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Quinta - 18 de Maio de 2017 às 06:00
Por: Vinicius Lemos/ Folha Max

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Ao menos três policiais militares tinham acesso às interceptações telefônicas irregulares que eram praticadas no Estado, conforme denúncia encaminhada pelo promotor de Justiça, Mauro Zaque, à Procuradoria Geral da República (PGR). Posteriormente, os agentes de segurança pública foram promovidos e atualmente ocupam cargos na Casa Militar.

De acordo com a denúncia, os cabos Gerson Luiz Ferreira e Clayton Dorileo Rosa de Barros, e a sargento Andrea Pereira de Moura Cardoso atuavam no Núcleo de Inteligência da Polícia Militar do Estado. Eles tinham acesso aos dados cadastrais dos telefones dos interceptados pela Justiça e a todas informações colhidas durante a quebra de sigilos.

Os três membros da PM atuaram no Núcleo de Inteligência em 2015, período em que supostamente ocorreriam as interceptações ilegais, que teriam se iniciado em 2014. O setor da Polícia Militar prestava apoio ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) em casos de interceptações telefônicas.

Os policiais militares eram os responsáveis por trabalhar no sistema Guardião, que realiza as interceptações telefônicas mediante autorização judicial. Eles eram os responsáveis por fazer relatórios, análises das investigações, observações de números e apontavam pessoas que possivelmente poderiam ter ligações com os casos apurados.

Conforme a denúncia do promotor, as fraudes nas escutas telefônicas ocorriam em razão dos pedidos feitos pela Inteligência da PM. Eles teriam utilizado a prática conhecida como “barriga de aluguel”, na qual eram solicitadas interceptações de eventuais criminosos – no caso, uma quadrilha de tráfico de drogas e, posteriormente de assaltantes – e também eram incluídos nomes de outros alvos, que não tinham relação com os crimes.

O esquema teria grampeado ilegalmente, ao menos, 120 pessoas, desde 2014. Entre os alvos, estão políticos com mandados, assessores, advogados, jornalistas, médicos, policiais, entre outros.

Zaque afirmou que membros do alto escalão do Executivo Estadual eram os responsáveis por ordenar as escutas irregulares. Os três membros da Polícia Militar, que tinham autorização para conduzir o sistema Guardião, atualmente trabalham na Casa Militar.

Eles foram nomeados pelo governador Pedro Taques (PSDB) no ano passado. Os três ocupam cargos relevantes na pasta, como por exemplo a sargento Andrea Pereira de Moura Cardoso, que atua na comissão de Direção Geral e Assessoramento, enquanto Gerson Luiz Ferreira é integrante do Comitê Estadual de Acompanhamento de Conflitos Fundiários do Estado. Antes de ser nomeado na Casa Militar, Clayton estava lotado no Comando-Geral da PM, no gabinete do comandante.

Já a sargento Andrea estava na Diretoria de Gestão de Pessoas da PM, em Cuiabá. Atualmente, os três policiais são subordinados ao chefe da Casa Militar do Estado, coronel Evandro Alexandre Lesco, que a época dos grampos era adjunto da pasta comandada pelo coronel Siqueira Júnior. Conforme a denúncia encaminhada por Zaque, Lesco, que também trabalhava no Núcleo de Inteligência da PM, teria comprado dois equipamentos que poderiam realizar e gravar interceptações telefônicas.

Os equipamentos foram comprados por Lesco em 2015, pelo valor de R$ 24 mil. Apesar de ter comprado em seu próprio nome, ele pediu que os equipamentos fossem entregues ao Comando Geral da Polícia Militar do Estado.

DECISÕES

Cerca de 44 pessoas tiveram os sigilos telefônicos decretados pela Justiça em Cáceres. No entanto, ao menos 17 não tinham nenhuma ligação com os crimes de tráfico que supostamente estavam sendo investigados pelo Núcleo de Inteligência da PM.





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