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Economia
Segunda - 16 de Setembro de 2019 às 08:49
Por: Vinícius Bruno/RD News

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Rodinei Crescêncio
Liliane Ramos, gerente de Empreendedorismo, cita a entrada de um grande grupo que busca
Liliane Ramos, gerente de Empreendedorismo, cita a entrada de um grande grupo que busca "subsistência" no MEI

Em 10 anos da criação da figura do Microempreendedor Individual (MEI), e 155 mil pessoas em Mato Grosso atuam nesta modalidade. Apesar de ter sido considerado um avanço para garantir competitividade a pequenos empreendedores, que de forma simplificada podem prestar serviços ou vender produtos dentro do mercado formal, neste grupo ainda persistem alguns problemas, como o elevado índice de inadimplência ou a falta de planejamento para se dar início ao negócio. Fatores estes que resultam em alto índice de encerramento das atividades sem que antes se alcance o tão sonhado “sucesso” no mundo dos negócios.

Em Mato Grosso, a média de inadimplência se situa em 45% e consiste no não pagamento da taxa mensal de R$ 54. A gerente de empreendedorismo do Sebrae-MT, Liliane Ramos disse ao que o principal resultado negativo da indamiplência é a falta de cobertura previdenciária. “Sem pagar a taxa, o MEI perde a carência do INSS e mesmo se pagar os débitos atrasados, para voltar a ter direito novamente precisa pagar 12 contribuições a partir do primeiro pagamento em dia”.

Liliane avalia que um dos principais fatores que influenciam nas estatísticas do MEI é o chamado empreendedorismo por necessidade. Diante do elevado índice de desemprego nos últimos anos, muitas pessoas buscaram criar seu próprio negócio como forma de subsistência, e por isso, formalizaram-se como MEI, mas sem o devido planejamento e sem conhecimento de informações importantes que garantem a viabilidade e manutenção do negócio.

O resultado do empreendedorismo por necessidade nem sempre é o êxito. No Brasil, 22% dos microempreendedores individuais que encerraram suas atividades foram motivados pela falta de rentabilidade dos negócios, outros 18% conseguiram um emprego com renda fixa e abandonaram suas atividades empresariais e 13% não tinham clientes.

Muitas vezes sabe fazer uma coxinha maravilhosa, mas não sabe fazer gerência de mercado, planejamento de renda ou não se sabe qual é a necessidade do mercado

Liliane Ramos

Este cenário muitas vezes é motivado pelo que Liliane chama de a “síndrome da coxinha”, que acontece que alguém acredita saber fazer uma coxinha que é apreciada por todos, e com isso, acredita que isso seja o suficiente para apostar nesse produto como um negócio. “Muitas vezes sabe fazer uma coxinha maravilhosa, mas não sabe fazer gerência de mercado, planejamento de renda ou não se sabe qual é a necessidade do mercado. Não se pode apenas abrir uma empresa do nada, precisa enxergar o que não está sendo atendido no mercado, caso contrário vai concorrer pelos mesmos clientes que já consomem de outras empresas com espaço garantido”.

Silvia Biasoli, 63 anos, seguiu o caminho contrário. Antes de abrir sua empresa de produção de massa caseira como MEI, fez cursos culinários e de gestão por um ano. Formada em administração, Silvia conta que não queria atuar na área, mas queria ter um negócio que além de lucrativo estivesse dentro de suas aptidões e vontades.

Reprodução

Silvia Biasoli

Silvia Biasoli, da La Matriciana, revela a "receita do sucesso"

Em 2016 ela deu início a La Matriciana e, em menos de um ano de empresa aberta, deixou de ser MEI e passou a ser microempresária.

A necessidade de deixar a modalidade de MEI se deu porque precisou ampliar o número de funcionários. Hoje são 4 colaboradores e o negócio está em expansão. “Abri o MEI sem saber se iria virar e se iria dar certo. Não conheço ninguém aqui, pois vim de São Paulo (SP). Tenho uma sobrinha que é de marketing e começou a cuidar das redes sociais, pessoas do trabalho do marido e filho começaram a pedir para experimentar. Comecei com um freezer pequeno e uma geladeira e uma funcionária. Agora já estou ampliando a fábrica, e pretendo fazer investimentos como placas de energia solar”, relata.

Para Liliane, o que Silvia fez é exemplo e o ideal proposto pelo MEI, que deve ser entendido como o primeiro passo para quem quer empreender e que não haja receio de crescer. “O MEI cumpre seu objetivo como ponta pé inicial, o facilitador, o fôlego que o empresário precisa. Porque na informalidade não consegue competir com outras empresas, porque não tem conta em banco, não tem cartão de crédito, não tem alvará, não tem certidão. Até para ser visto pelo mercado tem um respaldo maior quando se tem competitividade. O problema é o comodismo e a falsa sensação de ser uma opção mais vantajosa continuar no MEI por causa dos impostos”.





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