Devastação
Número de queimadas no Pantanal é o maior em mais de 20 anos Ainda não se sabe a origem do fogo, mas acredita-se que tenha sido causado pela ação humana
Ao menos 100 mil hectares já foram destruídos no Pantanal de Mato Grosso pelas queimadas que, há quase 20 dias, atingem a região no município de Poconé (100 km ao Sul de Cuiabá).
Do total de queimados, aproximadamente 35 mil são na área da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), a maior do país, com 108 mil hectares.
Até terça-feira (11) pela manhã, o bioma, que também abrange parte do vizinho Mato Grosso do Sul, registrava 6.388 focos de calor, um aumento de 259% se comparado ao ano passado (1.778), conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Esta é a maior quantidade já registrada pelo órgão desde 1998, quando o monitoramento começou a ser realizado.
O número também supera, por exemplo, a quantidade registrada em 2018, com 358 focos de incêndio.
Ao todo, o Estado contabiliza 11.770 pontos de queimadas, o que representa um crescimento de 9% em relação a 2019, com 10.768 ocorrências.
Ainda não se sabe a origem do fogo no Pantanal mato-grossense, mas acredita-se que tenha sido causado pela ação humana.
"Neste ano, a seca está sendo bem mais severa", afirmou a gerente de pesquisa e meio ambiente do Sesc Pantanal, a bióloga Cristina Cuiabália à agência FolhaPress.
"Existe uma perda em massa de grupos que não têm chance de fuga, como insetos, animais vertebrados lentos, como o tamanduá-bandeira e répteis". A bióloga diz que o incêndio também destrói ninhadas de diversas aves que se reproduzem nesta época do ano, como as araras. "Para avifauna, é uma grande perda, uma geração a menos no ciclo dos grupos", citou.
O combate às chamas é feito por uma força-tarefa formada pelo Corpo de Bombeiros, brigadistas do Ibama, Sesc Pantanal e as Forças Armadas, que atuam dentro da operação “Pantanal”.
Segundo informações do Ministério da Defesa, no Estado, estão sendo empregados o Super Cougar (UH-15) da Marinha, o Black Hawk (UH-60) e o Amazonas (C-105) da Aeronáutica para voos de reconhecimento, lançamento de água e transporte de brigadistas, fuzileiros navais e bombeiros militares.
“Dois aviões Air Tractor do Corpo de Bombeiros auxiliam com o lançamento de água. As ações contam, ainda, com o apoio de maquinário, caminhões pipa, entre outros meios terrestres”, informou.
REEDUCANDOS – O Poder Judiciário autorizou que dez presos do complexo penitenciário de Várzea Grande reforcem a operação de combate aos incêndios no Pantanal por dez dias.
Eles serão monitorados com tornozeleiras e supervisionados por dois policiais penais.
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