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Comportamento
Terça - 18 de Julho de 2017 às 10:43
Por: Karina Cabral/Mídia News

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Antes do desabafo, a Polícia Civil já investigava o caso
Antes do desabafo, a Polícia Civil já investigava o caso

Após relatar no Facebook os oito anos de abusos sexuais cometidos pelo próprio pai, a estudante K.M., de 19 anos, afirmou que o desabafo lhe fez bem e deu forças para continuar.

A jovem, que diz ter sido abusada durante o período em que morou em Pontal do Araguaia (512 Km de Cuiabá) com os pais, disse ao MidiaNews que já imaginava que a postagem, que chegou a 60 mil curtidas, teria grande repercussão.

Segundo ela, muitas pessoas a têm procurado para relatar experiências parecidas.

“Ao mesmo tempo em que é horrível saber de tantas histórias assim, é gratificante constatar que pude ajudar algumas pessoas através do meu texto”, disse.

K.M. afirmou que expôs os abusos na internet por não aceitar que o pai ainda esteja solto.

Ao mesmo tempo que é horrível saber de tantas histórias assim, é gratificante saber que pude ajudar algumas pessoas através do meu texto publicad

“Me senti furiosa por estar deprimida e por ter sofrido tanto e meu pai estar livre hoje. A postagem foi uma maneira de me vingar e é uma maneira de ajudar outras meninas”.

Ela contou que a família e os amigos ficaram espantados, tristes e com raiva de toda essa situação, mas que a apoiaram. Inclusive o marido, que já sabia dos abusos, ficou feliz por sua coragem.

A jovem disse que não tem contato com o pai desde outubro do ano passado, mas que só fez a denúncia na polícia em abril deste ano, em Tangará da Serra (239 Km de Cuiabá), onde mora atualmente.

Apesar do grande alcance, a publicação foi denunciada e o Facebook a removeu.

Na publicação, ela deixou uma mensagem de encorajamento a todas as mulheres que passaram por abusos.

“Embora eu saiba que muitas vivem isso, não quero. Escrevi esse texto para tentar ajudar de algum jeito as vítimas de abuso, que vivem o que vivi por sete ou oito anos da minha vida. Você é forte, menina! Você é muito forte então se levante e não se esconda. É o seu corpo e é você quem decide quem o toca. Se ninguém te ajuda, ajude a si mesma. Você é linda e é digna de amor”, aconselhou.

Entenda o caso

K.M. usou seu perfil no Facebook para denunciar os anos em que foi abusada sexualmente pelo seu próprio pai.

O caso já era investigado, mas só ganhou repercussão nesta semana, após a postagem em que ela relatou os abusos.

A jovem contou que os assédios começaram quando ela tinha por volta de sete anos, ao morar com os pais pela primeira vez após passar parte da infância com a avó.

Segundo o relato, o pai passou a se deitar na cama com ela, dizendo que iriam “brincar”. Ela, uma criança na época, tentava resistir aos assédios. “Fechei meus olhos enquanto ele acariciava meu corpo. Eu disse que não queria. Mas homens não entendem que não é não”, contou.

Após o estupro, o homem ainda chegava a dar dinheiro ou a liberava para brincar, como tentativa de comprar seu silêncio. Ela se trancava no banheiro e chorava.

Aos 12, tentou contar a situação para a mãe, que chegou a relatar o fato para toda a família, mas não lhe deu credibilidade.

Em outro trecho, ela revela que aos 15 tomou forças para enfrentar o pai. “Ele me levou pro quarto à força e eu disse que se ele tocasse em mim eu iria denunciar ele. Ele me agarrou pelo braço e me jogou no chão pra fora do quarto e me chamou de ingrata. Nesse dia eu me tranquei no banheiro e chorei desesperada sentada no chão com medo de que algo acontecesse com meus irmãos e minha mãe. Pois ele sempre se tornava agressivo com todos quando eu demonstrava ter força e coragem para contar a todos”.

A jovem começou então a desenvolver um quadro depressivo, chegando a perder 10 kg em apenas um mês. Depois de ouvir da mãe que era “assim porque queria”, em outubro de 2016 ela tentou o suicídio.





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URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/425428/visualizar/