Considerado braço forte do presidente Michel Temer, ele é acusado de ter recebido R$ 12 milhões da Odebrecht via “caixa 2” para financiar sua campanha ao governo do Estado em 2006. Maggi venceu aquela disputa e hoje nega com veemência que essa quantia tenha entrado na conta de sua campanha. Em entrevista à rádio na manhã desta terça-feira (18), disse estar chateado em ter que responder por esse tipo de acusação.

"Lamento que meu nome tenha sido incluído numa lista de pessoas citadas em delações da Construtora Odebrecht, sem que eu tivesse qualquer possibilidade de acesso ao conteúdo para me defender. Me causa grande constrangimento ter minha honra e dignidade maculadas, numa situação na qual não sei sequer do que sou acusado. Mesmo assim, gostaria de esclarecer que: 1. Não recebi doações da Odebrecht para minhas campanhas eleitorais; 2. Não tenho ou tive qualquer relação com a empresa ou os seus dirigentes. 3. Tenho minha consciência tranquila de que nada fiz de errado".

Eder Moraes:

Para os delatores da Lava Jato, a captação dos R$ 12 milhões via “caixa 2” para Maggi não teria sido bem sucedida não fosse uma participação importante, a do ex-secretário de Fazenda Eder de Moraes Dias. Segundo as delações, teria sido ele o responsável por intermediar o esquema. Mesmo sendo réu em inúmeras outras ações penais na Justiça Federal de Mato Grosso, já tendo, inclusive, sido condenado a 69 anos de prisão em uma delas, Eder recebeu “a notícia (de sua acusação) com surpresa”.

Segundo seu advogado, Ricardo Spinelli, Eder “nega as acusações, sendo que recebeu a notícia com surpresa, uma vez que jamais teria tido contato com executivos da Odebrecht e também porque não exerceu qualquer atividade na campanha eleitoral de Blairo Maggi, em 2006”. O ex-secretário salientou ainda que aguarda notificação formal para se inteirar melhor da acusação e dos elementos dos autos.

Luiz Antônio Pagot:

Outra figura que teria dado suporte a execução de pagamentos de propina em prol de campanhas eleitorais de Maggi seria o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot. Ele teria intermediado as negociações para recebimento de propina do Grupo Odebrecht, a fim de viabilizar à reeleição do agrônomo.

Pagot nega. “Nunca tratei deste assunto, isso é certeza. Eu fui coordenador geral das campanhas, não financeiro. Acredito que este assunto nunca foi tratado por ninguém envolvido diretamente nas campanhas. Também não acredito que o Blairo tenha tratado disto. Se houve alguma coisa, Blairo foi passado para trás", asseverou ao Olhar Direto.

José dos Santos, João Virgílio do Nascimento Sobrinho e Francisco Gomes de Andrade Lima Filho:

Celeridade na liberação de créditos à Odebrecht. Essa teria sido a oferta feita pelo ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Edmilson José dos Santos e pelos ex-procuradores do Estado João Virgílio do Nascimento Sobrinho e Francisco Gomes de Andrade Lima Filho. "Cofrinho", “Careca” e “Manhoso”, respectivamente, seriam os apelidos dados aos três, segundo os delatores. Em troca da celeridade do processo, a empreiteira deveria pagar R$ 330 mil para cada um. Os valores teriam sido pagos entre 2006 e 2007, na gestão do ex-governador Blairo Maggi.

Segundo os ex-executivos do Grupo Odebrecht, a empresa possuía dinheiro a receber dos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por obras executadas nos anos de 1980. Sem receber por alegada falta de verba federal, em 2004, um acordo foi fechado com os estados para criação de uma comissão para resolução do caso. Para dar celeridade ao pagamento: propina. “O quanto antes levantassem esses valores, mais rápido seria o encontro de contas com o governo federal. Na sequência, teríamos direito a receber esses valores”, relatou o delator.

Valdebram Padilha:

Outra figura mato-grossense revelada pelas delações da Odebrecht já estava, por certo tempo, fora dos holofotes, o ex-tesoureiro de campanha do PT em Cuiabá Vandebram Padilha. Ele também é dono de uma empreiteira no interior de Mato Grosso e foi responsável pela campanha de Alexandre César a prefeitura de Cuiabá em 2004. Padilha teria ficado à cargo de comprar um dossiê contra José Serra (PSDB) em 2006, em favor de Aloizio Mercadante, que na ocasião disputava as eleições ao governo do Estado de São Paulo com o tucano. Para obtenção dos documentos, seria aplicado dinheiro oriundo de lavagem de dinheiro entre Odebrecht e a cervejaria Itaipava. O esquema, entretanto, falhou e o “aloprado” foi preso em flagrante pela Polícia Federal (PF) em um quarto de hotel com US$ 109,800 mil e mais R$ 758 mil em dinheiro.

Pedro Henry:

Ainda que longe dos holofotes políticos, outra personalidade do Estado que sempre marca presença nas editorias policiais é o ex-deputado Federal Pedro Henry. Ele foi citado em dois momentos distintos na “Operação Lava Jato”. O político teria atuado no suposto esquema de fraudes e propinas instalado na Petrobras, entre os anos de 2004 e 2014. A ação, proposta no dia 30 de maio, pediu devolução de mais de R$ 2 bilhões aos cofres públicos, perda dos cargos, suspensão dos direitos políticos e descontos nos cálculos de aposentadoria parlamentar.

Segundo o procurador Deltan Dallagnol, Pedro Henry e os outros 09 denunciados compunham um esquema no PP e em contrapartida, recebiam mesadas que variavam entre R$ 30 mil e R$ 300 mil. As quantias ilícitas ainda enriqueciam o Fundo Partidário do PP e garantiam a eleições de novos membros para o esquema.

Em outro momento, o ex-deputado federal foi citado na delação premiada do ex-funcionário da Odebrecht José de Carvalho Filho. Conforme o delator, no ano de 2004, Henry teria pedido R$ 2 milhões em propina para atuar em favor da aprovação de emenda à Medida Provisória 183, que reduzia a zero a alíquota de impostos na importação e comercialização de fertilizantes e defensivos agrícolas. A propina, entretanto, não foi paga e mesmo assim a emenda foi aprovada no Congresso. Narra o delator que um almoço marcou o fracasso da negociação da propina. “Chegando lá Pedro Henry me fez uma solicitação estapafúrdia. Ele me pediu que pagasse naquela tarde R$ 2 milhões. Impossível, inviável, não há a menor possibilidade”, teria respondido Carvalho Filho, conforme narrou o próprio aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF).

Questionado por Olhar Jurídico, o advogado de Pedro Henry, Ricardo Almeida, garantiu que “vai ficar comprovado que ele não tem absolutamente nenhuma participação nos eventos ali. (Não participou) de forma alguma. Não recebeu (dinheiro ilícito) e ele tem como provar isso. Ele não fazia mais parte da cúpula do PP. Ele já estava há muito tempo afastado da cúpula do partido. Então, ele não tem nenhuma responsabilidade sobre as imputações ali mencionadas”, afirmou no último dia 10.

Questionado sobre o motivo de Pedro Henry ter sido denunciado no esquema. O advogado explica. “Sabe o que acontece? O ex-deputado Pedro Henry de fato, até determinado período, foi líder do partido. Realmente, tinha liderança no PP. Mas, em um determinado momento essa liderança dele no PP foi sendo afastada, de modo que quem a assumiu foi o ex-deputado José Janene”.


Lúdio Cabral:

Candidato à prefeitura de Cuiabá em 2012 e ao governo do Estado em 2014, o ex-vereador pelo PT, Lúdio Cabral (o “Ema”) foi o primeiro nome do Estado a ser citado na “Operação Lava Jato”. Segundo Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o BJ, que era diretor da Odebrecht Infraestrutura, Lúdio Cabral teria recebido R$ 1 milhão a título de propina da Odebrecht para financiar sua campanha em 2014.

Em resposta ao Olhar Jurídico, a defesa de Lúdio Cabral, feita pelo advogado José Patrocínio, negou veementemente que tenha havido “Caixa 2” da empreiteira na campanha do petista. “De forma nenhuma houve caixa 2”, declarou. No último dia 12, Lúdio declarou desconhecer o teor das acusações contra ele. Nesta terça-feira (18) a defesa segue alegando desconhecer.

Assis Raupp:

Segundo o jornal Estadão, o ex-prefeito de Colniza Assis Raupp (PMDB) aparece na delação da Lava Jato. Seu apelido seria “São Francisco”. Segundo o ex-diretor da Odebredcht Henrique Serrana do Prado Valadares ele teria recebido dinheiro de propina a pedido do seu irmão, senador Valdir Raupp (PMDB-RO).

Valdir Piran, Janaína Riva e José Geraldo Riva Júnior:

Os três últimos citados da “Lava Jato” compõem uma mesma acusação, são eles o empresário do ramo de factoring Valdir Piran, a deputada Estadual Janaína Riva (PMDB) e seu irmão José Geraldo Riva Junior, ambos filhos do homônimo ex-deputado Estadual.

Eles foram citados em um inquérito que apura lavagem de dinheiro envolvendo o doleiro Lucio Bolonha Funaro, tido como operador dos esquemas do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Funaro teria usado de suas empresas para promover “transações suspeitas” para a empresa Floresta Viva Exportação de Madeira Terraplanagem e para o empresário do ramo de factoring Valdir Piran.

Segundo investigações do Ministério Público Federal (MPF), algumas das empresas de Funaro seriam de fachada e que serviriam apenas para promover lavagem de dinheiro. “Interessante apontar que a conta da Viscaya Holding e Participações (uma das empresas de Funaro), assim, recebeu R$ 300.000,00 de Valdir Agostinho Piran e, depois, repassou a mesma quantia para Floresta Viva, empresa de José Geraldo Riva Junior e Janaína Greyce Riva”, afirma o procurador-geral, Rodrigo Janot.

Em sua defesa a deputada estadual disse que quem administra a empresa é seu pai, o ex-deputado José Geraldo Riva, logo, “todas as operações são assinadas por ele", disse Janaina em nota ao site MídiaNews, que revelou o inquérito. Já a defesa de Valdir Piran informa que relacionou-se com Funaro quando comprou dele uma Lamborghini e que toda a documentação comprova a licitude de seus negócios.





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