Liga Árabe pede a ditador que acabe com violência na Síria
O chefe da Liga Árabe, Nabil El Arabi, viajará em caráter de emergência a Damasco com "uma iniciativa para resolver a crise" na Síria, segundo um comunicado publicado ontem (27) após uma reunião extraordinária dos ministros árabes de Relações Exteriores.
Os ministros "pediram ao secretário-geral da Liga Árabe que realize uma missão de emergência a Damasco e transmita a iniciativa árabe para resolver a crise" na Síria, segundo o comunicado.
O chefe da Liga Árabe, Nabi el Arabi, disse que "o recurso à força" para reprimir as revoltas no mundo árabe é "inútil", em alusão à situação na Síria.
O comunicado não dá detalhes sobre a iniciativa em questão. Os ministros pedem no texto para "acabar com o derramamento de sangue e continuar o caminho da razão antes de que seja tarde demais".
Expressam também sua "preocupação diante dos graves acontecimentos do cenário sírio, que deixaram milhares de vítimas e feridos".
Os diplomatas árabes também pedem para "respeitar o direito do povo sírio e viver em segurança e respeitar suas aspirações legítimas por reformas políticas e sociais".
A repressão na Síria deixou mais de 2.200 mortos desde março, segundo a ONU.
MORTES NA SÍRIA
Ao menos dois manifestantes morreram neste sábado em Damasco e em Kafar Nabel, noroeste da Síria, nos protestos que se iniciaram ainda ontem (26), após as tradicionais orações de sexta-feira e no último dia do Ramadã, o mês sagrado islâmico, informaram ativistas de direitos humanos.
Em Kafar Suseh, bairro da zona oeste da capital síria, um manifestante morreu e dez ficaram feridos quando as forças de segurança dispersaram com violência uma manifestação na saída da mesquita de Al Rifai, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Entre os feridos estão o imã da mesquita, Osama al Rifai.
A coordenação dos comitês locais de direitos humanos (LCC, na sigla em inglês) confirmou a morte de um manifestante em Kafar Suseh e informou que outros 12 ficaram feridos.
O OSDH informou ainda a morte de outro manifestante em Kafar Nabel, na província de Idleb, noroeste do país. Cinco pessoas ficaram feridas.
Também foram registradas manifestações em Rukn Edin, bairro do norte de Damasco, e em Zabadani (45 km ao noroeste de Damasco).
PROTESTOS
Forças leais ao ditador sírio, Bashar Assad, atiraram contra manifestantes depois das orações desta sexta-feira no subúrbio de Douma, em Damasco, disseram ativistas, enquanto manifestações irrompiam novamente em toda a Síria contra o regime. A insurgência contra o governo já dura seis meses.
"Manifestantes ligaram para dizer que duas pessoas foram mortas, mas essa é a informação inicial que ainda deve ser confirmada", disse um ativista em Damasco.
Outros ativistas e moradores afirmaram que houve protestos em diversas cidades, muitas das quais foram invadidas por tanques, nas província de Deir al-Zor (leste), Deraa (no sul) e Idlib (noroeste).
Segundo as fontes, manifestações também ocorreram em grandes cidades como Hama e Homs, localizadas na principal rodovia que vai à Turquia, e em distritos na capital Damasco.
"[Muammar] Gaddafi se foi, é sua vez, Bashar", gritavam manifestantes na cidade de Hirak, a nordeste de Deraa, inspirados pela aparente derrubada do líder líbio por rebeldes nesta semana.
"As forças de segurança atiraram para o alto para dispersar o protesto de 2.000 pessoas. Não houve feridos", afirmou um ativista.
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